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The Last House on the Left (2009)

lasthouseontheleft

O “Rape & Revenge movie” é um género que já foi grande, mas estando dentro âmbito do exploitation movie não é politicamente correcto nestes tempos de fachada polida e lavadinha em que vivemos. O esquema é sempre o mesmo: alguém com quem criamos empatia é barbaramente espancado e a sua regueifa é profanada por um mal intencionado falo. Quem diz um diz dois ou quinze. Às vezes em simultâneo. Essa pessoa fica à beira da morte e passados uns tempos regressa para reclamar o seu quinhão de sofrimento alheio, sempre lento e doloroso. É obrigatória a existência de ironias do destino.

Last House On The Left é um remake de um filme com o mesmo nome escrito e realizado por Wes Craven em 1972. Não vi esse original, mas as críticas dizem que o seu hiper-realismo fez furor na altura, fazendo pessoas sair das salas nauseadas, muitas vezes antes do fim. E a malta desse tempo não era de choque fácil como hoje em dia. Era uma sociedade muito mais aberta, que oleava o mastro com mais frequência.

Eu vi a versão unrated, mais dura no que toca à violação (salvo seja). Não me nauseou, mas ainda assim não é tão intensa como a de Irreversible. É deliberadamente demorada e dolorosa, para criar ambiente para o que vem a seguir. A cena da violação marca o meio do filme, o ponto em que os caçadores se transformam em presas.

Apesar de tudo não é tão bom como parece. Para criar algum ambiente o realizador optou por lhe dar um ritmo à japonesa. Passo a passo para que de repente sejamos chocados com algo que o andamento não fazia prever. Nos japoneses até tem piada mas aqui dá seca.

É um subproduto desta industria de remakes, reboots, spinoffs e sequelas que vivemos hoje, actualizando os códigos cinematográficos para os standards actuais, que é como quem diz “estupificar e aligeirar” para abranger mais faixas etárias e com isso fazer mais dinheiro. Mesmo que as pessoas não gostem, não interessa. Quem é que vê um filme duas vezes nos tempos que correm?

Não é genial e não é horrível. É um produto descartável cuja memória o nosso cérebro sacrifica quando os primeiros neurónios começam a morrer. É como quando os aviões vão em queda livre e tem que se atirar pela janela todas as coisas inúteis para tornar a aeronave mais leve. É lasagna de micro-ondas ou aquele lombo manhoso que havia nas cantinas da Universidade de Coimbra quando o prato do dia acabava. Ainda hoje não sei a origem misteriosa daquela carne cujo stock parecia ser interminável.

1 Comment

  1. Ruy

    Diz-se que no espaço daquelas cantinas, antigamente era uma morgue. Pode ser que andem por lá ainda uns nacos…

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