Um multi-bilionário americano viaja em negócios com a esposa até à Bulgária. Um cientista da ex-URSS desenvolve uma técnica que permite recuperar o cérebro com pedaços de outro cérebro. Um taxista ex-KGB e uma psicótica cigana com ares de puta vingativa. Um robot vestido de operário da Quimigal que dança hip-hop. Uma sucessão de acidentes… et voilá! Let the cheesy fest begin!
Bruce Campbell é o maior. Todos sabemos isso e todos adoramos Ash, o rei mais cool dos mata-zombies cinematográficos. No entanto, Bruce é um mix bizarro de has-been com wannabe. Apesar de ser o rei do cinema underground de culto, Bruce só teve um hit na sua vida, que foi a triologia “Evil Dead” com destaque para o último capítulo “Army of Darkness”. Depois disso tem aparecido muito em série B, fez um ou outro “Coen Brothers” e tem escrito livros com algum sucesso. Moderado sucesso…
Mas o sonho de Bruce era escrever e realizar um filme. Então, pegou no seu PowerMac e começou a escrever um guião. Acabou-o. Chamava-se “The Man With The Screaming Brain”. Como filmar nos EUA é caro, pegou em meia dúzia de empreiteiros de celulóide, e foi para a terra onde o vodka flui dos fontanários municipais. Arranjou algum “local people” para papeis e cargos menores e toca a filmar que se faz tarde. Resta dizer que existe também uma BD em 4 volumes deste guião de Campbell e que orgulhosamente possuo.
Bem, e o filme?! Não há muito a dizer sobre o filme, uma vez que é desesperantemente mau. Não me interpretem mal, que eu é que não sei apreciar série B e assim, mas aquilo que poderia ser um projecto sem falhas acabou por parir um rato. O elenco mal escolhido, Bruce Campbell em piloto automático, basicamente a ser Ash aos 50 anos. Além disso foi feita uma tentativa de criar um ambiente demasiado série B, mas de tal maneira meticuloso que passou para um série C, que é mesmo mau.
Campbell pega naquela situação de Evil Dead, em que Ash luta com o seu próprio braço, e faz disso um filme. Só que desta vez temos duas personalidades dentro de um cérebro, cada um a controlar a sua parte do corpo. Teria dado concerteza um bom episódio de Mr. Bean ou uma interpretação tresloucada para Jim Carrey, mas aqui não funciona. O elemento “low budget” é talvez low de mais. E depois há a inclusão de um actor irritante chamado Ted Raimi, que é certamente a criatura mais irritante do universo. O seu papel de sidekick cai no idiotismo mais ignóbil e pueril de que há memória. Digamos que não lhe soube apanhar o estilo.
Pontos Altos: Bruce Campbell tem os seus momentos.
Pontos Baixos: O exagero de low tech (low tudo) descamba numa idiotice.
Veredicto: Se querem ver Campbell em grande, revejam o “Army of Darkness” ou o Bubba Ho-Tep. Eu gosto de xunga do bom, mas este não é definitivamente o caso.
Nota: Publicado pela primeira vez em 23 de Fevereiro de 2006 no CinemaXunga antigo. Original aqui.
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