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Whatever Works (2009)

Anos depois Woody Allen volta à sua cidade, o personagem principal da sua filmografia. Larry David, esse monstro da comédia americana, é o alter ego da personagem que será sempre Woody Allen. Novaiorquino psicótico, neurótico, hipocondríaco, ansioso e com uma visão pessimista em relação à existência em geral. Amores trocados, crises de meia idade, tramas familiares e as confusões bastante teatrais da sua fase inicial, Woody tenta voltar ao velho estilo com este Whatever Works. Mas apesar de estar o cozinheiro e todos os ingredientes, este é um assado que saiu seco por excesso de forno.

Woody não podia repetir-se a si próprio. Como tal optou por uma aproximação hiperbólica para injectar exagero ao “típico Woody Allen”, e mais tarde colher os frutos da crítica por ter levado o seu estilo mais além ou por ter a capacidade de rir de si próprio. Mas não foi este o sabor que retirei deste filme. O sabor que me ficou no final foi de desilusão. Ali estava tudo preparado para ser perfeito. A fotografia perfeita de quem conhece a cidade, a galeria de notáveis actores, o jazz dixieland com direito a riscos no vinil não são suficientes para colocar este Whatever Works no top ten de Woody.

De notar a quase obsessão pelo esquema “Gajo velho miúda nova” que ultimamente tem brotado em quase todos os filmes, como pinceladas de auto biografia. Bem, da fama nunca mais se vai livrar. Mas quem o pode censurar? Se vocês fossem realizadores famosos, com status e dinheiro, descomprometidos e com toneladas de gajas a bater à porta, não era um fartote de orgias com teens? Ai não que não era…

Não é mau, nunca nenhum filme de Woody Allen poderá ser mau. Mas mais uma vez voltamos à questão do costume. Não se espere inovação depois de 40 anos de filmes, ao ritmo de um por ano. Apenas se deve esperar aquela hora e meia garantida de boa disposição. E é isso que este filme fornece.

1 Comment

  1. P.

    Concordo com a crítica. Mas confesso que me fartei de rir. A história não tem nada que se lhe diga (a coisa estrambólica habitual) mas há diálogos hilariantes. É como dizes, o Woody Allen já fez muito melhor, mas até acho positivo este regresso a NY.

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