Às vezes tentamos arduamente ver um filme bom e a desilusão apodera-se de nós levando-nos a gritar para os céus em desespero com os braços levantados. “Nããããõoooo! Porque é que todos os filmes que vejo são merdosos?“. Mas estas coisas do cinema são como o amor ou o fluxo mestrual: quando menos se espera lá está ele. E feliz foi o tropeção que dei neste filme, que apesar de não ser obra prima é uma maneira agradável de passar 90 minutos.
Nick and Norah’s Infinite Playlist é um bom exemplo do teen movie independente pós moderno, com uma dose de humor bem equilibrada e nunca abandonando o conceito de realidade. É light e despretensioso. Faz-nos acompanhar um casal de teenagers numa noite conturbada, onde a busca por um simbólico santo graal se mistura com a resolução dos seus próprios problemas emocionais. Resolvidas estas questões temos, portanto, o amor.
Mas não é a busca pelo amor que me levou a gostar deste filme. Isso seria o cliché de todos os clichés. O que me encantou neste filme foi a leveza da maneira como assuntos mais pesados foram expostos, a maneira como a Nova Iorque nocturna é personagem secundária e um permanente acompanhamento de música que define claramente o tema do filme. Aliás, basta olhar para o título para perceber isso.
Mas não é um filme perfeito. Apesar de ser bastante suave na evolução, sofre ocasionalmente de safanões provocados por artifícios narrativos destinados a provocar alterações de rumo ou acontecimentos chave. Michael Cera termina aqui uma trilogia de teen movies de qualidade mas que lhe colocam um grande selo de typecast na testa. Depois de Superbad, Juno e deste Nick and Norah, será para sempre associado ao teenager calmo, complexo, profundo, inteligente, inseguro, solitário e o eterno substituto para gajas fartas dos capitões da equipa de futebol americano ou baseball. Enfim, americanices!
A dada altura torna-se cansativo, mas não deixa de ser um filme agradável.