Porto, Rua de Cedofeita. 8:47 da manhã. Segunda-feira. Enquanto tento esquecer o sabor a café torrado cheio de borras que acaba de me ser servido numa esplanada surpreendentemente bem frequentada, leio no JN a notícia de uma esposa que matou o marido à machadada e martelada para depois partilhar o leito conjugal com o cadáver durante 3 dias. Ah, as loucuras da juventude! Não pude evitar alguns pensamentos relacionados com a ausencia do efeito da gravidade nos seios de uma catraia que lia um exemplar envelhecido de “Deus tem Caspa” de Júlio Henriques na mesa em frente e em como a descrição gráfica e dolorosamente lenta da prazenteira homicida me fez lembrar Sympathy for Mr Vengeance, de Chan-wook Park, essa entidade superior incapaz de produzir mau cinema.
Já por aqui muito se tem falado de Chan-wook Park e da sua indiscutível capacidade de contar narrativas pungentes através de imagens. Além da superiora qualidade da narrativa, Chan-wook Park brinda-nos com uma qualidade gráfica sem paralelo na industria. Qualquer frame do filme poderia ser revelado e o resultado seria sempre uma foto de qualidade suprema.
Sympathy for Mr. Vengeance é o primeiro tomo da trilogia “Vingança” deste autor, sucedido por OldBoy e (Sympathy for) Lady Vengeance. A narrativa, como é apanágio do mestre, é complexa. A história muda de dono, rodopia, saltita, volta atrás, intercala, sempre no domínio do bom gosto.
Violento quanto baste, sem que isso significa ofensivo ou desagradável, Park melhor que ninguém consegue conduzir um épico da ultraviolencia com a leveza de um maestro numa obra primaveril de Vivaldi, assim como quem salta sobre nenufares, esfaqueando e degolando. Melhor que o cheiro de napalm pela manhã.
Vou rever assim que possa, porque o que é bom tem que se venerar. E com esta vos deixo, boa noite e bons sonhos.
* Oporto Chronicles – Estas crónicas estão a ser escritos na cidade do Porto, enquanto me encontro deslocado temporariamente por razões profissionais. Apesar de considerações que possam ser mais ou menos abonatórias para a região, adoro estar entre tripeiros.
Quando vi este filme, já ha uns bons anitos, gostei. Nao achei espectacular, mas gostei (até porque tava na minha fase compulsiva de ver tudo o que era obra coreana criticamente aclamada. Ja passou btw). Depois vi o Oldboy que gostei ainda mais. E finalmente vi o Lady Vengeance que adorei totalmente e ainda hoje é um dos meus filmes favoritos (aquela directors cut com as cenas a preto e branco e tudo mais é arrebatadora!). Depois ter entao concluido a triologia e analisando em retrospectiva, cheguei á conclusao que, para mim pelo menos, o 1º é bonzinho mas nada de especial, o Oldboy é bom mas nao excepcional como todos dizem (sinceramente o twist “chocante” deixou-me bastante indiferente), e o Lady Vengeance esse sim é uma obra prima!
Só lhe conheço o tal Oldboy. Agora fiquei intrigado…
—
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://filmesdemerda.tumblr.com
Já nem os ingleses dizem Oporto. E não é uma região, é uma nação. 😉
@Joaoluc Sou um eterno nostálgico. Por momentos pensei que ias dizer que a foto estava torta… 😉
“(…) que ninguém consegue conduzir um épico da ultraviolencia com a leveza de um maestro numa obra primaveril de Vivaldi, assim como quem salta sobre nenufares (…)”
Este segmento é deveras inspirador…(e, devo dizer, incontrolavelmente cómico)… “leveza de um maestro numa obra primaveril de Vivaldi”… (até volto a transcrever tal é a…beleza da pseudo-metáfora utilizada; invocar um nome reconhecidamente aclamado enquanto compositor, e talvez, um dos maiores génios de sempre, fica sempre bem, mesmo que se desconheça a sua essência ou percurso; mas aplaudo a tentativa…; para alguns, de certeza, que teve o efeito esperado…mesmo que não entendam o alcance).
