Desde 24 de Junho de 2003

Category: Cinema (Page 10 of 26)

Porky’s (1982)

Nenhum filme exemplifica com tanta fidelidade a violenta efervescência hormonal pós-puberdade como Porky’s. Ver este filme foi durante muitos anos ritual de iniciação do jovens imberbes ao fabuloso mundo do deboche que prometia um futuro radiante pleno de sexo sem fim à vista, tal manual de iniciação para saber como não agir numa casa de alterne e para gerir erecções involuntárias. Além disso servia como detector de receptividade sexual, uma vez que todas as gajas que se rissem das badalhoquices e que engolissem em seco durante as cenas mais eróticas eram garantidamente carne para canhão.

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Død snø (2009)

Zombies Nazis. O que é que neste conceito pode falhar? Nada, obviamente. Um país famoso pelo arenque, bacalhau e a fabulosa qualidade de vida que aparece sempre no telejornal a cada vez que se fala que Portugal é uma desgraça de país, seria a improvável pátria de um dos melhores filmes de zombies que vi ultimamente. Mas depois pensamos nas bandas de Black Metal satânico, nas taxas de suicídio e naquela gaja dos Abba* que nunca depilava os sovacos e tudo faz sentido.

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Babylon A.D. (2008)

Franceses, não se pode viver com eles, não se pode viver sem eles, não se pode amarra-los a uma pedra e manda-los para o fundo do mar mediterrânico. Apesar de pretensiosos e pouco afáveis, são exímios em queimar carros, comercializar improváveis queijos e fazer filmes com alguma substância. O que não é o caso deste filme que vos trago hoje, que apesar de vir de um talentoso Mathieu Kassovitz e financiado pelo poderio  Hollywoodiano, acabou por morrer na praia. Sem honra nem glória. Como um malabarista de motosserras atacado por Alzheimer fulminante.

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The Girl with the Dragon Tattoo (2009)

Estava sentado em casa a pensar em 15 formas diferentes de servir esparguete quando me senti irreversivelmente atraído pelo vórtice de especulação e marketing hardcore em volta da celebrada trilogia do defunto Stieg Larsson. Adquiri o primeiro volume em formato ebook e durante uma semana a pouco debulhei-o como uma pastor alcoolizado numa banca de cassetes piratas. Depois pensei “Ah, que rico livro”. Anestesiado ainda pela força gravitacional do fenómeno, e também porque às vezes não sou muito esperto, embarquei na parte dois desta idiotice, que é ver também o filme e comparar aquilo que todos sabemos ser incomparável. Não digo que tenha ficado desagradado, mas depois de ter sucumbido tão estupidamente ao encanto da publicidade, já não posso dizer claramente que estou em pleno controlo das minhas capacidades.

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The Wicker Man (1973)

Se é verdade que o estilo “blockbuster charlatão e untuoso” vive da contemporaneidade e do cutting edge tecnológico fazendo parecer velho um filme com dois anos, o mesmo não se pode aplicar a um filme que vive de narrativa e engenho criativo. É que antigamente também se escrevia. Usavam-se uns artefactos oblongos chamados “canetas” que estampavam caracteres directamente no papel sem necessidade de impressora. E escrevia-se com muita qualidade, por estranho que possa parecer. E que o digam os produtores da Hollywood actual, que conseguem simular virtualmente a vida, o universo e tudo mais, mas quando precisam de uma história que não envolva tiroteio despropositado e aniquilação de meia Nova Iorque  por entidades imaginárias têm que se virar para os argumentos de outrora, nem que seja para lhes fazer o downgrade de excelência para brainless action movie de tiroteio despropositado e aniquilação de meia Nova Iorque entidades imaginárias.

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¡Three Amigos! (1986)

Muitas vezes cai-se em excesso de saudosismo e nostalgia em relação aos anos 80. Tal é o poder obscurecedor destes sentimentos de quem chora os idos 80s que se confunde frequentemente nostalgia e saudosismo com qualidade. Mas não podemos cometer este erro. Eu vivi intensamente os anos 80, como podem perceber pelo blog, mas era feliz porque era um jovem sem preocupações a quem a vida correu bem. Porque a maior parte das coisas dos anos 80 eram terríveis. Os supermercados só tinham uma marca para cada produto, a tecnologia era cara e inatingível a quem não fosse dotado de um bom pé de meia, a oferta de conteúdos multimédia era espartana e as miúdas não se depilavam. E assim como hoje em dia também há miúdas que não se depilam e comédias que apelam ao vómito fácil, também nos anos 80 se fizeram algumas obras de gosto duvidoso, que tinham tanto de genial como de pateta.

