A comédia romântica é vista de diferentes maneiras, dependendo da fase vida em que nos encontremos. Quando somos jovens e andamos no mercado, não é raro que algumas destas comédias nos apelem ao coração quando nos identificamos com o eventual desgraçado em busca do amor eterno que custa a chegar. Quando somos casados e com filhos, nos passeamos pelos quarentas como rinocerontes nas estepes, olhamos estes filmes como os visitantes do Zoo olham os símios a acasalar na Aldeia dos Macacos.
Author: pedro (Page 4 of 39)
L’amour, toujours l’amour. Um homem tem que fazer ocasionais sacrifícios por amor. Não estou a falar em deixar a esposa pisar-nos escroto com sapatos de salto alto, manter o sorriso parvo ao levar com um strapon no cu ou ter acompanhá-la nas compras. Falo em pequenas cedências, as pequenas coisas nos fazem sair da bolha de conforto. Esta semana iniciei um pequeno ciclo com a esposa, numa altura mais descansada em que as crianças passam uns dias com os avós. Um ciclo de comédias românticas, vejam lá! Resolvi dar-lhe o nome “Mete-se Agosto”. E para começar fomos raspar o fundo dos contentores bolorentos do Netflix e repescámos uma pérola poeirente esquecida pelos tempos de seu título “ Life as We Know It” de 2010.
Fez agora 3 anos que escrevi um texto entitulado “Porque deixei de ver filmes de super-heróis“ em que expliquei a razão que me levaria, à altura, abandonar o género blockbuster de heróis de borracha negra e licra nadega adentro. A razão principal, para que não tem paciência para chafurdar na minha psicanálise, era o facto indiscutível de que eu não me enquadrar no público alvo. “Não és tu, sou eu!”. Acontece que o destino haveria de se encarregar de me chutar os tomates poucos dias depois, quando o meu filho me pediu para ver os Avengers. Mais que isso, queria que lhe explicasse toda a história que está para trás, uma vez que uma criança de 5 anos não tem tempo para backstories. Quando o miúdo recuperou a consciência das duas bofetadas que lhe administrei em fúria não justificada e perfeitamente gratuita, lá comecei calmamente a explicar-lhe o pouco que sabia. Postura confiante, voz firme e o cérebro sob efeito de um blister inteiro de calmantes. Bem sei, não se faz e será a minha sina passar a fase vegetal da minha terceira idade num lar a cheirar a urina e solidão.
Há uns anos escrevi um artigo acerca das razões que me levaram a abandonar a televisão convencional. Não apenas séries, mas toda a programação televisiva que está a passar em tempo real. Resumidamente, as razões que me fizeram abandonar séries de TV é a maneira como são geridas. Se são boas mas têm pouco sucesso comercial, são canceladas ficando o telespectador entalado com as questões que lhe tiram o sono. Se são boas e têm muito sucesso comercial são esticadas em décadas de temporadas, sendo que aquilo que as fazia inicialmente boas é diluído ou transformada numa versão de si própria, mas com sabor a sola de chinelo. E o mesmo está a acontecer com o cinema comercial, o esquema do blockbuster moderno irá colocar em vias de extinção o fanboyismo militante.
Antes de ser o mais lucrativo realizador da História de sétima arte, James Cameron foi um profícuo artista de pinturas matte. Um dos seus trabalhos mais notáveis foi em Escape From New York , do nosso avôzinho do cinema John Carpenter, em que criou um convincente cityscape de Nova Iorque do pós-apocalipse. Além de fazer a pintura que vemos nesta cena, Cameron também foi o director de fotografia para efeitos especiais. De notar que esta sobreposição foi filmada directamente na câmara e não colocada em pós produção. Ora vejam lá:
Alien é um dos melhores filmes de todos os tempos. Das inúmeras cenas impossíveis de esquecer, há uma que mete as panelas de pressão das hormonas masculinas em ebulição: Ripley em cuecas. Esta semi-deusa do espaço, action hero feminina por definição, bicos de aço… Fica uma mini galeria para celebrar esta sexta-feira 13.
