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Tag: francês

Holy Motors (2012)

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Uma das melhores sensações que um cinéfilo pode ter é ver um filme que desconhece por completo e ser surpreendido com uma das mais belas obras alguma vez projectadas num grande ecrã. Aconteceu-me isto com Holy Motors, sugerido por um internet friend aparentemente francês (mas que pode muito bem ser iemenita ou senegalês). Inicialmente não sabia sequer  tratar-se de um filme falado em francês, no entanto o assombro foi tal que me vi estupefacto durante duas horas, incapaz do mais ínfimo movimento, no delicado limbo entre o desconforto e o deslumbramento, numa obra que faz fervilhar um caldeirão emocional. Enquanto o cérebro extrapola cenários magníficos como explicação e ramifica a imaginação para terrenos coloridamente psicotrópicos, o cerebelo defende-se do perigo eminente da falta de chão lógico para caminhar. Falamos, portanto, de um filme que nos retira da chamada “zona de conforto” e que nos deixa entregue aos coiotes durante duas horas, nus e frágeis às mãos do hábil manipulador Leos Carax.

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Rubber (2010)

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Há coisas que não fazem sentido. Usar a expressão “email de casa” para definir uma conta de correio electrónico que pode ser acedida em qualquer parte do mundo é uma dessas coisas. Roupa para cão, gravatas, distribuidores automáticos de tostas mistas, strapons, double dongs e religião. E podia continuar o resto do dia. No entanto aprendemos a conviver com elas e se para nós já é normal ver um filme como Pretty Woman em que uma puta de rua, cheia de Sida, se transforma numa princesa ao encontrar o amor sob a forma de um abastado cavalheiro que não interessa pelo seu passado, porque não acreditar que um pneu pode ganhar vida com poderes telepáticos com o intuito de ser um serial killer?

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Babylon A.D. (2008)

Franceses, não se pode viver com eles, não se pode viver sem eles, não se pode amarra-los a uma pedra e manda-los para o fundo do mar mediterrânico. Apesar de pretensiosos e pouco afáveis, são exímios em queimar carros, comercializar improváveis queijos e fazer filmes com alguma substância. O que não é o caso deste filme que vos trago hoje, que apesar de vir de um talentoso Mathieu Kassovitz e financiado pelo poderio  Hollywoodiano, acabou por morrer na praia. Sem honra nem glória. Como um malabarista de motosserras atacado por Alzheimer fulminante.

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Caché (2005)

Ora aqui está um filme bem distorcido, destilado pela visão peculiar de Michael Haneke, com todos as características perturbadoras que nos tem habituado. Caché começa por se apresentar como um filme acerca de um mistério que poderá envolver drama, vertente policial e o eventual twist da praxe para acabar. No entanto Haneke sabe usar as ideias pré-concebidas e boçais do cinema actual para nos levar, quais crianças atrás do pai natal, até à terrivel verdade, escondida e silenciada para bem do conforto da sociedade ocidental civilizada de corpo dormente e cabeça escondida na areia.

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La Horde (2009)

A honestidade é algo de se louvar nos dias que correm. E neste filme devemos honrar essa mesma qualidade, quando aos 7 minutos um dos protagonistas diz “Estamos aqui hoje para um banho de sangue!” seguido de uns créditos iniciais minimalistas ao estilo grindhouse. E é isso mesmo que temos, um banho de sangue à francesa. E quem tem seguido o cinema de terror francês nos últimos 5 anos sabe perfeitamente que não é nenhuma pêra doce, porque no que diz respeito a carnificina estes gauleses são loucos.

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Le code a changé (2009)

Hoje falamos de cinema francês. Não daqueles antigos filmes francófonos, das gajas de mamas pequenas em tronco nu, no Louvre de cigarro na mão, a recitar Baudelaire e a fazer mamadas. Hoje falamos num daqueles filmes franceses que são um misto de comédia de situação com drama existencial, que vive de uma aparente promiscuidade e no final parece acabar em lição de moral, mas uma cena extra transforma a mensagem na mais aterradora badalhoquice. Estão a perceber? Claro que não. Afinal quem é que lê críticas de filmes franceses?

