Desde 24 de Junho de 2003

Top 5 de flops que se tornaram no meu culto.

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O flop, esse chavão que dita o destino de um filme nas mãos de um estúdio e da contabilidade matreira de Hollywood . Só pode ser considerado flop um filme com aspirações a world domination, actualmente um filme que custe pelo menos 100 milhões de dólares a produzir, distribuir e publicitar. Ora, um filme independente  feito por amor à arte nunca é um flop, basta que apareça mais um ou duas pessoas do que mãe do realizador já é êxito transbordante. É um termo quase exclusivamente aplicável ao chamado blockbuster. No Verão de 2013 foi vê-los cair. Parecia a época de caça ás perdizes, nem tinham tempo de levantar voo, porque agora Hollywood define o flop em menos de 24 horas de exibição. Muitas são as vezes em que me meto a pensar de que alguns destes filmes podem ter êxito em circuitos diferentes daqui a 10, 20 ou 100 anos porque o tempo os ajuda a persistir. Os gostos mudam e, quiçá, uma inversão na evolução nos faça amar esta vasta parolice que Hollywood nos tenta enfiar pelas goelas abaixo todas as semanas. Isso aconteceu imensas vezes no passado e o que me traz aqui hoje é uma singela lista de 5 filmes que foram absolutamente humilhados na sua estreia e hoje em dia são filmes que considero obras superiores.

Sendo uma lista pessoal vale o que vale, bláblá, [inserir disclaimer no que diz respeito à subjectividade das listas não vão as pessoas pensar que sou meio atrasadinho]. É algo que compilei agora neste preciso momento e meia hora depois de a publicar vou perceber que me esqueci dos mais importantes.

5. Streets of Fire (1984)

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Houvesse a Internet de hoje em 1984 e Walter Hill teria encontrado o seu nicho um grupo de lunáticos que faria dele um líder espiritual, um guru poligâmico de auras, shakras e outras tolices new age. Streets of Fire auto intitula-se de fábula rock. Não no sentido de história com humanização de animais, mas como a utilização de uma mitologia e linguagem rock’n roll para criar uma narrativa colorida, divertida e polvilhada da violência excessiva que tanto amamos. Não é um filme excepcional, não é cânone dos anos 80 e provavelmente nem sequer é o melhor de Walter Hill. No entanto é estupidamente divertido. Tem um Willem Dafoe vilão que faz o Green Goblin parecer um maricas de Cascais, um herói meio pateta que serve porrada como ninguém e só não fica com as gajas todas porque não quer, tem uma galeria de secundários de estirpe cartoonesca que são um sonho. Tem Rock’n Roll, bons valores de produção que Hill faz questão que se notem e tem um diálogo com uma densidade de 80s cheesiness capaz de fazer inveja a qualquer argumentista de Schwarzeneggers.

4. A Boy and his Dog (1975)

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Já aqui falei deste filme. Na altura da estreia foi mal recebido. Compreende-se que assim seja, porque é um filme de características alucinogénicas, daquele género que chega a meio e atira o guião às urtigas e entra em modo freestyle. Mais ou menos como Eli Roth mas em bom. Pejado de analogias, simbologia e mensagens escondidas, não é um filme que alguém tenha orgulho em ter levado a namorada na primeira noite. Filmes com cães que falam não costumam ser motivo de orgulho para a carreira de ninguém, muito menos Don Johnson que aqui ainda tem a agravante do cão comunicar telepaticamente. Um sonho. É o pós-apocalíptico por excelência, uma vez que o próprio George Miller se inspirou nas suas ambiências áridas para criar o seu Mad Max. Provavelmente também se inspirou no cão telepático para criar também Babe, o porco que queria ser cão (e falava).

Mais aqui.

3. The Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension (1984)

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Buckaroo Banzai é o típico filme “em que é que eles estavam a pensar?”. Não por ser mau, que não é, mas porque a sua premissa e
execução desafiam todos os conceitos de “filme popular”, seja em 1984, 2014 ou 1876. Ora vejamos, Buckaroo Banzai é uma estrela de rock / cirurgião / aventureiro / investigador mundialmente aclamado que se vê numa embrulhada com umas criaturas maléficas da oitava dimensão que não nos visitam para fazer propriamente um piquenique. Buckaroo e a sua equipa de especialistas altamente improváveis têm que descodificar o tecido da própria existência, espancar os maus por essas dimensões adentro até que deles só reste a má memória, descobrir o que faz uma melancia no arsenal de armas de destruição maciça do inimigo e fazer uma dança toda janota no final, que Marcelo Rebelo de Sousa iria mais tarde imitar para fazer um vídeo a implorar aos alemães para nos fulminarem financeiramente.

Mais aqui.

Créditos Finais e Vídeo do Marcelo

2. Office Space (1999)

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A estreia de Mike Judge na comédia de imagem real e no pós Beavis and Butthead também foi olhada de lado pela crítica e público. Uma comédia passada numa multinacional de serviços de nova geração, de vincos precários, horários desonestos, ordenados miseráveis, sob a constante pressão do cumprimento de objectivos e num campo de batalha minado de falsos amigos e chibos corporativos. Um tipo de humor duro e seco que facilmente assimilável a todos aqueles que já passaram por este tipo de empregos merdosos, basicamente todos aqueles que já visitaram o mercado de trabalho. Office Space tem uma das mais coloridas galerias de personagens alguma vez vista num filme cómico, todos profundos e com capacidade de gerar um filme por si só. Basta ver os memes retirados deste  filme que rodam pelos média sociais para perceber que foi um filme de combustão lenta mas que se tornou de culto inabalável.