Há uns meses, quando vi o Sicario, encontrei um vídeo da empresa que lhe fez os efeitos especiais com decomposição das camadas de componentes feitos a computador. Pensei “Chiça, que um gajo já não pode acreditar em nada”. Mostrava centenas de elementos que foram colocados em pós-produção que à primeira vista ninguém acreditaria que pudessem não estar realmente lá à altura das filmagens. Quer dizer, obviamente que fica mais barato sobrepor um esquadrão de helicópteros de combate do que construir réplicas ou alugar verdadeiros. Só que um gajo deixa-se levar pelo embalo do filme e não pensa nisso.
Tenho um amigo de infância que bifurcou ali no início da vida adulta para uma religião que fez dele um gajo um bocado demente. Continuou o mesmo, mas as doutrinas religiosas carregaram-no de culpa e de falta de auto-estima. O gajo bebia uns copos, fumava um fininho ou via uma jeitosa de bela padiola que lhe causava tesão e ficava todo complexado. Tinha falhado em relação aos seus votos. Um homem de religião que abominava a ciência, que seria o nosso fim. Coisas que dizia mas que não devia acreditar. Ora, um dia arranjou uma namorada. Eram um casal normal. Fodiam contra as regras da igreja e ele foi-se habituando ao peso do pecado. Apanhei-o na praia com ela. A gaja não era má, mas saiam-lhe pintelhos pelo lado das cuecas do bikini. Falei-lhe nisso e ele respondeu-me que ela tinha uma anatomia vaginal muito complexa, que não havia maneira de lhe aprumar o arame farpado sem lhe arrancar uma febra conal. Calei-me, porque um homem não comenta abertamente a febra conal da namorada do amigo. Largos meses depois voltei a cruzar-me com ele e pareceu-me diferente. No decorrer de um daqueles quentes momentos de meter a conversa em dia revelou-se a favor da ciência e da tecnologia, que havia coisas que o andavam a cegar. Que tinha decidido ser menos radical. A namorada teria ido a uma daquelas depiladores laser que lhe rapou a cona toda, estilo menina de 8 anos, e o gajo até chorou nessa noite. Um milagre da ciência que o fez ver a luz, neste caso uma luz pulsada muito concentrada sob a forma de laser inteligente que arranca pintelhos.
Há filmes que são o equivalente a papel higiénico reles que se faz passar por produto de qualidade, seja pela embalagem ou pela publicidade enganosa. Aquele papel higiénico que cria confiança excessiva no utilizador que no acto de limpar o rabo, confiante na qualidade da fibra celulósica, aplica um pouco mais de força para reforçar a limpeza, furando as falsetas folhas e enfiando um dedinho na merda. 400 Days é isso, mas em filme.
Depois de ouvir “Serei eu o único a achar que…” espero sempre por revelações realmente únicas, façam justiça à unicidade da expressão. Algo do género “…que gosta de borrar ambos os pés descalços em bosta de vaca, calçar de seguida uns sapatos de vela sem meias e ir à missa com uma galinha a tiracolo recitando palavra sim palavra não da versão não censurada do “Matracas da Minha Avó” de Celso Abrantes de Alforge?” ou “…que aprecia o Leitão Assado do Continente?”. Opá, coisas verdadeiramente únicas que realmente mais ninguém ache. O problema é que no mundo real as pessoas dizem “Sou eu o único a achar mal a fome em África?” Também há fome na Europa, senão a restauração seria uma área de negócio vetada ao insucesso. Eu próprio proferi assim impropérios e um que me lembro de repente foi ali no inicio a meio dos anos 90 em que poluía o ar em redor dos meus pares com “Serei eu o único a adorar Bad Taste e este novo realizador Peter Jackson que é o gajo que faz filmes que apelam mais aos meus gostos pessoais e àquilo que espero num filme para me entreter?”. Ninguém sabia do que estava a falar. Fiz uma página na internet com uma conta num servidor da faculdade. Arranjei 4 amigos virtuais no cyberspaço que corroboravam a minha visão da cinefilia e um deles nem falava português. Muito menos ler a minha excelsa página HTML com um gif animado amarelo que dizia “new” e um senhor das obras de estrada ao fundo com a indicação “Em permanente construção”. Depois apareceram os foruns, os blogs e as redes sociais e encontrei os meus irmãos perdidos, aqueles que parece que pensam exactamente como eu em assuntos de cinema, se bem que ocasionalmente os apanho a dizer que os refugiados é tudo terroristas a cheirar a chamuça, a partilhar frases da Chiado Editora e opinar artigos de jornal sem os ler.
