mum_and_dad

Num país tão rico em charcutaria e em que a gastronomia atingiu picos da genialidade sem precedentes com as papas de sarrabulho ou as tripas à moda do Porto,  muito me admiro de não haver ainda um torture porn tuga. E com o incentivo que traria à industria da transformação de carnes estou até a cheirar um gordo incentivo ICAM para este projecto.

O parágrafo anterior não é totalmente gratuito. Todo o cinéfilo que já teve alguma vez na sua vida de lidar com o sub-género do terror “torture porn” percebe a grande quantidade de orgãos de porco e xarope de milho com corante são usados na feitura do filme. Basta amarrar umas jeitosas em tronco nu a uma cadeira, pegar num maçarico e num alicate de pressão e começar a debulhar.

“Queria fazer um filme sobre uma família disfuncional” diz Steven Sheil, jovem rapaz que acumula neste filme os cargos de argumentista, editor, produtor, técnico de som, motorista, padeiro e carpinteiro de cofragem além de ser, claro, o realizador. E quando eu pensava que a minha família era disfuncional, eis que me aparece um casal que rapta raparigas para as transformar em filhas, cuja TV da cozinha está sempre a passar pornografia, a mamã gosta de esfaquear, o papá masturba-se com orgãos humanos e os enteados são angariadores de gaijedo para o esfaquianço. Tirando a parte da masturbação com um fofo rim de ucraniano é uma família igual a quase todas as outras.

No início era giro e inovador, mas eis que começam a chover do Reino Unido filmes de torture porn que começam a banalizar o género. Quase com uma indústria porno ou os filmes de ninjas dos anos 80. Consiste em levar uma gaja para uma casa e toca a passar 90 minutos a esfaquear, cortar, mutilar e violar por meios menos convencionais.

Não digo que Mum and Dad seja um mau filme. Obviamente não é nenhuma obra prima. Tem algum humor negro mas o excesso de tempo passado em cada cena torna-o demasiado enfadonho para que possa recomendar a quem quer que seja.

By the way, esta modernice do termo Torture Porn ainda me confunde um bocado, porque para mim um torture porn sempre foi um filme em que uma gaja grama com um energético jovem ao mesmo tempo que está amarrada a um poste e a levar chibatadas no lombo. E tudo isto com um dildo African King enfiado nas nalgas.