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Tag: medo

It Follows (2014)

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O hype é a unidade que os cinéfilos usam para quantificar a expectativa que antecede um filme. Bem, na realidade hype pode ser traduzido directamente por expectativa, mas por vezes precisamos de reservar uma conjunto de buzzwords para dar um extra-flair aos textos. Que em parolês significa “embelezar”. O hype também não é claramente quantificável, uma vez que vem em apenas três versões: muito, pouco ou nenhum. Ao hype damos frequentemente carga negativa porque nos estraga sempre a experiência. “Porque diziam que era bom e afinal fica a ligeiros milímetros de ser uma bela merda“. Porque se não for excelente é mau em sob condições de forte hype. Há o hype criado apenas pelo marketing eficaz da máquina publicitária do próprio filme e do seu exército de lacaios disfarçados de especialistas de imprensa e powerusers das redes sociais e há o hype das críticas hiperbolarizadas daqueles que viram o filme antes de nós e precisam de se vangloriar. O hype é como o colesterol. Há hype bom e hype mau. Há que saber distinguir para conseguir prever com alguma exactidão o outcome (buzzword para dar flair) da experiência cinematográfica. O mood que irá definir o mindset aquando do screening. Um amigo com quem temos afinidade cinéfila e no qual confiamos nas críticas e que gostou do filme pode ser interpretado como hype bom. Um parágrafo patrocinado pelas pensos higiénicos Bedhum na revista “Ana mais Atrevida” é hype mau. Uma publicação online ou um blogger independente pode ser hype bom. A esposa do homem do talho que foi esteve a passar a ferro e ouviu dizer o Goucha que um filme seria bom, é hype mau. E assim sucessivamente. Vem esta pequena introdução justificar o facto deste filme ter chegado atrasado ao meu ecrã e se fez copiosamente anteceder por um fluxo de hype capaz de evocar as mais poderosas metáforas menstruais .

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Mama (2013)

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Para os aficionados de longa data do cinema de terror é mais que óbvio que o género está morto. Não no sentido de morto, enterrado e esquecido. Diria que está em coma induzido e mantido no limbo da ausência de criatividade, a canibalizar-se, sofre de doenças de consanguinidade. Arriscar sai caro e usar as mesmas técnicas para assustar teenagers de 14 anos funciona sempre, porque todos os anos há um lote novo de teenagers que nunca foi impressionado antes. Para nós, os que seguem o género desde o início dos tempos (videoclubes, vá!), pouco material novo existe. É mais rentável para mim apostar em clássicos que escaparam do que investir o meu precioso tempo a ver templates açaimados e letárgicos. A culpa, na minha humilde opinião, é do Saw,  do gore CGI e da banalização do jump scare.

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Pet Sematary (1989)

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A qualidade de um filme de terror não se mede pelos sustos rápidos de fantasmas a aparecer no espelho do WC acompanhados por estridentes cordas de violino a serem fustigadas em tons agudos de rachar vidro. Isso vem e vai e voltamos ao estado inicial. Também não é pelo gore ou pela ultra-violência a que estamos já todos habituados, até porque passa pior no telejornal. O impacto de um bom filme de terror mede-se pelo medo que nos passa, pelo pânico a nível visceral que transmite, por conceitos e imagens que nos fazem ponderam a nossa própria reacção na pele daquela gente em apuros que grita no grande ecrã. E destes filme há poucos, pelo menos ultimamente. Tem sido só maquilhagem zombie, sangue digital e CGI para as mutilações. São filmes como Exorcist, Shinning ou Pet Sematary que nos fazem acordar a meio da noite encharcados em suor e verificar se os nossos entes queridos ainda lá estão bem de saúde. O medo, meus amigos, não se resume a uma luta pela sobrevivência. O verdadeiro medo que habita nos mais negros pesadelos é estar a perder quem mais se ama e nada se poder fazer para o evitar.

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El orfanato (2007)

Desde o dia em que vi pela primeira vez um daqueles macacos que dizia “Habla comigo, quiero ser como tu!” que me apercebi que os espanhóis são muito diferentes de nós. Enquanto que nuestros hermanos não desperdiçam ideias, aqui em Portugal as ideias não saem da mesa da esplanada, onde são inteligentemente apresentadas entre tremoços e minis, mas depois morrem. O cinema de terror deles está também entre o melhor do mundo e atrevo-me mesmo a dizer que este El Orfanato é o melhor desta década passada.

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Top 9 de Evil Clowns

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O Evil Clown é uma instituição na indústria do entretenimento multimédia. Cinema, televisão e videojogos usam o Evil Clown em momentos chave, como uma metáfora de que toda a esperança está perdida. Quando o símbolo máximo da felicidade infantil falha, o que existe mais? A mais funesta escuridão e o horror das trevas. Pelo menos foi isto que aprendi na escola primária, quando os conteúdos eram muito mais completos. Evil Clown não tem tradução feliz para português. Nada que faça juz à sua maldade. Palhaço mau? Maléfico? Maligno? Seja qual for a expressão em português, soa sempre larilas. Comecemos, como manda o protocolo, pelo fim…

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