Final de Outono de 1986, Quarta-feira, noite húmida e fria sem chuva. Fui o primeiro miúdo da minha rua a ter um videogravador e não tive que esperar muito para que um amigo seguisse o meu caminho. A partir daí criámos um poder avassalador, desconhecido nas redondezas até à data: copiar filmes do videoclube para os podermos manter até ao final dos tempos na nossa posse. E com isto começou a minha obsessão. Qual curador do MoMA, fui catalogando o produto daquela primitiva pirataria e comecei a fazer trailers dos que mais gostava. Ora, a minha ideia de trailer era meter as melhores partes em segmentos que podiam ir dos 2 aos 5 minutos. Normalmente de filmes hiperviolentos do pós-apocalipse e sempre com decapitações e intestinos expostos. Um dia chegaram à aldeia duas primas de Lisboa de um amigo que pensou que seria boa ideia, para as impressionar, irem a minha casa ver um filme do cinema. “O gajo tem lá filmes que podes escolher e ver o que te apetece. Até podes parar para ir fazer um xixizinho.” As sofisticadas jeitosas da metrópole sentaram-se e eu meti então a minha cassete de trailers para que pudessem escolher. Pensava eu, nos meus modestos inexperientes 14 anos, que os meus gostos eram os mesmos de toda a gente e se eu achava que era bom, todos achavam. Bem, erro fatal. Começaram a passar os clips de 2020 Gladiadores do Texas, Os Salteadores de Atlantis, Os Implacáveis Exterminadores e She A Raínha da Guerra e do Amor. E aquilo era tudo à base de freiras a ser violadas, motards decapitados, setas a atravessar crânios, pessoas trespassados por carros com espigões e muita gente a ser queimada com lança-chamas. Material do género deste post que publiquei há uns anos – The New Barbarians (1983) – Walkthrough. A cassete não chegou ao fim e a última frase que ouvi antes do bater violento e apavorado da porta da rua foi “Credo, que só cá tens cabeças!…”. Todos nos rimos nervosamente em tom jocoso com aquele desconhecimento que os rapazes adolescentes têm acerca das mulheres, e que continuam a ter até ao dia em que lhes ponham uma campa em cima. E perdemos a oportunidade de uma bela tarde de marmelanço e apalpanço, porque elas não queriam realmente ver filmes, queriam um lenho túrgido da província para afagar por cima das calças enquanto ficavam com os queixas dormentes de tanto intenso linguar.
Chegou aquela altura do ano, aquela época festiva em que somos obrigados a engolir filme atrás de filme antes da cerimónia dos Oscars. Janeiro, um tímido e curto mês para enfardar biopics, “based on a true story”, aleijadinhos, entrevados, deficientes, o primeiro gajo a fazer não sei quê, a história cativante da primeira mulher a aventurar-se num submundo manhoso de homens, o regresso de um actor enterrado no entulho há vinte anos, a tentativa anual do Leonardo DiCaprio de ganhar um Oscar, as piadas à volta disso, aquele blockbuster caríssimo que é nomeado a três categorias técnicas e só ganha melhor som, uma criança que pode ou não ganhar e surpreende todos com um discurso inspirador, um blockbuster disfarçado de art-house que os parolos confundem e o filme do ano do Alejandro González Diñeiritu. E temos mesmo que os ver agora, porque senão só daqui a dois anos na caixa do 0.99 do Jumbo.
Não sou apologista das reviews a curtas metragens porque é um exercício redundante a vários níveis; não é a minha especialidade, a curta é um submundo próprio que a plebe (onde me insiro) pode apreciar mas a cultura é profunda e muito bem caracterizada Ora, desta vez irei abrir uma honrosa excepção para uma película que vi no festival Caminhos do Cinema Português aquando da sua passagem por Coimbra. Uma curta entitulada de A Lei da Gravidade que deambula pelo forte filosofar que tantas vezes nos massaja as têmporas com as eternas dúvidas acerca do cinema português, da sua qualidade, do seu passado e futuro.
Está quase a fazer uma semana que me desloquei do recato do meu lar a uma estreia de Star Wars às 00:01, com o único intuito de não ser apanhado no jogo de spoilers que se estava a preparar na Internet. Comprei o bilhete com antecedência e fiz-me acompanhar com uma bela dose de optimismo para ver o que iria a Disney fazer ao Star Wars que tanto amamos. Resta-me dizer, para aqueles que ainda não viram e por isso não vão continuar a ler, que foi uma terrível desilusão, uma traição e o mais desonesto saca euros de que há memória. Passo aos spoilers propriamente ditos e se não viram ainda, retirem-se desta casa ou vejam outra review. Gajas em pelota nos peitinhos da quinta, por exemplo.