E “como quem salta sobre nenúfares”… Bem, aqui questiono um pouco a impressão que me era dada neste blog: de que o seu autor era rude, nas palavras e intenções, adepto de uma linguagem libertina e pró-machista…Utilizar a ‘imagem’ figurada da leveza de como quem ‘salta de nenúfar em nenúfar’ não era propriamente aquilo que se espera ver aqui escrito. Mas, por vezes, o mais profundo do nosso ser surge transparente aos olhos de todos…e denunciado nas palavras. É como sair do ‘baú’…
E uma pequena sessão de psicanálise grátis: Pedro, existe aí, no recôndito do teu íntimo, algum recalcamento do passado, alguma experiência menos satisfatória, digamos assim?!
Percebo o fascínio pela pornografia, pois é um ‘território’ tipicamente de ‘playground’ masculino. Mas o gosto excessivamente obsessivo pelo universo da violência gratuita (com os ingredientes habituais e sem grande refinamento) e sem qualquer tipo de racionalidade significa ou representa algo pouco recomendável…a meu ver.
Por muito sugestivas e brilhantes que sejam as capacidades de um autor em conseguir ‘transportar’ para um ‘ecran’ imagens de extrema violência, mas de um poder quase ‘orgásmico’ (isto a avaliar pela forma entusiasta com que falas de Park), não é de todo uma capacidade de génio. Além disso, o cinema asiático é abundante em exemplos do género. É quase uma cultura dentro da ‘cultura’… Depois, nem sequer é original…,pois outros já o conseguiram com maior impacto…estou a lembrar-me de Kubrick…ou até de um Tarentino…num registo, talvez, mais intrigante e inteligente.
Das duas uma: ou preferes um género mais ‘descartável’, pela simplicidade na compreensão de imagens que de tão óbvias não deixam qualquer margem para divagações mais extremas…(e aqui, garantidamente, és demasiado ‘gráfico’, porque só reages ao estímulo visual fácil), ou então o teu conhecimento desta atmosfera é um pouco limitado…
Dark> Longe de querer defender o autor do blog (:P)
Não posso deixar de intervir quando alguém ataca o Park sobre a sua suposta “violência”. Podem dizer que os seus filmes são uma seca, que as historias não são nada de especial ou simplesmente não gostar… Agora insinuar, nem que seja um pouco, que o autor posso utilizar violência gratuita é algo que me faz querer ser gratuitamente violento!
Digo e repito, os filmes da trilogia da vingança de Park Chan Wook não são violentos comparados com o Kubrick ou Tarantino ou qualquer filme de acção de Hollywood.
A violência da trilogia está precisamente nos seus conceitos, na sua forma de enclausurar no grotesco da sua vingança cega.
O filme do Old boy não é acerca de um actor que engole um polvo inteiro cru ou que arranca os dentes com um martelo! É uma reflexão sobre o amor, sobre a vingança e tudo isso desenvolvido nos moldes de uma tragédia clássica e de uma espinha inspirada no clássico conde de Monte Cristo… Nada que se possa comparar a Machete…
Já agora… Já alguma vez vistes o filmes?
Billybob,
Leste de forma superficial o que eu escrevi (algo que não te censuro)…logo, não interpretaste as minhas palavras de forma correcta.
Em primeiro lugar, há uma coisa que tem de ficar clara: tudo o que cada um de nós aqui escreve não passam de opiniões, com base nas nossas convicções, gostos e preferências. Ou seja, se há divergência é porque a visão e a forma de visualizar determinadas realidades é diferente. Não é melhor nem pior. É diferente. Compreendido até aqui?! :o)
Depois, eu não utilizei a palavra ‘gratuito’ de forma pejorativa. Dei-lhe, apenas, o sentido que tem: de consumo imediato, sem qualquer artifício…e sem precisar de grande esforço mental. Volto a dizer: não é uma crítica pela negativa, apenas, uma constatação que é tão legítima como a que poderias fazer sobre um qualquer juízo que eu faça sobre determinado cenário, personagem, autor…
Respondendo à tua última pergunta, sim, já vi os filmes. Se apreciei particularmente? Não. Porque é um género (e aqui, talvez, o meu preconceito em relação a determinado universo que não me fascina, pela abordagem quase repetitiva) que pouco deixa em aberto… Mas é a minha opinião.