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Videodrome (1983)

Não há dia que passe sem um iluminado nas ciências do comportamento vá a um noticiário da TV dizer que a Internet nos está a roubar o cérebro. Que a quantidade de entretenimento e tecnologia que nos obriga a constante multitasking nos está roubar a imaginação e capacidade de raciocínio. Se isso é verdade não sei, porque costumo estar a enviar um sms, a ler o rodapé do telejornal, a colocar “likes” nas fotos dos meus amigos, a tirar fotografias pela janela da minha vizinha em cuecas e a aprender uma língua estrangeira na PSP enquanto esses senhores falam.  Normalmente saco depois o podcast para armazenar no disco e nunca mais ouvir. Videodrome avisou-me que isto ia acontecer mas eu não quis acreditar. Hoje em dia quanto mais CGI porn vejo nos blockbusters actuais, mais idolatro Videodrome. Mais do que um filme visionário acerca dos malefícios da multimédia para o nosso livre arbítrio, Videodrome é uma obra prima que marca o início do reinado da “nova carne” de Cronenberg.

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High Fidelity (2000)

Existe uma fase das nossas vidas em que, definitivamente, High Fidelity é o filme preferido. Aquela fase em que jogamos as últimas cartadas no jogo da sedução, quando queremos acumular o record do mundo da poligamia ao mesmo tempo em que nos queixamos que não encontramos o verdadeiro amor. É um fase de depressão moderada, curada à custa de coito ininterrupto, drogas leves e o ocasional coma alcoólico. Não percebemos o que realmente queremos e estragamos tudo com o típico egoísmo pré-trintão. E é aqui que entra High Fidelity, o manual de instruções para o jovem e celibatário  trintão, o caminho para a bonanza depois da tempestade. Um filme do tempo em que oferecer um CD gravado com capa a cores contava como prenda a sério.

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VHS for dummies!

Há uns dias percorria os sempre hilariantes foruns de suporte da Zon quando me deparei com um fabuloso post onde um cliente se queixava que as boxs HD+DVR gastavam tanta electricidade ligadas como desligadas. A resposta pronta de um moderador oficial foi que “é necessário que assim seja para que o equipamento possa estar sempre pronto a gravar”. Um outro utilizador retorquiu,e com toda a razão, que já em 1986 os gravadores de vídeo faziam esse exacto trabalho sem precisarem de artifícios preguiçosos com o absurdo consumo das ZonBoxes. E neste argumento este prezado utilizador se viu desamparado, porque dos poucos utilizadores que sabiam sequer o que era um gravador de vídeo, não havia nem um que o sabia programar para gravação temporizada. O que me levou a este tópico que noto fazer falta na Internet: Rebobinador? Será mesmo necessário ou é mais um mito urbano?

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Machete (2010)

Chega ao fim mais um ano. Na minha lista de rascunhos procurei algo que estivesse pendurado injustamente. Pesco este Machete que mantive em banho maria por demasiado tempo. Não posso dizer que Machete seja a minha paixoneta cinematográfica do ano porque sou uma pessoa com grande dificuldade em demonstrar entusiasmo ou qualquer estado emocional que requeira algum nível de euforia. Mas que Machete foi um belo filme de 2010, isso não podemos negar. Não será certamente uma mensagem inspiradora que possa criar benevolência e ondas universais de filantropia. Não. É apenas divertimento no seu estado mais puro. Mas atenção, não é divertimento para todos, é para quem o conseguir inserir no seu lugar. E também é o uso mais divertido de um intestino humano desde o Braindead de Peter Jackson em 1992 ou as filmagens de Tomás Taveira em 1989.

