Megan Fox é um totem pós-moderno do culto da “sexualidade que está para vir”, tipicamente idolatrada por teenagers virgens que aquecem o pescoço em sua honra. É verdade que é bonita e sensual, mas para aqueles lados são todas bonitas e sensuais. Só que esta é sonsa, má actriz. O chamado monólito unidimensional. O que não se compreende é a frequência com que é usada como arma de arremesso a cada vez que se quer chamar às salas pubescentes no pináculo da crise hormonal cujo único medo é que a masturbação cause efectivamente cegueira.
É incrível o hype que precedeu este filme. Sempre baseado na sexualidade de Fox. A tensão sexual e expectativa em relação a elementos eróticos que podem muito bem apenas existir no cérebro do cinéfilo sempre estiveram presentes no marketing cinematográfico e mesmo no desenvolvimento de muitas narrativas. Mas num ponto da História mundial em que quase diariamente batemos num novo fundo, salta-se novamente por cima das sempre aborrecidas insinuações ou referências indirectas para se comercializar um filme com a premissa de “Megan Fox poderá ou não mostrar as mamas, a falar como uma taberneira, amor lésbico e elementos paranormais meramente decorativos para não impressionar sensíveis.”
Na verdade o filme é uma amálgama mal definida de géneros e conceitos num irritante contínuo de clichés. De tal modo irritante que não percebemos se é uma comédia negra ou um filme de terror. Seja qual for, é mau. Somos apresentados a duas amigas de infância cuja relação é baseada no cliché da burra jeitosa e a inteligente menos atraente, que na realidade acaba por soltar o cabelo, tirar os óculos de grossas armação e mostrar um bom decote para se perceber que são as duas boas. Depois uma delas sofre um artificio narrativo desonesto para catapultar a história para o reino do sobrenatural, ao estilo de Buffy com o tratamento de Twilight, mas com alguns cortes mais violentos para evitar comparações.
Ora, quem conhece o submundo deste tipo de cinema percebe que o conceito é gamado a Ginger Snaps, mas remodelado para uma geração pós-MTV, amarrada ao Facebook e Twitter e adepta dos acrónimos da moda. Não percebo muito a lógica das box-offices, mas acho que este filme foi um fracasso. Megan Fox invoca putaria e práticas sexuais condenadas por grande parte das religiões do mundo, mas não é a actriz indicada para suportar um filme inteirinho só pela sua cara bonita pelas razões apresentadas em cima.
Megan Fox é nova e inexperiente e já provoca cansaço. Não houve contenção de poupar o seu nome. Foi desde cedo massacrada na arena dos tablóides, rumores e do putedo socialite em geral. Queimou. Aliás, a outra actriz, a tal Amanda Seyfried, acaba por ter um coeficiente de “levanta pau” muito superior a Fox, apesar de se expor menos. Convenhamos Hollywood, haja modéstia e visão. Se tivesse sido feito por outra produtora com Sasha Grey na papel principal, aí sim, teríamos filme.
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Foi só o pior filme que vi no ano passado. E sacado da internet, porque se eu fosse a dar 5€ por isto já não estaria neste mundo para escrever estas palavras.