Se quiseres prefiro filmes cujos personagens,… cuja ‘história’ seja mais elaborada, mais intrigante, mais absurda pela forma como consegue confundir o espectador…
Em todos os filmes que referes, e em todos os que têm sido mencionados dentro deste género, a temática é a mesma. Só a forma como é abordada é que diverge.
O que fica de um bom filme são as imagens que reténs na memória e que permanecem no tempo…, porque, por alguma razão, têm um significado que te é próximo.
N.B. O tema da vingança, associada a sentimentos como o ódio quase visceral e que tem por base, por vezes, valores como a defesa da honra e do orgulho perdido, é um tema recorrente. O génio de um cineasta está na forma como consegue passar essa mensagem para o público…conseguindo, mais do que através de efeitos especiais ou de convenções, fazer-nos questionar a legitimidade ou não de tais actos. Mais. Criando uma espécie de empatia com as personagens, porque se justificam tais atitudes de violência…perante uma determinada realidade que vivenciaram. Daí, o fascínio de alguns… Penso eu…
A palavra gratuita é pejorativa independentemente da tua apreciação. A violência gratuita é uma violência inútil que é colocada como artificio para esconder o nada. Isso não é pejorativo? Como tu próprio disseste: ” que não exige grande esforço mental”.
Não gostaste dos filmes? Tudo bem. Se eram filmes evidentes ou de audiência fácil? Por amor de Deus não sei em que circulo do pseudo abstraccionismo te encontras mas os filmes do Park são longe de serem mainstream ou de deixarem pouco espaço para a “imaginação”.
Não gostas do filme? Tudo bem, como eu próprio disse posso perceber totalmente embora fico surpreendido por ver Tarantino referenciado como tendo uma violência de inteligência superior (-__________________-“””””””) ou com mais espaço para a imaginação.
Onde não concordo é quando pretendes centrar os filmes de Park no género de violência… Isso para mim é completamente incompreensível e uma ideia muito superficial. A violência não é gráfica e muitas vezes sugerida… Enfim eu não deixo de pensar que utilizaste o filme como escudo para criticar o autor.
Não gosto das criticas do Pedro de uma maneira geral porque centram-se em muitos efeitos e pouca leitura do conteúdo. Esta review do Sympathy for Mr. Vengeance não diz nada sobre o filme… Contenta-se, como é o caso em muitos blogs, em colocar superlativos de positivo ou negativo utilizando imagens ou metáforas sem fornecer argumentos prévios.
Criticar o filme para criticar o uso desmedido de superlativos de um autor é um tratamento injusto para o filme (insulto o que gostas para te magoar).
“O génio de um cineasta está na forma como consegue passar essa mensagem para o público…conseguindo, mais do que através de efeitos especiais ou de convenções, fazer-nos questionar a legitimidade ou não de tais actos. Mais. Criando uma espécie de empatia com as personagens, porque se justificam tais atitudes de violência…perante uma determinada realidade que vivenciaram. Daí, o fascínio de alguns… Penso eu…”
Para mim isso é uma perfeita descrição do trabalho de Park. Viste efeitos especiais nos seus filmes…? Legitimar o amor incestuoso parece-te convencional?
Tudo bem.
Bem…parece que vamos iniciar uma pequena discussão…
Em primeiro lugar, a forma como rebates os meus argumentos denunciam logo a tua aversão e antipatia por quem não partilha da tua opinião. Isso é prova de fraqueza…não saber lidar com opiniões diferentes, mesmo que não se concorde. Não és detentor da verdade e muito menos uma autoridade em termos cinematográficos.
