Se é verdade que o estilo “blockbuster charlatão e untuoso” vive da contemporaneidade e do cutting edge tecnológico fazendo parecer velho um filme com dois anos, o mesmo não se pode aplicar a um filme que vive de narrativa e engenho criativo. É que antigamente também se escrevia. Usavam-se uns artefactos oblongos chamados “canetas” que estampavam caracteres directamente no papel sem necessidade de impressora. E escrevia-se com muita qualidade, por estranho que possa parecer. E que o digam os produtores da Hollywood actual, que conseguem simular virtualmente a vida, o universo e tudo mais, mas quando precisam de uma história que não envolva tiroteio despropositado e aniquilação de meia Nova Iorque por entidades imaginárias têm que se virar para os argumentos de outrora, nem que seja para lhes fazer o downgrade de excelência para brainless action movie de tiroteio despropositado e aniquilação de meia Nova Iorque entidades imaginárias.
The Wicker Man é um fabuloso filme de 1973 que nos conta a história de um polícia escocês fortemente religioso que é enviado para uma comunidade insular para resolver o misterioso desaparecimento de uma menina. A forte mentalidade conservadora do polícia vai colidir com uma população de tradição pagã com raízes nos rituais pré-cristãos europeus.
Uma narrativa com uma ritmo evolutivo muito poderoso, que nos absorve por completo em direcção a um climax que faz parte já da cultura popular e que catapultou este Wicker Man para o estatuto de clássico. É um twist do tempo em que o twist era uma instituição. O ambiente é deliciosamente surreal, ainda mais vincado pela visão very british conservadora o personagem principal. É de tal modo apelativo que para o final do filme começamos a achar que o polícia é que é estranho por não ser bizarro como os outros. Destaque para um Cristopher Lee em grande forma no papel de vilão (palavra esta que tem que ser dita com sotaque brasileiro).
Wicker Man propagou-se de tal modo pela cultura pop que existe hoje em dia um festival de Verão no local das filmagens chamado precisamente Wickerman Festival, dedicado a expressões musicais alternativas (e outras mais comerciais para atrair publico). Os próprios Iron Maiden têm uma música chamada Wicker Man inspirada neste filme. Além disso, cada vez que vejo dois ou três aldeões com riso malandro fico com arrepios de medo temendo a fatídica defunção do protagonista deste filme.
Há um remake de 2006 que nunca vi, mas uma pesquisa no YouTube por “Nicolas Cage Punches A Woman Whilst Wearing A Bear Suit” são um bom indicativo que saltar por cima deste remake é uma boa opção de vida.
Nunca vi este. Conseguiste despertar-me a curiosidade.
O remake do LaBute é das maiores trampas da última década. Gosto muito da Ellen Burstyn, mas a escolha dela para o papel de Summersisle é inenarrável, já para não falar do Cage. Não percas tempo a vê-lo, a não ser por uma curiosidade mórbida ou mero masoquismo.
Quanto ao original, pode-se dizer que qualquer conspiração redneck ao nível de uma pequena cidade inteira inspira-se nele. É um clássico por mérito próprio.
Só vi o remake… e não é nada de mais apesar de a história ser muito interessante, com o twist poderoso do final, a execução tem momentos apatetados. Vê-se… já o original é que nunca vi.
O filme deste assombroso e aterrador. Ainda mais, pelo que vem antes ser tão bucólico e alegre e isso. A mim é que não me apanham numa ilha cheia de hippies.
Queria escrever “o final deste filme é assombro e aterrador”, não a não-frase que ficou ali em cima.
Um dos melhores finais de sempre. O remake faz lembrar uma visita ao Circo Chen, não sei se me ria, se chore