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The Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension (1984)

O género cinematográfico “alienígena escaganifobético” não é um exclusivo dos últimos anos. Cada época, cada cinematografia ou onda tendencial tem os seus exemplares. The Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension é um delírio dos anos 80, uma obra de tão genial bizarria que não podemos evitar fazer constantemente a pergunta “Como é que alguém autorizou tal coisa?”. Rock star, neurocirurgião, físico quântico, herói da banda desenhada e aventureiro. Apresento-vos Buckaroo Banzai, herói nipo-americano capaz de salvar o planeta Terra das garras dos demoníacos seres da oitava dimensão, todos chamados John.

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2001 Descodificado – Porque é que HAL 9000 enlouqueceu?

Nos dias que correm é comum algum amigo info-nabo nos dizer “Ai, ai, o meu computador anda doido!…“. Mas apesar de tudo, essa epidemia de insanidade informática que parece afectar apenas talegos é uma metáfora para “Sou burro mas nunca me apercebi e andei a mexer onde não devia. Agora fodi o meu computador e ando à procura de algum amigo informático que possa perder várias noites do seu precioso tempo livre para o arranjar. De borla…” Existe no entanto uma pessoa que se pode queixar literalmente da loucura do seu computador: David Bowman, o único sobrevivente do ataque provocado pela insanidade de HAL 9000. Mas porque é que HAL se revelou um autêntico psicopata, matando o colega de Bowman, Dr. Frank Poole, juntamente com os três astronautas em hibernação na Discovery?

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O peso da idade – Chewbacca à Sexta!

Trinta e tal anos depois, Chewbacca e Leia volta a encenar o momento que os fez famosos nos foruns de fanboys pela Internet fora. Com um quilos a mais e com Chewbacca a denotar algum desgaste na prótese total paga por um famoso apresentador de um talk show, podemos finalmente interiorizar que se há algo com que não devamos mexer é com as nossas memórias de infância. Será agora muito mais complicado encebar o mastro e fantasiar com a Princesa Leia. Mas não de todo impossível… Os créditos vão todos para este artista. Há lá mais fotos e bem mais ousadas. Já ouviram falar da posição Wookie Style? Está lá…

Get Him to the Greek (2010)

Nos anos 80 o humor era dominado pelos irmãos Zucker e pelos seus alucinados filmes propulsionados a Leslie Nielsen, lenda da comédia que há pouco nos abandonou. Nos anos 90 os irmãos Farrelly dominavam o mercado com filmes desvairados com excesso de fluidos corporais para o gosto de toda a gente. Nos dias que correm o humor mainstream americano parece ser dominado comercialmente pelas comédias Apatow, uma espécie de Saturday Night Live 2.0 que vive  do excesso de explicações para situações banais da condição humana, de  desconforto circunstancial e da aproveitação abusiva de substâncias alteradoras de consciência. Comum a todas estas épocas estão os artifícios narrativos desonestos e excessivamente reciclados, o problema é que eu estou a ficar velho demais para achar piada a um badocha drogado a enfiar uma bola de cocaína no cu depois de se ter vomitado para cima do seu próprio casaco.

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2001: A Space Odyssey Descodificado

2001: A Space Odyssey de Stanley Kubrick é um dos melhores filmes de todos os tempos, facto indiscutível. Seja num top 100, 50, 10 ou mesmo 5, este tem que lá estar. Apesar de ser um filme de colossal magnificência é também um dos mais incompreendidos  da História do cinema. O que se passa? Qualquer aspirante a cinéfilo o quer ver, e uma vez visto passa-se rapidamente do desencanto à decepção. Mas quer se goste ou deteste, quer se compreenda ou não, o filme fica a martelar no cérebro. Um latejar omnipresente que nunca mais nos largará, como aquela luz vermelha de HAL. Que filme é este? O que é que ele nos quer dizer?  Poderei sacar gajas à sua conta? Passemos então à desmistificação e descodificação deste que é o clássico dos clássicos. Escusado será dizer “SPOILER ALERT“!

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The Incredible Shrinking Man (1957)

Uma das minhas mais remotas memórias de serões televisivos é deste magnífico filme de Jack Arnold, mais concretamente da cena em que um homem minúsculo combate ferozmente uma aranha peluda. Lembro-me de o ter visto no “Segundo Canal” e ainda não sabia ler, tinha que ser o meu pai a explicar-me o que diziam as legendas. Ora feitas as contas, foi ainda nos anos 70… Eram noites frias de inverno sem aquecimento central e televisão a preto e branco sem controlo remoto. Era um tempo anterior ao tempo em que a simples ideia de aparar pêlos púbicos parecia um conceito de ficção científica.