Andava Chewbacca numa mercearia e escolher fruta para uma festa de Natal que iria organizar em casa quando a seu lado se assomou uma criança. Sorrindo para a gentil besta peluda, a criança abriu a boca e deixou sair um sonoro e esganiçado “grawwrrwwaurr”. Chewbacca rolou os olhos e perguntou. “Gostaste do filme puto?”. O miúdo meio atordoado de ver Chewbacca a articular palavras humanas responde “Humm… Filme?”. “Sim, o filme!”, diz Chewbacca a ficar irritado com a perda de tempo. “Não sabia que também havia um filme. Só tenho tua máscara, os Legos, os bonecos, as t-shirts, as meias, as cuecas, um tapete, mobiliário, a decoração do quarto, o relógio, papel higiénico, papel de alumínio, frangos assados do “Reino da Frangália” com embalagem em carbonite, aqueles novos sacos para apanhar a merda de cão, o shampôo que uso quando acaba o bom, serviços de louça, faqueiros, uma fiambreira que faz os sons de Tie Fighters para a frente e dos X-Wing para trás, o casaco do meu cão, a capa do telemóvel da minha mãe, as chinelas de quarto do meu pai, uns balões muito fininhos de marca control que minha mãe tira do fundo da gaveta para quando o Sr. Anacleto da farmácia lá vai a casa entregar o Ben-U-Ron, as novas embalagens de Ben-U-Ron e um conjunto de agricultura macrobiótica para ambientes árticos que o meu pai comprou porque estava com 40% de desconto”.
Ao trigésimo dia do mês de Novembro do ano do Senhor 2015, eis que me vejo incumbido de cumprir o honroso dever cívico e patriota de assistir ao documentário do Capitão Falcão e do excelso Presidente António. Um documentário que transforma jovens desmotivados em ferramentas da nação, explicando com seriedade e clareza o que é ser um verdadeiro português, inatingível por qualquer arma, seja de raios ou de ideias. É certo que me senti desconfortável ao ver-me rodeado por jovens barbudos, indumentária desportiva casual que não honra a pátria, um nauseabundo cheiro a sovaco e de semanas inteiras a usar os mesmos piúgos. Que estaria tão nefasto exército de comunas a fazer naquele sacro santo documentário? Seria um golpe em preparação? Havia até mulheres que se riam descontroladamente fazendo com que as seus bojudos seios abanassem descontroladamente pela falta de decoro de não usar soutien. Como duas montanhas horizontais de robustez carnal. Mulheres de calças que se encontravam acompanhadas por outras mulheres, certamente tinham na boca ainda com o sabor ácido de quem passou o jantar a brincar aos ginecologistas manetas. Assustado não estava, porque o vigor lusitano que em mim corre trataria de desfazer qualquer rebelião com meia dúzia de chibatadas do meu cinto da serra da estrela, curado por pastores nacionais e feito de gado lusitano.
Nota-se que os efeitos especiais são bons quando as fotos casuais dos making ofs são tão realistas como as cenas do filme em questão. Aqui um jovem Spielberg prepara a magia que meses mais tarde nos haveria de meter chorar como putéfias arrependidas. Nesta foto parece que ET se encontra enfadado de esperar eternamente que acabem de preparar a cena e não será alheio às constantes viagens ao carrinho da vodka.
Jennifer Connely. As mulheres chamam-lhe gordurosa, que tem mamas de vaca gorda, que depois as tirou e parece uma escanzelada, que tem umas sobrancelhas que mais parece uma idosa da Arménia ou das montanhas da Abissínia, que tem farta bigodaça, cara de sonsa, “ai se apanho o meu marido a olhar para aquela galdéria eu nem sei o que lhe faça”. Em relação a ela os homens só dizem “Humpff!” com um acentuado défice hematológico nos lóbulos cerebrais e uma braguilha que teima em não se deixar abrir. Deixo-vos uma bela sequência do filme “Inventing the Abbotts” de 1997, do tempo anterior à redução mamária que tanto luto nos trouxe.
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