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Mutants (2009)

Os franceses iniciaram há uns anos uma nova vertente do cinema de terror hiper-realista de violência extrema, em que se colocam situações de fácil identificação para quem os vê. O último de que aqui falei foi Martyrs (2008). São filmes que fogem aos clichés do típico slasher, zombie, casa assombrada, gore e quando damos por ela já não há espacinho nem para colocar um quadro com tanto sangue. Mas numa linha de contínuo sucesso há-de chegar o dia em que se meta um pé na merda e se crie um produto profundamente desinteressante, com a utilidade de um acordeonista em chamas.

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Micmacs à tire-larigot (2009)

Se eu vos disser que vou falar novamente de um filme francês que gostei, o mais certo é que só veja a vossa forma em fumo no espaço antes ocupado pelo vosso corpo e um intenso cheiro a borracha queimada provocado por um arranque rápido em direcção a um destino menos enfadonho. Mas se vos disser que este é o novo filme de Jean-Pierre Jeunet? O mestre por detrás de Delicatessen e La cité des enfants perdus que conheceu a fama e glória com Le fabuleux destin d’Amélie Poulain e o famigerado Alien: Resurrection?

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Ne le dis à personne (2006)

O thriller, enquanto policial obscuro quase a roçar a ténue fronteira com o filme de terror ou paranormal, está a definhar. Uma tendência popularizada por Hitchcock e eleita ocasionalmente por realizadores competentes para exercícios de estilo, saudosismos ou para contar uma história com mais densidade do que é previsível num filme mainstream. E se é certo que na maior parte das vezes o resultado acaba por se vaporizar para o eterno vazio da memória cinematográfica mundial, também é certo que por vezes aparecem obras excepcionais, histórias que nos amarram como octopodes viscosos e só largam depois do climax narrativo.

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Narco (2004)

Gus é um rapaz que nasceu com um “defeito de fabrico”, é narcoléptico. Adormece ocasionalmente sem ter controlo sobre isso. Não arranja empregos duradouros, tem uma vida pessoal complicada. A sua esposa, paixão de infância, é a galdéria da aldeia. O seu melhor amigo aspira ser o melhor karateca do mundo. Também aspira bastante cocaína e cerveja é ao garrafão. Gus sonha grandes aventuras cinematográficas e depois expressa-se por banda desenhada. Van Damme aparece, qual aparição celestial, como guru espiritual. Os vilões são um casal de gémeos ex-campeão de patinagem artística que agora seguem uma rentável carreira de assassinos contratados, sem no entanto terem mudado a indumentária.

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Martyrs (2008)

O cinema francês não é apenas um conjunto de filmes existencialistas realizados por nomes acabados em “aut”, com gajas de mamas pequenas em tronco nu que acabam invariavelmente por levar com ele, sendo “ele” um latejante falo erecto e não um conceito abstracto. O cinema de terror francês atravessa uma época de especial vitalidade, afastado dos canones do “horror movie” americano, mais próximo do conceito de pesadelo colectivo, com narrativas e grafismo capaz de nos eriçar os pelos das costas…

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Bienvenue chez les Ch’tis (2008)

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É certo que os franceses têm uma boa cinematografia, capaz de rivalizar em termos de bilheteira com a anglo-saxónica caso lhe fosse dado o mesmo protagonismo mediático. Mas é também certo que por vezes as suas comédias falham miseravelmente. Não no sentido de falhar na bilheteira, mas no sentido de serem tão engraçadas como lavar uma hemorróida ensanguentada com meio litro de álcool etílico.

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Sunshine Cleaning (2008)

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Apesar do cinema independente americano ser uma fonte de agradáveis surpresas, também é certo que por vezes há filmes que nos fazem lembrar um cão a perseguir a sua própria cauda. Sunshine Cleaning é uma soma de bons ingredientes de um filme decente, mas que as deficiências narrativas e o excesso de depressão nos forçam atirá-lo para os pântados do eterno esquecimento cinematográfico.

