Há escassos dias iniciei-me no universo de Harmony Korine com Gummo. Desde sempre que estou familiarizado com uma icónica imagem do filme, em que uma criança de aspecto socialmente descuidado come um prato de esparguete sentada na banheira. A água cinzenta escura, um tabuleiro apodrecido, os azulejas cheios de bolor e um pedaço de bacon colado com fita cola à parede. Atenção que eu acabei de escrever “um pedaço de bacon colado com fita cola à parede”… Além de ser um dos frames mais icónicos dos foruns e imageboards de cinema por essa Internet fora é também Gummo in a nutshell. Mais ainda, é um concentrado de essência do pouco que vi de Korine.
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Há dois conceitos que me causam algum desconforto. O primeiro é “A sandes de leitão”. É a maneira mais idiota que existe de tratar uma iguaria gastronómica. É como fazer umas pizzas de chanfana ou um Burrito de Caviar. Pedir uma sandes de lagosta pode parecer um insulto de um barrasco que acabou de ganhar o euromilhões, mas o leitão é constantemente insultado com a sandocha, a feijoada e agora também rissóis. Haja respeito pela tradição da Bairrada. O outro conceito que me causa algum desalento são os filmes de adolescente em que um personagem é magicamente transportado para outra idade.
Felizmente o fenómeno das cheerleaders ainda não está, para já, enraizado em Portugal. Não acho que demore muito a avançar, tal como o Halloween ou o dia dos namorados. Há até uma equipa de basebal federada na Associação Académica de Coimbra, por isso as cheerleaders devem ser o próximo passo lógico, em paralelo com os dedos de esponja gigantes e os cachorros quentes sem pão. Pessoalmente detesto cheerleaders. Dá ideia de que se nos distraímos nos arrancam os tomates à dentada. Não por serem violentas, mas porque são gajas que precisam de orientação constante para desempenhar as suas tarefas em segurança.
O meu cérebro tem recebido avultadas agressões cinematográficas nos últimos 10/15 anos, mas ainda assim guarda belas memórias dos anos 80 e dos seus silly movies que eram acompanhados por uma magia há muito desaparecida com a banalização do cinema. Se hoje em dia temos acesso a qualquer altura a qualquer filme (mesmo os que ainda não estrearam), tempos houve em que passávamos meses a olhar para cartazes a salivar de antecipação. A única fonte de informação que havia era o cartaz propriamente dito. Isso e a colecção de calendários.
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