Sleeper é uma genial incursão de Woody Allen na ficção científica. Passado no ano 2173 recebeu o ignóbil título português de “O herói do ano 2000”, uma falha de aproximadamente 173 anos que se deve ao facto de nenhuma das pessoas envolvida na tradução do título ter visto o filme. É o filme que Woody Allen fez no ano em que eu nasci e tem as lendárias cenas do Orgasmatron, as Orbs (droga do futuro) e uma luta épica com uma banana e um espargo gigante, isto enquanto o mundo é governado por um nariz…
Eu sou fan absoluto de toda a fase inicial de Woody Allen. Gosto de toda a sua obra, mas ali até meados dos anos 8o é a minha fase preferida, numa sequência de obras primas que começa em Take The Money and Run e acaba no enigmático, ácido e perfeito Purple Rose of The Cairo.
Sleeper é uma homenagem ao cinema mudo cómico, bastante slapstick, que inclui desde tartes na cara até escorregadelas em cascas de banana. Mordaz como sempre, Woody simboliza o típico humano egoísta que mesmo perante a mais heróica das epopeis apenas se preocupa consigo mesmo e com as mais básicas necessidades humanas: comida, sexo e psicanálise.
Woody encarna na perfeição o conceito de palhaço pós-moderno, o bobo do século XX, aquele que atrás da sua máscara e por intermédio de uma teia de humor aparentemente disparatada faz um retrato da sociedade dos anos 70, longe das boémias espalhafatosas do sexo em grupo e o funky brochiano, mas que concentra esses conceitos em omnipresentes alegorias.
É O MAIOR!…
Trailer (ou o equivalente para a época):
Penso que vi há muitos anos atrás. Não tenho a certeza… Obrigado pela lembrança, tenho de revê-lo, sem dúvida 🙂
Este é sem dúvida um dos meus filmes preferidos de Woody Allen. Concordo em pleno com a tua análise. A vénia que Woody faz ao slapstick prova a sua veneração pelo Groucho Marx (como ele próprio diz no “Manhattan” é uma das coisas pelas quais vale a pena esta vivo). Também prefiro de longe o período inicial de Allen.
Abraço