O comédia teenager de liceu já existia muito antes de American Pie. As “carcaças velhadas” da minha geração lembrarão concerteza a saga Porkies ou mesmo o injustamente esquecido Loose Screws. Apesar de serem exemplos de filmografia a martelo, são marcos de crescimento para quem viveu a adolescência ao seu ritmo. American Pie veio trazer para o mainstream a comédia sexual teenager, que começa frequentemente rebelde e acaba dentro dos limites do politicamente correcto, a roçar o puritanismo evangélico da sagrada preservação da virgindade. Mas até agora este tipo de filme sempre esteve contido dentro do brainless teen movie de elevada escatologia e comédia de “bater com a cabeça porta” ou o habitual peidinho despropositado. Até agora, disse eu.
Superbad consegue pegar num filme com todo o potencial para ser decadente e transformar esse mesmo filme num hino ao mau estar hormonal que é aquela parte final do liceu. O filme não é light, não se contém, mas não é estupidificante. Ao aliar a comédia pura e dura a uma elevada componente de análise psicológica de uma idade dificil, acabar por nos arrastar pela identificação. Ser humano é ser banal como todos os outros. Há que aceitar esse facto e avançar.
O casting foi perfeito, uma vez que nem todos são excepcionais modelos de revistas teen, todos têm defeitos como os putos que vemos diariamente na rua. O argumento é bem construído. Simples, mas extremamente eficaz. Seth Rogen e Evan Goldberg, argumentistas, dizem ter começado a escrever este guião com 13 anos, mas isso cheira-me a hype-generator, aquela fabricação tipicamente hollywoodiana que saca sempre uma salva de palmas na Oprah ou noutro sucedâneo qualquer.
Notas : McLuvin, interpretado por Christopher Mintz-Plasse é o maior. Tanto o actor como a personagem merecem já aqui uma vénia. Dá-me ideia que é a sua estreia em cinema. Continuo a achar mais de 2 horas para um filme com estas características é capaz de ser puxadote, mas eu vi a versão unrated, não sei a duração da versão que passou nos cinemas. Mesmo sendo um bom filme, não o considero um fonte de absoluta genialidade. Mas acaba por salvar a honra do convento da comédia sexual adolescente em idade pré-universitária.
“McLuvin, interpretado por Christopher Mintz-Plasse é o maior.”
Não podia estar mais de acordo. 🙂