A primeira ida ao cinema das nossas vidas é sempre polvilhada de magia e fogo de artifício. É um entrar num fabuloso mundo novo de assombro, uma dimensão paralela onde afinal tudo é perfeito. Independente do filme que se vai ver. Seja o Breakdance 2: Electric Boogaloo, o Naked Lunch ou o “Dois paus no cu da Avó”, é um filme que nos acompanhará até ao final dos tempos. Aos 106 anos, no leito da morte, com uma câmara da TVI apontada à nossa moribunda fronha e um clone de Manuel Luis Goucha a fazer perguntas como “Sente-se feliz por ir finalmente morrer?” somos incapazes de reconhecer qualquer uma daqueles idiotas que dizem ser nossos filhos e netos, mas o primeiro filme que vimos no cinema é projectado frame a frame de um hemisfério cerebral para o outro, incluindo trailers, intervalos e aquele pacote de Malteseres que conseguimos contrabandear porque havia ainda o bom senso de se proibir comida nas salas de cinema.
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Estava todo electrificado por dentro para escrever de cinema, das maravilhas e das desgraças de um qualquer filme que tenha visto ultimamente, mas o certo é que não tenho visto nada. Quer dizer, tenho dezenas de filmes em lista de espera na minha lista de rascunhos, mas nenhum deles iluminou sinapses no meu cérebro, todos eles me pareceram uma linha directa para aquela bola de assuntos disconexos e desinteressante bastante conhecido na blogosfera como “o post de merda”. Mas não ter nada para falar nunca me impediu de falar impiedosamente até as flores murcharem. Por isso hoje falamos do nada. Continue reading
Nos comentários de um post anterior fui confrontado com uma questão que, parecendo à primeira vista uma parvoíce pegada, tem o seu quê de profundo: “Então se afinal a Angelina Jolie é uma anorética de rabo liso com insuficiente volume hemofílico para manter a consciência depois de um orgasmo, seja ele vaginal, anal, clitoriamente induzido ou à bofetada.”, qual seria a minha sugestão para encabeçar uma nova geração de heroínas de filmes de acção? Depois de passar 3 dias na biblioteca municipal a consultar manuais de genética equidea e a grande enciclopédia das disfunções intestinais em bovinos de porte moderado , decidi debruçar-me sobre esta questão, que apesar de inútil não deixa de ser pertinente. Como de costume um top incompleto e sem numeração. Apenas 5 matulonas capaz de vos arrancar os tomates antes de acabarem de dizer “Acho que essa calças te fazem o rabo parecer maior!“
Michelle Rodriguez
O fogo latino jorra de si com tal imponência que a vontade de a ver esquartejar gente corre de lado a lado com a vontade de lhe ver as mamas. É a candidata natural que aparece sempre em primeiro lugar quanto tentamos pensar num action hero do sexo feminino. Ao contrário de outras mais lavadinhas e bem falantes, Michelle tem perfil para guerrilha, mato, actos selvagens na densidade das selvas equatoriais. Não se deixem enganar pelos lábios carnudos e pelo rabo desafiador de gravidade, pois esta garota rapidamente invertia os papéis e quando dessem por ela estavam amarrados a um radiador, com uma bola na boca e a serem comidos por trás com um strapon.
Várias vezes por ano acontece. Abro aqui a caixita para escrever, escolho um filme que tenho na lista de Drafts, escolho uma imagem e quando vou para escrever, nada. Nil, null, void, zero, nichts, népia… Não me ocorre um caralhinho para escrever. Umas vezes fecho a janela do blog e retorno à pornografia, outras ponho-me a desfiar frango para a eventualidade remota de me apetecer canja ao jantar. Mas o bloqueio de blogger é um assunto sério e não deve ser tratado de ânimo leve. É uma epidemia que merece a sua própria vacina, tão incómodo como uma erecção num jardim de infância.