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Astérix aux jeux olympiques (2008)

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Como tão bem sabemos, passar um banda desenhada para o grande ecran não é uma tarefa linear nem simples. Que o digam adaptações como Catwoman, Elektra, Daredevil, Punisher, Blade, Spawn, Spiderman, o novo Superman, isto só para citar alguns exemplos de lustrosa falta de qualidade e, porque não dizê-lo, horrenda mediocridade! Asterix, infelizmente, não é uma excepção à regra e neste terceiro capítulo parece ainda enterrar fundo numa fossa céptica o conceito da adaptação ao cinema de um comic.

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Um Filme Falado (2003)

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Zombies, sangue, tripas, zoofilia e sexo em grupo, fotografia magnífica e banda sonora avassaladora são coisas que este filme não tem. No entanto o uso da palavra “zoofilia” e “sexo em grupo” serve para trazer aqui ao site uns bons 30 ou 40 visitantes, isso vos garanto. Assim como outras que vou colocando tempos a tempos para atrair populaça a este banho de cultura. [Marisa Cruz Nua] Existe em Portugal uma percentagem de população que ronda os 99.999% que encara a tarefa de olhar para um espelho a ver as unhas e o cabelo a crescer com mais entusiasmo do que ver um filme de Manoel de Oliveira. A maior para dessas pessoas nunca viu nenhum, uma prova de que o instinto e 6º sentido existem e funcionam. [Carla Matadinho faz a equipa de futebol salão do Miramar Juniores]

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Mutants – Trailer

In a world devastated by a pandemic virus that turns human beings into primitive and bloodthirsty creatures, Marco and Sonia set off to find a secret base to escape from the “mutants”. When the latter attack them, Marco is contaminated too. Little by little, he undergoes the same changes. Sonia, who is expecting a baby, is then forced to fight her worst enemy, the man she loves.

JCVD (2008)

jcvd

Porrada!… Esse submundo dos filmes xunga onde me recuso a aventurar. Uma zona obscura do cinema, onde o conceito narrativo implode e os momentos causados pelo vácuo de composição dramática são subtituídos por lutas de contornos irreais e patetice em geral. Há, aliás, rótulos de shampoo mais ricos em prosa do que alguns filmes do Steven Seagal. É desta lama primordial, composta por murros, pontapés, cabeças rachadas e heróis monocórdicos em estado avançado de mumificação que surge um campeão de karaté convertido em actor. O semi-deus da biqueirada.

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La Haine (1995)

Jusquici tout va bien

Jusqu'ici tout va bien

O cinema sub-urbano das culturas marginalizadas, dos queimadores de carros, tem o ponto alto em La Haine, verdadeiro Opus de Mathieu Kassovitz. Um murro no estômago para todos os que têm a imagem de França como o El Dorado dos ordenados, onde se encontram leitores de DVD no lixo e onde as cassetes dos artistas chegam um ano antes do que a Portugal.
Diga-se também, em abono da verdade, que a partir de então Mathieu Kassovitz nunca mais fez nada de jeito…

Sheitan (2006)

Sempre tentei ser eclético, não embarcando apenas na cinematografia hollywoodiana e odiando outras cinematografias com a mesma intensidade. Tenho uma relação de amor / ódio com a cinematografia francesa. Historicamente poderá ser considerada a mão de todas as cinematografias, em diferentes eras e contextos. Actualmente é muito boa na vertente drama e cinema urbano e terrivelmente pueril e infeliz no que diz respeito a comédias mainstream. Como em tudo há excepções mas vamos ignorá-las por razões meramente estatísticas.

Esta semana vi Sheitan, um misto de filme de terror com cinema rural francês, com elementos sub-urbanos bastante característicos do cinema alternativo francês (vide La Haine). É um projecto pessoal de Vincent Cassel, que se aventura nos reinos da comédia negra satânica.

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