“Yeah, I just stare at my desk; but it looks like I’m working. I do that for probably another hour after lunch, too. I’d say in a given week I probably only do about fifteen minutes of real, actual, work.Peter Gibbons

1. Blade Runner (1982)

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Blade Runner é Blade Runner. Qualquer um de vocês que aqui está já viu pelo menos 3 versões diferentes. Como pode esta obra ter sido um flop? Harrison Ford vinha de uma sequência infindável de filmes de acção que ainda hoje se contam como os mais lucrativos e icónicos da História do Cinema. Star Wars e o primeiro Indiana Jones. A sua reputação como action hero estava estabelecida a nível galáctico e as pessoas esperam ver do novo filme de ficção científica de Harrison Ford uma experiência frenética de pura adrenalina espacial. Não é. É um ensaio sobre o que representa ser humano, uma obra muito além do seu tempo que à mentalidade da época, mesmo a científica, era um bocado despropositado. Os limites da consciência, os direitos da inteligência artificial, as analogias com as injustiças do passado. Onde caralhos é o ombro de Orion e o portão de Tannhäuser? Estas e outras questões fervilhavam nos cérebros dos cinéfilos que na realidade só queriam ver tiros e bombas e murros nas trombas (in space), a palavra passou e ninguém o foi ver. Anos depois é o que é. Querem impressionar uma noviça de artes? Digam que é o vosso filme favorito. Querem impressionar um noviço de artes? Digam que têm a versão desaparecida com montagem de Krzysztof Kie?lowski. Não existe, mas como são tantas a malta fica na dúvida.

7 Comments

  1. joao

    bem, o Bladerunner não foi um flop. Um flop é quando um individuo português, escreve no seu blog palavras inglesas, quando é malandro e pouco atencioso o suficiente para se dar ao trabalho de traduzir as palavras. Basicamente, nem o McDonalds te queria para lá trabalhares. No entanto talvez a tua falta de originalidade das palavras que escreves, e tais como estes falhanços cinematograficos, um dia façam rir um mongoloide qualquer no ano 2525, que gosta de ler e acha graça á palavra “caralhos”. Se eu quisesse receber opiniões em inglês, de paginas de internet portuguesas, ou ler palavrões que denotam estupidez e burrice e falta de respeito, eu juntar-me-ia a eles, mas não aqui. Nem a receber linguagem de merda na minha caixa de correio.

  2. pedro

    Ó João, tu hoje estás com uma azia do caralho. O que é que comeste ao jantar pá?

  3. joao

    nem todas as pessoas são como tu que gostam de receber linguagem estragada. De certeza que eu não pago a internet para me aparecerem paginas de internet com palavroes gratuitos e escusados só porque o remetente acha sofisticado meter palavroes e insultos. Eu já não vou ao cinema porque não quero pagar para ler palavrões nas legendas nem para ver pornografia camuflada. Se eu quiser ouvir palavroes saio á rua e se eu quiser ver pornografia eu vou busca-la, sem surpresas e por minha propria vontade. Agora aparecer-me um hiperligação para textos onde me relembram da porcaria de educação que temos em Portugal, não é para mim. Estas convencido que és fixe por dizeres uns palavroes, que achas que toda a gente é mal-educada e insultuosa como tu. Em vez de orgulho e originalidade, esforças-te por textos de baixo nivel e que afastam pessoas inteligentes do teu blog. E toma duas chapadas de luva branca, faz agora um filme.

  4. pedro

    Olha João, eu vou dizer-te uma coisa que nem devia, mas eu percebo que as tuas expectativa em relação a este blog têm sido goradas. Eu sou catequista aos domingos e tenho um blogue onde falo na pedagogia da palavra do senhor, organizo uns convívios de escuteiros e tenho apenas piadas certificadas pelo concílio Vaticano II. Posso mandar-te o endereço por email para não me estar a expor aqui assim. Pode ser?

  5. Leandro Ribeiro

    Eu vinha escrever qualquer coisa sobre os cinco flops, mas agora varreu-se-me tudo :’D

  6. Ozpinhead

    João,
    Tens provavelmente razão, mas na altura, quando os resultados do mercado internacional não eram contabilizados para o sucesso financeiro de um filme, foi considerado como um flop financeiro. Em 1982 quando foi exibido nos cinemas pela primeira vez, obteve realmente um saldo negativo no mercado doméstico Norte-Americano. De um orçamento de $28 milhões, conseguiu um retorno de cerca de $26 milhões. No entanto, não é difícil de adivinhar que com as receitas internacionais, o filme tenha conseguido lucro por volta de 1983.
    Mais significativo que os resultados financeiros, foram as críticas negativas contundentes de algumas figuras influentes nessa área na altura, sobre um filme que passado algumas décadas é considerado como um dos melhores filmes da história do cinema. O tempo é realmente o melhor crítico.

  7. hentaiblue

    João, enfia um pau de marmeleiro em brasa pelo cu acima! pedro continua as tuas críticas que tens uma legião de fãs na margem sul. lemos esta merda ainda o site estava noutro servidor.abraço

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