Eu, pelo contrário, coloquei-me no meu lugar: de simples espectadora, com as suas preferências e gostos, mas que não se inibe de emitir um juízo de valor, mesmo que contrarie a generalidade das apreciações. Não faço parte das ditas ‘torcidas’ ou das ‘claques de apoio’…se é que me faço entender. Este é o primeiro ponto.
Depois, não queria ser mazinha…mas procura ver o real significado da palavra ‘gratuito’ e vê se não estás a tirar conclusões precipitadas?! Para ti, violência gratuita é o mesmo que violência inútil, certo? Então, tens de me definir o teu conceito de violência, em termos genéricos. Para mim, ‘gratuito’ não significa inútil, mas fácil…de fácil apreensão e, por isso mesmo, esgota-se rapidamente. É o meu conceito.
Se gosto de enredos mais complexos, de ambientes mais perturbadores, mais confusos, é uma preferência minha. Se gosto de personagens que têm a capacidade de conseguir com que criemos empatia com elas, mesmo que tenham um lado altamente perverso e, por vezes, doentio, é uma preferência minha. Apenas isso. E, sendo assim, tenho toda a legitimidade para te dizer se apreciei ou não determinado filme. Mais. O ataque cerrado que fazes pela opinião que dei sobre Park cai por terra por uma razão: a forma como tu percepcionas determinada realidade ou imagem é a tua forma de vivenciar essa mesma realidade. Não é a minha! Há aqui alguma parte que não consigas entender? Tenho uma percepção diferente, só isso. Depois, acrescentei, entre parênteses que não aprecio particularmente determinado tipo de cinematografia…nomeadamente a asiática…por considerar estereotipada a determinado nível, porque não me traz nada de novo, porque se criam imagens agressivas do ponto de vista estético, mas que não passam de conceitos que, apenas, visam subverter a norma. Nada de especial.
E indo um pouco ao encontro do que escreves no final, aquilo que para ti é fora do convencional, para mim, é banal, dada a forma abusiva como certos temas já foram excessivamente explorados. Se considero o amor incestuoso convencional? Nos dias de hoje? Não sou puritana, mas também já faço parte de uma geração que pouco ou quase muito pouco choca nos dias que correm. Aquilo que é retratado em ficção, tem sempre uma componente de verdade…ou seja, na vida real acontece…e tu convives, mesmo que à distância física, com essa realidade…
Mas é curioso ver uma apreciação tua, em determinado momento…Criticas quem usa os ditos superlativos para definir e caracterizar um determinado autor ou obra, mas é curioso que tu, de forma sub-reptícia, é o que fazes quando me censuras por considerares que menosprezei (e erradamente) Park. Eu não o fiz, e daí a tua má interpretação. Não coloco em causa a capacidade que tem em manobrar imagens e conceitos. Mas tenho preferências.
E depois…outra coisa espantosa… Se concordas com a apreciação que fiz do trabalho de Park, que defines, na tua opinião, como sendo “uma perfeita descrição”, então não entendo o porquê da tua indignação…
Uma coisa é ser-se imparcial, procurar ter um conhecimento alargado, saber ou ver para se emitir juízos de valor, com lógica e fundamentados, outra é deixarmo-nos levar pelas nossas ‘simpatias’ e pelas nossas convicções, não dando espaço a uma compreensão mais alargada.
Mais algum ponto que queiras ver esclarecido?
: o )
A tua contra argumentação tem pouco contra argumento e fico realmente perplexo…
Então dizes que eu utilizo a tua definição mas por outro lado tu utilizaste a definição como o modelo de um bom exemplo em oposição ao que fez o Park com “efeitos especiais” e convenções.
Caso não tenha percebido e estavas mesmo a falar do filme… Então não gostas de um filme que qualificas com termos tão lisonjeadores?
Penso que o topico do filme está encerrado. Não gostas de filmes asiáticos (o que em si é etnicamente limitador quando eu considero que os filmes do Park são muito diferentes da maioria das produções Sul Coreanos para não dizer da Asia inteira).