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The Hurt Locker (2008)

Nunca fui apreciador de Oscars ou eventos de atribuição de prémios em geral, porque não gosto que decidam coisas para mim. Mas como não vivo numa caverna do Azerbeijão acabo sempre por levar com as avalanches de notícias relacionadas com estes eventos nos dias seguintes. É complicado tentar perceber factos concretos, porque parece ser mais importante o estilista de determinada actriz, informação de box office perfeitamente inútil ou rumores que envolvam invariavelmente Angelina Jolie e a sua atarefada vagina. Mas estranhei o OVNI vencedor deste ano, com aquela sensação que todos conhecemos, que é ver um cavalo sentado num sofá a beber chá numa reunião da Tupperware.

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Sherlock Holmes (2009)

Quando em 2004 estreou a série House M.D., os seus criadores não tiveram pejo em admitir a sua principal inspiração para tão exótico personagem: Sherlock Holmes. 6 anos depois é a vez do rabo torcer a porca. Fomos então presenteados por um Sherlock Holmes fortemente baseado no Dr. House. Inteligente, mestre da dedução, irascível, controlador, possessivo, violento, sem aparentes princípios morais ou o mais pequeno sinal de respeito pelos seus iguais, permanentemente ensopado em opiáceos e com a fantástica capacidade de transformar um pedaço de aparente solidariedade em mais um acto de cruel egoísmo. E é por isso que o amamos.

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Bruce Campbell (Hail to the king, baby!)

Sou um gajo mais direccionado para realizadores, directores de fotografia ou outros cargos menos cénicos e confesso que dou menos valor a actores. Temos actores terríveis que sob a batuta certa desempenham papéis excepcionais. Vejam o exemplo de Ben Stiller, o mais insuportável traste a caminhar a Terra. A cada filme dele o meu coração morrer um pouco. Mas sob a direcção de Wes Anderson em The Royal Tenenbaums fez um trabalho exemplar. Ou Jeremy Irons, em tempos visto como a excelência, hoje em dia anda de cuecas em produções mainstream cujo índice de pirosice parece sair fora do gráfico.

Mas enquanto o meu lado direito do cérebro perde tempo com estas hesitações idiotas a afirmar não ter actores favoritos, o outro lado tosse levemente para chamar a atenção e sussurra de modo sexy «Bruce Campbel». E de repente se faz luz. Quem mais? Quem mais poderia escolher para actor favorito e icónico senão este anti-herói nato, mestre chacinador de zombies e com uma tendência para o lado negro. Ficam três filmes do mestre. Salvo seja…

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Scott Pilgrim vs. the World (2010)

Correio dos leitores: Querido cinemaxunga, há uns tempos o meu marido pediu para lhe meter o dedo no ânus enquanto fazíamos amor e ele disse nunca ter tido um orgasmo tão intenso como nesse dia. Passados um dias pediu-me para ser mais audaz e uma coisa levou a outra e a semana passada os vizinhos chamaram a policia e levaram-nos o casal de contorcionistas vietnamitas especializados em casais, um anão malabarista, um touro mecânico de marca Virix com as extensões Falix 2 e GigaFalus, um conjunto de buttplugs com crina de cavalo em forma de monumentos nacionais e um pé de borracha com meia perna  (modelo realista Cristiano Ronaldo com 3 modos de vibração). Tivemos que passar a noite na prisão, coisa que não nos teria incomodado não fosse uma corrente de ar incómoda e persistente. Percebemos na altura que deviamos ter comprado os fatos em cabedal e em vez de PVC que deixa passar o frio. Tivesse trazido a chave das algemas e poderia ter ajudado o meu marido que se viu impedido de protestar devido a um bocal de bola asfixiante (com ventilação assistida, obrigatório pelas leis da UE) e coleira com trela que os polícias insistiram que mantivesse para as fotos. A minha dúvida é: vale a pena ir ver o Scott Pilgrim ao cinema? Ou devo esperar por um dengoso domingo à tarde na TVI?

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