A crise chega a todos e quando as familias deixam de ter dinheiro para ir ao cinema, Hollywood faz promoções, packs, leve 2 pague 1. Quando a Maria quer um filme de gaja e o Tony Macho Dominante um filme de porrada a situação agudiza-se porque é preciso desembolsar 2x(2×5.95), mais taxa de tanso 3D se for o caso. A solução? Criar um filme de gaja com porrada e explosões à fartasana para que possam desfrutar os dois o mesmo filme e ainda lhes sobra dinheiro para comprar umas t-shirts de marca para que possam ser confundidos por pessoas bem sucedidas. Aí Knight and Day vai além da sua premissa, torna-se uma sinergia de horribilidade, pega em dois filmes potencialmente ignóbeis e transforma-os no epitomo de todo o xunga, o ponto onde todos os monstros dos filmes japoneses convivem amigavelmente com cães falantes, a Bridget Jones vai às compras com o Jason Vorhees e os 7 ninjas e o Chuck Norris faz amor apaixonadamente com o fantasma de Patrick Swayze.
O género de filme “Cameron Diaz em cuecas” é um sub-género bastante popular do filme de gaja. O género “Tom Cruise a gritar como uma menina enquanto coisas explodem à sua volta e carros parecem misteriosamente ganhar asas antes de se transformarem também numa bola de fogo” é outro imagem de marca das idiotices hollywoodianas de verão. Fundir estes dois estilos não é novidade. Quem não se lembra de “Mr. and Mrs. Smith”? Um misto do estilo “Angelina Jolie bamboleia as mamas de modo sexy enquanto fala posicionando os lábios de modo a parecer estar a chupar uma gaita e coisas explodem à sua volta enquanto os seus inimigos colapsam sem razão aparente à sua volta” com o estilo “Brad Pitt faz charme durante duas horas e no final come a gaja”.
Mas Knight and Day acaba por falhar miseravelmente naquilo a que se propõe. As gajas odeiam-no porque é demasiado irreal na sua violência e acção e os gajos detestam-no porque tem muito elemento efeminado. Além de ser um produto claramente de linha branca no que diz respeito à sua estrutura e dinâmica. Serve para quê? Exactamente, filme de domingo à tarde. Acordamos momentaneamente e lá está Cameron Diaz em cuecas, voltamos ao sonho e quando acordamos de pau feito lá está Tom Cruise a gritar como uma menina enquanto coisas explodem, balde de água fria, voltamos a dormitar e quando damos por ela é segunda feira e a nossa malvada rotina está de volta para nos agrilhoar à mundanez da nossa existência.
Mais um filme sem sal onde pouco se aprende..
http://febre7arte.blogspot.com/
cumprimentos
Sinceramente, gostei muito do filme. Apartir do momento em que se tem a noção do que este filme representa comercialmente, os objectivos e género em que se destina… não dá para criticar muito, pois tudo é cumprido com habilidade.
Eu gostei muito do filme, muito mais que do “Salt”. Este ao menos sabemos para que serve… já o “Salt” apesar de ser interessante, fica na corda bamba. Mas são obviamente filmes de objectivos muito diferentes.
Ahh… e este é mais um daqueles da lista da Cameron Diaz em cuecas (bikini até)… A Diaz esteve muito bem no filme (neste género e tipo, ambivalente entre comédia-romance-acção) e bastante melhor que o Cruise, que me pareceu cabotino de si mesmo.