O que significa violência gratuita?
http://en.wiktionary.org/wiki/gratuitous_violence
http://www.urbandictionary.com/define.php?term=gratuitous%20violence
http://www.allwords.com/word-gratuitous+violence.html
Vou me limitar em aceitar a expressão convencional… Como disse o que é gratuito fora uso primário da palavra significa sempre um “extra inútil”. Violência gratuita, sexo gratuito, argumento gratuito… Pouco importo o que defino como violência o que importa é definir o significado de gratuito… A violência é sempre fácil de perceber desde que esta seja física.
Não vou discutir mais o sexo dos anjos. Se eu sou uma claque que não respeita as pessoas que discordam da minha opinião e tu “simples espectadora, com as suas preferências e gostos, mas que não se inibe de emitir um juízo de valor” eu pergunto-me qual é a tua legitimidade para te auto-definir. A tua primeira mensagem foi particularmente violenta para com o autor do blog e isso não mostra qualquer opinião estéril mas sim uma provocação que eu considero legitima e muito mais interessante com qualquer tipo de critica meiga.
O debate é feito de discordâncias desagradáveis e não quero ser consensual… Sou fraco por causa disso? É a tua opinião… Seria preciso definir onde está a minha aversão e onde não se encontra a tua… Não tenho nenhum interesse em ser brando ou pragmático num espaço de conversa sobre gostos. As opiniões dividem as pessoas e o mundo e a necessidade constante de relativismo não deixa espaço ao debate e retira paixão em quase tudo. Julgo que não cheguei a ser mal educado…? Superlativos? Como eu disse os superlativos sem exposição de argumentos de fundo são fáceis… Se os utilizamos dentro de uma exposição lógica dos porquês tornam-se uma ferramenta estilística perfeitamente legitima. Se julgas que eu não dei argumentos suficientes julgo que a tua critica é legitima. Poderia sem duvida dissertar sobre o filme e encher a pagina de spoilers mas imagino que pode existir um intermédio saudável sobre esse ponto.
Se eu quero que esclareças mais um ponto? Digamos que eu quero resumir a questão no seu ponto essencial. Independentemente de gostares ou não dos filmes dessa trilogia consideras que eles são bons ou que são maus filmes?
Se dizes que são bons então concordo contigo e apenas me oponho ao facto de os considerares gratuitos.
Se achas que são maus então são duas coisas com as quais discordo…
Independentemente da tua resposta ficam aqui os nossos pensamentos sobre a questão e cada um julgará da pertinência dos nossos argumentos respectivos. É só mais uma discussão na blogosfera… Os donos agradecem sempre.
Não se trata de contra-argumentação. Trata-se do meu ponto de vista e de uma discussão que pode ser saudável ou não, se souberes dialogar, sem ofensas, insultos e demagogia.
Depois, há algo que não entendes verdadeiramente. Eu posso admitir o génio de um autor, mas mesmo assim não gostar dele. Isso causa-te perplexidade?! O facto de eu assumir que Park é um bom autor e que conseguiu projectar as suas ‘histórias’ numa outra dimensão, apenas, possível a poucos, tenho de dizer que o venero?! Não aprecio o género de forma particular. Depois, revelas muita dificuldade em interpretar o que te dizem. Relê o meu comentário algures e verás que eu não digo, em parte alguma, que Park utilizou efeitos especiais… Quanto à ideia de convenções, tenho o direito de questionar… Para mim, algumas coisas são estereótipos e ponto final.
E quando falo na cinematografia asiática, generalizei. Não quis com isso dizer que Park é um autor ‘típico’, porque não o é. Pelo contrário. É atípico e modelar, dentro da sua ‘categoria’. E, por isso mesmo, não é à toa que tem sido reconhecido internacionalmente por alguns dos seus filmes… Só que não faz parte das minhas preferências. Penso que tenho esse direito de gostar do que quero, ou não? Não vou atrás de uma opinião de um crítico reputado só porque tem esse estatuto…Entendes o que quero dizer?!
Estamos esclarecidos de que não menosprezo Park? Que admiro e assumo o lugar cimeiro que ocupa, mas não me entusiasma…?