Continuando para mais 5 filmes que não têm o crédito que merecem:
Last Action Hero (1993)
Schwarzenegger e John McTiernan apostam numa esquema narrativo inovador e num humor refinado baseado na referência cinematográfica, cultura pop e no status do próprio senador. Incompreendido pelas massas que esperavam outro Terminator abrutalhado, violento e desprovido de auto-crítica, falhou violentamente nas bilheteiras, foi largamente apupado pela crítica e, se não me engano e não me apetece googlar, ganhou os mais incompreendidos Razzies de que há memória. Last Action Hero é um filme intemporal, pejado de imaginação, complexo e será para sempre querido por todos aqueles que no início dos anos 90 ainda tinham o senador exterminador na sua lista de actores preferidos.
Filmes fabulosos espezinhados pelo passar dos tempos, porque o timing da estreia foi errado, porque algum elemento do próprio filme ofuscou tudo o resto. Todos nós temos uma lista de filmes que achamos ser menosprezados pela comunidade cinéfila mundial, filmes que mereciam um lugar nas estrelas e por vezes não chegam a ser um rodapé fugaz de um livro obscuro. Apresento-vos a lista de filmes que penso serem injustamente desconsiderados pela comunidade. Não os vou numerar. Esta é a minha primeira lista de 5 pérolas esquecidas.
The Adventures of Baron Munchausen (1988)
No fim de semana passado, meio adormecido, fiz um zapping preguiçoso pelos canais de cinema. Meu Deus, estariam os meus olhos a pregar-me partidas? Estava a começar a Fantástica Aventura do Barão. Esta obra prima de Terry Gilliam marcou a minha juventude e é um daqueles filmes que idolatro, mas que raramente encontro alma gémea cinéfila com quem possa trocar referências. Um inebriante cheirinho a Monty Python, como que a fazer ecoar a sua memória até aos dias de hoje. Terry Gilliam é, no mínimo, semi-deus. (Tirando os Irmãos Grimm, filme pelo qual merece ser torturado com uma pêra rectal*)
O mundo está cheio de incertezas, dualidades e falácias, mas existe um conjunto de verdades absolutas que nos prendem à realidade e nos ajudam a manter uma ancora de consciência. São os chamados alicerces existenciais, conceitos de tal exactidão que não podem nunca ser negados ou duvidados. Alguns exemplos são as leis da termodinâmica, a velocidade da luz ou o facto de todas as gajas que possuem gatos serem psicóticas. Outras verdades menos conhecidas, mas igualmente autênticas, são a constatação de que os tomos 3 e 4 do Super-Homem são filmes horrendos. Por isso mesmo alguém teve que meter mãos à obra e devolver alguma dignidade ao Super-Homem de Christopher Reeve, rasgando para sempre o tecido da própria realidade tal como a conhecemos. Ou algo do género…
Ser apanhado a ver Missing in Action é como ser apanhado a meio de uma sessão de masturbação, não há maneira de justificar de um modo lógico e coerente o nosso acto. Tudo parecerá sempre uma desculpa esfarrapada dada por um(a) crápula. Mas este filme tem mais elos com essa actividade lúdica tão popular que é o onanismo. Também ninguém admite que vê ou já viu Missing in Action e todos nos sentimos culpados no final. Poderíamos ter aproveitado este tempo perdido para fazer coisas construtivas… Numa altura em que a canonização de Chuck Norris se encontra praticamente concluída, resta-me revelar ao mundo um poderoso segredo perdido nos tempos. Uma verdade tão brutal que ameaça fazer colapsar toda a estrutura institucional do cinema de acção dos anos 80. Afinal Chuck Norris é mesmo uma lenda da bofetada ou é apenas mais um labrego de chapéu de cowboy?
