Um dos exemplos que dou com mais frequência para ilustrar o aumento do custo de vida nos últimos 25 anos é a ida ao videoclube. Quando era jovenzito era bastante comum estar em casa à sexta, pedir ao meu pai para me levar ao videoclube para escolher um ou dois filmes. Domingo à noite lá estávamos para o devolver. O custo no orçamento familiar de uma destas operações era muito baixo, praticamente não se contabilizava o preço da gasolina. Estamos a falar de distâncias que podiam ir dos 35 aos 40 Kms, ida e volta. Hoje, se ainda existisse essa sagrada instituição que é o videoclube, o preço seria diferente. Vamos dar aqui um valor de 3.5€ por filme. Num carro normal, prevendo metade desse circuito em cidade, o valor do combustível seria aproximadamente 6 euros. Muita coisa mudou, coisas boas que nos aumenta a qualidade dos visionamentos. O que não existe já é ansiedade boa da antecipação de ir buscar os filmes. Sniff… Adiante, falemos de filmes.
Um dos meus filmes de terror preferidos dos anos 80 é House. Tive o prazer de o rever recentemente, a primeira vez sem ser em VHS ou no Cine-Mariani de Monte Gordo. Entrei a medo porque muitas vezes estas recordações boas de infância revelam-se bostas secas ao sol quando revistas. Não foi o caso. Este entra naquelas recordações de infância que apreciamos e percebemos que o filme tem mais dimensões do que aquela aproximação simplória que lhe fizemos na adolescência.
House mistura a comédia de terror, um dos meus géneros preferidos, com o sindrome pós-traumático dos combatentes do Vietnam. O protagonista é um célebre escritor que perdeu o filho recentemente num bizarro acidente. O miúdo desapareceu numa piscina e ninguém percebe porquê. A mãe, esbelta actriz de firme marmelo, separa-se do pai porque o culpa pelo acidente. Este, procurando solidão para escrever as suas memórias dramáticas da guerra do Vietnam, refugia-se na casa da tia recentemente falecida. É quando se dá a mudança que o escritor percebe que a casa não é o que parece ser. Quer dizer, é o que parece ser porque parece uma casa e é também uma casa. Tem é uma característica chata para proprietários e inquilinos: possui um portal para uma negra dimensão das trevas e tende a deixar entrar criaturas nefastas dos círculos mais horrendos dos infernos. Tirando isso, é muito boa. Localização, infraestruturas, canalização recentemente remodelada e aquecimento central.
Isto explicado assim parece coisa pesada e propensa ao borramento compulsivo de cueca. Não é. É uma comédia muito leve, com momentos de romance e ternura das crianças. Mesmo quando se está a decepar, mutilar, esquartejar, enterrar vivo ou simplesmente degolar. Um filme de bons meios, muita animatrónica, efeitos de make-up acima da média, actores de primeira e uma qualidade excepcional de arte. Vejam só o poster, um sonho.
Não sei se haverá Bluray disto, desconfio que não. Ou se houver serão daqueles DVDs redimensionados para sacar os 10 euros extra. Faz parte de uma série de 4, sendo que o terceiro nem sequer se chama oficialmente House, chama-se The Horror Show. Os filmes são histórias independentes, onde a narrativa se centra sempre numa casa com poderes especiais e horripilância.
Também revi a parte 2, de seguida, e brevemente falarei dele. Apesar de ser sequela e ser também da área da comédia é outro tipo de filme. Também bom, atenção. Apenas diferente. Como a Naomi Campbel e a Claudia Schiffer, boas, diferentes e de outrora, mas que ainda marcham bem.
Bem tentei arranjar maneira de meter aqui uma piada de Dr.House, mas não consegui. Deixo multimédia sortida e o desejo de uma boa continuação.
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