CinemaXunga

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Red State (2011)

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Todos nós odiamos os Estados Unidos da América como odiamos o nosso dealer, sentimos um revoltante repúdio mas não conseguimos deixar de consumir os seus produtos. Basta ver as notícias com regularidade para perceber que ideologicamente alguma coisa está diabolicamente distorcida do outro lado do Atlântico, seja porque houve mais um puto a dizimar duas turmas do liceu ou porque foi adoptada mais uma medida belicista de agressão externa para permitir que os preços do petróleo se mantenham constantemente em valores altíssimos. Apesar de ninguém resistir aos encantos belicistas deste belo povo que não abdica do ocasional incesto com fins reprodutivos, é na religião que aparecem as maiores barbaridades. O seu Deus é baseado num conceito muito elástico que se parece moldar perfeitamente em redor do seu modo de vida ao mesmo tempo que conjura as labaredas do sétimo patamar do Inferno para todos os que não concordem com o American Way of Life. E é este terreno pantanoso das barbaridades feitas à sombra da religião e de um Deus castigador que Kevin Smith nos apresenta, numa América profunda, ignorante e fortemente racista. Sem Silent Bob nem nenhum Clerk, apenas a frieza de uma fé punitiva e de uma guerra que põe frente a frente dois tipos de insanidade diametralmente opostos mas igualmente devastadores.

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A Casa do Sr. Penetra: Reality Show Porno

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Por esta altura já se percebeu com bastante clareza aquilo que as pessoas esperam de um reality show da TVI. Não vale a pena contornar a questão com desculpas esfarrapadas, manipulações mediáticas ou conversas apinhadas com tantas conotações sexuais que nem se percebe o seu real sentido. As pessoas querem ver sexo. Querem ver foda, como se dizia antigamente. Querem ver  símios libidinosos amestrados a copular, cobertos de fluidos corporais, felácios a torto e a direito, bolas chinesas, buttplugs e a ocasional asfixia auto-erótica. E se as passagens de ano de toda a gente tiverem que ser arruinadas por um reality show, que seja uma majestosa apoteose com orgias entre concorrentes e público, duplas penetrações com anões e palhaços e uma apresentadora multitalentosa que além de esplendida capacidade comunicacional consegue atingir uma garrafa com uma bola de ping pong a 25 metros, sem usar as mãos…

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Conan the Barbarian (2011)

Todos aqueles que conviveram intimamente com os Conans de Schwarzenegger nos anos 80 ficaram aterrados com a ideia de um remake. Não só por se tratar de um remake de um filme que fez de nós mais homens, mas por ser pura e simplesmente um remake. Convenhamos, não haverá maior abominação neste planeta do que um remake. E se um remake a um filme de merda já é condenável, um remake a um clássico da nossa juventude é como uma violação em grupo num daqueles dias em que hemorroidal não está no seu melhor estado. Não é que os Conans originais sejam grande especialidade, mas são os nossos Conans, bolas!  Aqueles que nos mostraram as mamas da Sandahl Bergman, da Olivia d’Abo ou da Grace Jones. Mas nenhum desses pares de mamas se revelaria  maior que o de Schwarzenegger, numa fase em que o seu corpo tinha mais hormonas de cavalos do que grande parte do cavalos da altura.

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Super 8 (2011)

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No final da sessão do Captain America mal consegui conter o vomito até chegar à casa de banho do cinema. Enquanto cabritava restos do almoço em convulsões tão poderosas que poderiam deslocar facilmente uma omoplata a um iniciante das artes do gregório, um amigo que foi comigo ao cinema colocou a sua mão no meu ombro e disse bondosamente “Oh Pedro, há mais filmes no mundo. Não gostaste deste podes sempre ver outro.” Ergui a cabeça, racionalizei no que ele tinha acabado de dizer, levantei-me e dei-lhe uma cabeçada no nariz. Antes de ele ter tempo de bater com as costas no chão, já o meu pé o esperava e assim foi de pontapé em pontapé até à outra ponta dos sanitários quando a sua cabeça foi violentamente impedida de prosseguir por uma parede de mármore. Enquanto lhe desfigurava a cara inconsciente numa sucessão de uppercuts, sussurava-lhe aos ouvidos as palavras “Quem te disse que me podias acompanhar para a casa de banho dos homens? E quem te disse que me podias tocar?” Horas mais tarde, quando acabava de o enterrar num monte ali para os lados do Pinhal de Marrocos, pensei “O Cabrão tinha razão. Posso ir ver outro filme e salvar o dia”. Fui novamente para bilheteira, comprei um bilhete para o “Super 8”, respondi com um “E se fosses levar no cu?” à pergunta “Vai querer pipocas também?” e entrei sala adentro na esperança de um mundo melhor, um mundo onde a paz finalmente reinará, onde as nossas crianças possam jogar Carmageddon sem precisarem de mentir acerca da sua idade real, onde uma fibra sintética à base de polímeros de carbono possa substituir a exploração inumana de alpacas na américa do sul para a produção de lã e a prática sexual conhecida como minibus (dois à frente, cinco atrás) deixe finalmente de ser tabu.