No final dos anos 80 esperava-se ardentemente o tomo 3 da saga Rambo. Era uma ideia que nos dissolvia o cérebro por dentro, não nos deixava raciocinar para além da expectativa da matança anunciada que se aproximava, qual profecia divina. O Escolhido iria mais uma vez salvar os oprimidos naquele que seria, indubitavelmente, o maior banho de sangue da História. Eu e o Zé fizemos uma jura de sangue que iríamos ver o filme juntos, mal estreasse. Para nós não havia muita coisa sagrada. Trocávamos os livros do Patinhas, os discos de vinil (excepto o Master of Puppets e o Number of the Beast) e até as namoradas podiam ser emprestadas se tal fosse necessário. Mas as promessas de sangue eram para cumprir e se envolvessem o Rambo pior ainda. Mas nesse malfadado Verão, consumido por uma desejo incontrolável, fui ver o filme na primeira oportunidade que tive, sozinho, sem o Zé. A sombra da traição ainda hoje me persegue, como um nuvem do Apocalipse que ainda hoje me provoca um ligeiro desconforto a cada vez que vejo o Rambo 3.
Torci inicialmente o nariz a Fringe apenas porque a sequência inicial do episódio piloto me fez lembrar a eterna e infindável agonia que é o Lost. Isso e também porque me pareceu demasiado X-Files. Tinha muita série para ver, não me apeteceu o esforço de aturar a curva de aprendizagem inicial de qualquer série que não seja totalmente simplória. Há cerca de um mês voltei a dar-lhe uma segunda oportunidade. Glorioso HD (pois claro) e estou agora no episódio 18 da primeira série, por isso cuidadinho com os spoilers nos comentários. Não é de todo uma série perfeita, tendo provavelmente mais pontos negativos do que positivos, mas analisemos então com um pouco mais de detalhe nas linhas que se seguem.
Por muito que tentem comprar o título de que vos trago hoje não o vão conseguir. Porque este filme é um Fanedit. Um montagem alternativa de uma obra, feita por um fã de maneira a corresponder melhor às suas expectativas, e às de milhares outros fãs que por alguma razão não se sentem totalmente confortáveis com as versões originais. Exordium é um filme de condensa a primeira época de X-Files em pouco mais de duas horas, concentrando-se apenas na mitologia que serve de fio condutor a X-Files e deixando de fora os casos próprios de cada episódio. Continue reading
Todos nós temos que lidar com a existência de filmes no nosso plano dimensional que só por si justificamo fim da liberdade de expressão. Tudo bem, desde que não sejamos importunados por eles. Mas isso era antes. Antes de haver 1382 canais de TV e video on demands e infernais quantidades de conteúdo semelhante a uma lixeira a céu aberto que ejacula milhares de horas de programação de inenarrável fedor para dentro dos nossos lares sem pedir permissão. Elaborei uma lista de 5 desses filmes que toda a gente adora, mas que nos fazem secretamente sentir a gonorreia de mil leprosos a cada vez que os apanhamos num zapping.
5. Pretty Woman (1990)
Um principe encantado dos tempos modernos enamora-se por uma prostituta de rua depois de ter pago uma fortuna para não lhe tocar sequer. Nem uma mamada ou um dedinho curioso… Nada. Quando penso em putas de rua, daquelas que atacam à noite nas avenidas escuras das grandes cidades só me vem à cabeça o seguinte: herpes, gonorreia, sida, cocaína, heroína, toxicodependência, alcoolismo, dentes todos podres, hálito a cadáveres em decomposição desde 1996 e mais três tipos de Sida (daquela que corrói o latex). Daí a dificuldade que tenho em assimilar aquele argumento.
326.547 homens desembarcaram em várias praias da Normandia para livrar a nossa Europa do jugo totalitarista nazi., num evento conhecido como o Dia-D. 110.000 Morreram num prazo de uma semana naquela que foi provavelmente a maior batalha da humanidade. Só nos resta agradecer. Lamento, mas hoje não há deboche.
Não, não vi ainda Sex and the City 2. Nem sequer vi o primeiro. E se disser que vi três episódios completos devo pecar por excesso. E a razão pela qual eu estou disposto a fazer um post baseado maioritariamente em preconceito é o facto de não gostar de filmes protagonizados por transsexuais. Mas não é só por isso que não toco neste filme nem com um pau de 5 metros. É também pelas 5 razões que apresento de seguida.
