É certo que os franceses têm uma boa cinematografia, capaz de rivalizar em termos de bilheteira com a anglo-saxónica caso lhe fosse dado o mesmo protagonismo mediático. Mas é também certo que por vezes as suas comédias falham miseravelmente. Não no sentido de falhar na bilheteira, mas no sentido de serem tão engraçadas como lavar uma hemorróida ensanguentada com meio litro de álcool etílico.
Bienvenue chez les Ch’tis é um destes exemplos de falta de humor carnudo, abusando dos clichés regionais de um país, gozando com um sotaque bizarro e vivendo apenas destas palermices. É o típico filme “peixe fora de água” em que o protagonista envolvido numa situação que lhe é adversa acaba por se habituar ou mesmo gostar da nova realidade, recusando regressar ao estado inicial quando esta situação lhe é proposta no final, habitualmente com música deprimente saca-lágrimas, como aquela que o Goucha passa quando está a apresentar os orfãos.
Nunca saindo de um registo infantil, com recurso abusivo ao cliché, faz-se valer de malabarismos narrativos gastos e obsoletos. Não chega a aterrar no completamente idiótico, mas não faz nada por nós e não podemos deixar de sentir aquele formigueiro cerebral irritante que é a sensação de perda de tempo. Sim, é leve e modesto, mas esta definição costuma ser sinónimo de “podes adormecer até 65% do tempo que percebes tudo na mesma“.
De notar que este foi um dos filmes que maior fulgor mediático provocou em França nos últimos tempos e foi apenas por isto que o vi, como bela prostituta consumista que sou.
verdade…
Pesada a crítica.. gostei muito do filme. Deu pra dar boas e longas risadas. Um filme extremamente agradável de se ver.
Amigo, isto é para quem percebe mesmo o francês. De fio a pavio, não chega entender as expressões de francês ou ver o filme com legendas. Tens que o ver na sua língua e dominar a mesma.