Antes de começar a ver este filme, algumas vozes disseram-me “Queima o DVD, queima o DVD“, e eu que normalmente não ligo à vozes que me falam de dentro da cabeça, meti o DVD. Gostei do original, mas isso eram outros tempos, os tempos do delicioso gore despropositado, os tempos em que ninguém se ia preocupar se os teenagers iriam passar uma vida no psicólogo ou se iriam despachar a tiro 17 colegas lá na cantina do liceu.
Posto isto, carreguei no play. Em termos de argumento, falamos aqui de um remake (daqueles da moda) o que se torna algo castrativo em termos narrativos. Há que tirar o pó ao velho material e dar-lhe um pouco de Je ne sais quois para chamar os putos ao cinema. Bem, como tenho enfatizado ultimamente, o cinema de terror tem levado voltas do caralho ultimamente. Antigamente destinava-se a um público fiel e sedento de horror, hoje em dia é polido para agradar a toda a gente que entre numa sala. E que implicações tem isto em termos de qualidade? Não sei, mas gostava mais dos antigos.
À semelhança do típico mainstream horror que tende a nos martirizar quase semanalmente, este Amityville é um filme que caga literalmente no argumento e parte logo para o fogo de artifício. Montagens rápidas como nos telediscos de Korn e Coal Chamber, sustos acompanhados de uma estridente cacofonia sinfónia e umas nesgas de rabo e mamas, como que a tentar enganar a censura americana.
Entrados uns 30 minutos no filme, começamos a perceber que não vale a pena ligar nada ao guião e que podemos tirar a ideia de que algum real terror possa aparecer. É apenas uma reciclagem dos clássicos de terror japoneses e dos seus clones americanos: a menina com a cara meio roxa e marcas de quem apanhou recentemente um balázio na testa, os fantasminhas que passam nas sombras e o clássico “Estou morta e quero ser vossa amiga, no entanto se insistirem em achar que sou demoníaca isto é capaz de acabar mal“.
A questão sexual é aqui abordada para o menino e para a menina. A luxuriante Melissa George mostra aquele corpinho ardente de peidinha arrebitada e o seu marido passa o tempo a dizer que está frio, mas sempre em tronco nu. Provavelmente a fazer-se a um pullover para o Natal.
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