A canibalização do sucesso alheio não é um fenómeno recente. Desde que os irmãos Lumière filmaram a criadagem a sair da fábrica que muita criadagem foi filmada a sair de algures. Nos anos 80, o sucesso de Gremlins catapultou para o grande e pequeno ecrã uma interminável lista de clones e ripoffs que viviam do encanto do Gizmo original e do seu bando de adoráveis demoniozinhos. O mais popular foi este Ghoulies, uma versão mais hardcore, levando o conceito mais adiante. Envelheceu mal, e ver este filme hoje é como olhar para uma foto close-up recente de Rod Stewart acabado de acordar num hotel tailandês depois de uma noite de cocaína, viagra e desfibrilhação.
Robocop é um clássico intemporal, um filme que é já uma instituição e um conceito que ultrapassa em muito as barreiras da sétima arte. Muito mais do que um dos melhores filmes dos anos 80, é também um dos melhores filmes de ficção científica da história do cinema. Mas há um segredo negro em Robocop, uma verdade escondida que todos conhecemos e temos muitas vezes vergonha de admitir em público. É que por muito viril e poderoso que seja o Murphy Robocop, há um personagem de tão infinito coolness que ao seu lado Murphy parece um pigmeu efeminado: o seu nome é ED-209…
Corria o ano de 1987. Meados de Julho. Já havia passado mais de um mês de férias grandes e a euforia lentamente se transformava num quase imperceptível tédio. Suave, mas a ganhar força. Eram 4 da manhã e eu, o meu amigo Zé e o meu primo João regressávamos de um baile de uma aldeia vizinha, onde fomos na esperança de ver pelo menos uma cover de Judas Priest ou Ramones. Recusamos várias danças e o balanço da noite resumiu-se a dois apalpões e a promessa de um aquecimento de pescoço lá mais para o final da semana. Chegados a casa decidimos meter um VHS alugado no dia anterior. O exorcista… Duas horas depois três teenagers apavorados jaziam imóveis num sofá, sem pestanejar, quase sem respirar, a esperar pela luz do dia. Só com os primeiros raios de sol ganhámos força nas pernas e o sangue voltou a fluir com naturalidade. Até ao dia de hoje continua a ser uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida.
Hoje não falo de filmes nem de deboche. Para quem não sabe, o product placement é a buzz word que define “colocar descaradamente publicidade em filmes, séries, jogos ou outros produtos de multimédia e entretenimento”. Outra coisa que eu quero dizer, e já que estou numa fase da vida de desabafo, é “Odeio a Apple”. E o mais curioso é que nunca fui cliente nem usei nada da Apple. Eu sei que tenho amigos e leitores completamente Apple-dependentes que mais depressa afagavam o testículo do Steve Jobs do que davam sangue à própria mãe. Mas não já estou num ponto de não suportar a ideia criada por Hollywood de que o único telemóvel do mundo é o iPhone, o único leitor de MP3 é o Ipod, os únicos portáteis são os Mac e agora esta insuportável pasta de merda seca que é o Ipad.
Ideia para filme arraçado de BD: Um arqueólogo encontra um túmulo perto do Vale dos Reis, Egipto. Ao entrar na câmara proibida encontra duas maldições: a do Escaravelho de Mármore preto e outra que não consegue decifrar. Anos mais tarde começa a aperceber-se que está a ficar com poderes. Transforma-se no Homem-Escaravelho, capaz de criar e enviar quantidades incríveis de excrementos acomodada sob a forma de bolas. De dia é o mais notável arqueólogo do planeta, de noite combate o crime atirando gigantescas bolas de merda paralisantes ou explosivas. O seu esconderijo é na pirâmide de Gizé, onde tem um exército de 200.000 hamsters a produzir energia eléctrica e toneladas de fezes para os seus gadgets…
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