Quanto à expressão ‘violência gratuita’…deixa-me dar-te uma pequena ‘dica’…As fontes que referes são pouco fidedignas, muito embora sirvam para ‘desenrascar’…Fica aqui o reparo.
Mas é curiosa a forma como contornas a questão que te coloco, sem responderes de forma directa e objectiva. É uma boa táctica, tenho de admitir. Só que continuo sem perceber o teu conceito de violência. Apenas, que entendes que eu, ao falar em ‘violência gratuita’, estaria a usar esta última palavra com o sentido de ‘inútil’ ou ‘extra inútil’…Depois dizes que não interessa definir o conceito de violência, mas sim o de ‘gratuito’. Então, em que ficamos?! Que confusão…
Tu vês as imagens tal como as captas. Eu vejo-as e interpreto…procuro uma mensagem…uma máxima… É isto que nos separa e que faz com que tenhamos esta divergência. O que é apelativo para ti, não o é para mim. Eu sou mais complexa porque procuro os sentidos ou significados ‘escondidos’. Tu, pelos vistos, és mais gráfico…para usar a expressão que tem vindo a ser referida aqui. Diferenças de percepção, nada mais.
E quando falei em fraqueza em defender pontos de vista tem a ver com a forma como te diriges a mim. O tom utlizado e as expressões denotam arrogância que, a meu ver, é prova de insegurança. Tentas colocar-te num patamar superior, julgando que assim consegues o teu intento: fazer valer a tua posição e eu dar-me por vencida. Nem pensar. Eu tenho uma opinião que é clara. Mas é diferente da tua, apenas, porque não partilho da tua simpatia ou do teu entusiasmo. E isso motiva a tua animosidade em relação a mim. É tão óbvio…
E para terminar, respondendo (muito embora, eu ache que já o fiz por outras palavras) à tua questão, acho os filmes de Park estão bem conseguidos, são bons na tua ‘classificação’. Mas mesmo tendo esta opinião isso não me obriga a tornar-me uma fã acérrima do autor. Se quiseres é a mesma coisa que passares um mês inteiro a ouvir Vivaldi (isto para relembrar o exemplo do autor do blog…que parece andar inspirado…). Há uma altura em que deixas de o fazer e passas a ouvir Haydn…E passados uns meses, tens um ‘vipe’ e passas a ouvir Mötley Crüe… Mas Vivaldi não deixa de ser um genio. É esta diversidade de escolhas, de opções, de experiências, de momentos que vivenciamos é que faz com que tenhas uma visão mais vasta do que te rodeia, do que existe para além da tua esfera habitual.
Repara numa coisa: eu respondo em conformidade com o que dizes. Se mudares o tom, eu mudo o meu. Se alterares a forma, eu também a altero a minha. São estas as regras já por si pré-estabelecidas e que julgo que não era preciso explicar…
O dono do blog agradece, porque assim consegue passar de uns míseros 5 comentários para vinte e tal, por este andar…
epá vão pó caralho. Se não gostam do blog ponham-se nas putas. ninguém os obriga a ler.
Titã…não é preciso ficares assim…Calma…
O blog é interessante e, por isso mesmo, é que os comentários se têm sucedido. Matéria para comentar é o que não falta. Além disso, passou a existir uma dupla vantagem: demos a possibilidade de o autor do blog sair um pouco do anonimato e ver o seu blog ganhar outro destaque que, de outra forma, não teria (a esta hora ele só lamenta que o estejam a ignorar a ele e não aos posts que publica, dado que, me pareceu que era essa a sua intenção, no início) e, por outro, permite, como alguém (o Arapuk) aqui referiu, e muito bem, que se passe um ‘bom bocado’ e que permita umas boas gargalhadas.
Ou será que agora a minha presença, por exemplo, vos inibe de continuarem com as vossas ‘saídas’? Na boa…
Até tenho medo de dizer que gostei dos 3.
Nã…eles não ‘mordem’…
Vi ontem e achei bonzinho. Visualmente belo, um enredo razoável. Não o achei uma obra prima. Pretendo rever, mas estou mais curioso em ver as sequelas que já tenho engatilhadas..