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A Cristina nunca viu o Seinfeld

Irmãos, a Cristina nunca viu o Seinfeld! Os mais desatentos perguntam enraivecidos quem é a Cristina mas quem está mais familiarizado com as Indústrias Kramerica ou com a obra de Art Vandelay não quer saber quem é a Cristina. Eu próprio já fui assim, enraivecido com aqueles que não seguiam a minha via (o caminho da rectidão e da verdade) mas neste momento não sinto ira para com os irmãos que, tal como a Cristina, se afastaram a luz e da sensatez, daqueles que nunca conheceram a sapiência do Nada, daqueles que veem a sua vida desaparecer nos tentáculos do Friends, Will and Grace ou mesmo aquele instrumento de Satanás que visa transformar mulheres em trastes horrendos potencialmente inúteis e serventes do Demónio chamada “Sex and The City”.

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Apollo 18 (2011)

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Ainda há muita gente que não compreende como é que uma civilização que soube ultrapassar obstáculos de infinita complexidade para meter pessoas a passear na lua não é capaz de conseguir arranjar uma solução eficaz para acabar com a epidemia de cinema merdoso que vem contagiando o planeta. A eterna fonte da sonhos e desejos que vem transformando a nossa nobre sociedade num grupo de idiotas sociopatas egoístas e a ideia crescente nas adolescentes que a melhor maneira de manter a virgindade é levar no cu. O que nos leva ao nosso filme de hoje, Apollo 18.

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Erica Fontes – Um orgulho nacional

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Ultimamente o país tem sido atravessado por uma onda de fervor nacionalista em contraciclo com a baixa auto-estima relacionada com uma crise que nos vai obrigando constantemente a relaxar o esfincter. Um dia destes apanhei um programa num canal generalista que falava de portugueses emigrados que “davam cartas” nas suas respectivas áreas profissionais. Se é certo que existe um esforço enorme de serviço público para nos tirar da depressão com contos de fadas de Avecs e Johns da Silva, também é certo que o povão não liga muito a sapateiros, padeiros, limpa-chaminés, biólogos doutorados ou um rapaz com ligeiro atraso mental que terá alegadamente patenteado um sistema robótico de monitorização de cabras a grandes altitudes (o famoso P.A.S.T.O.R. ). A malta só quer saber de duas coisas: celebridades do mundo do entretenimento e sexo. Ora o que as pessoas não sabem é que uma das melhores actrizes pornográficas do mundo é portuguesa: Erica Fontes! Jovem determinada e trabalhadora que foi catapultada para o sucesso na meca da pornografia a pulso, ao custo de dar o corpo ao manifesto, obrigada a engolir mais do que desaforos,  que tem sabido cavalgar o sucesso com moderada euforia e com uma taxa de penetração no mercado muito acima do que seria à primeira vista expectável.

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Smurfs (2011)

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Há uns meses atrás, aquando da estreia deste filme, foi forte a onda de indignação para com a violação das nossas memórias de infância.  Nada de original ou verdadeiramente importante, mas ainda assim ligeiramente revoltante. Ou talvez não. Todas as nossas memórias já foram tantas vezes violadas nos sentimos confortáveis com isso. Memória de infância que não seja violada não é memória decente, como as caloiras de Letras ali no Jardim da Sereia. Mas neste caso foi uma violação acrescida, uma vez que até o título original foi mudado. Eram os Estrumpfes, passaram a Smurfs. Na altura não concordei mas hoje faço vénia a quem escolheu o título nacional porque, afinal de contas, não se tratam dos mesmos bonecos.

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Thor (2011)

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Emboscado por uma avalanche de crítica surpreendentemente positiva, atirei-me com unhas e dentes a Thor. Como poderia um filme cujo personagem principal ter o aspecto apaneleirado do desconhecido quinto membro dos ABBA e  envergar o fato mais estratosférico de sempre ser considerado um clássico instantâneo? Bem, aparentemente hordes de pacatos e bem intencionados cinéfilos caíram na bem urdida “Armadilha Shakespeare”. Esta armadilha não é original nem sequer é um artefacto raro. É usada em abundância pela indústria cinematográfica americana mas a fúria assassina daqueles que são constantemente enganados por ela acaba por se esvair num modesto nada devido à habitual falta de concentração provocada pela hiper-estimulação que essa indústria usa para nos manter sedados.

Sócia… Estou aqui entesadíssimo! (2011)

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O estímulo à economia passa por pequenas coisas que fazemos no dia a dia. Comprar calçado do Vale do Ave, consumir arroz do Baixo Mondego e laranjas do Algarve, não utilizar mão de obra moldava em bares de alterne e, principalmente, comprar porno nacional. De preferência comprar online em formato digital, porque metade do valor do DVD vai para o plástico que é feito na China e para a empresa de entrega Seur que é espanhola. Em tempos de crise toda a ajuda é pouca no combate à pobreza e são pequenos gestos como estes que nos devolverão a integridade económica de um país orgulhoso da sua herança cultural.

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Sucker Punch (2011)

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Uma rebelião de patinhos de borracha humanizados que dança freneticamente ao som dos Bloc Party é barbaramente reprimido por uma força policial que usa, claramente, meios demasiado violentos para a situação. O que os polícias não sabem é que ao serem tocados por um patinho de borracha humanizado tornam-se também eles em felpudos e amarelinhos patinhos que dançam freneticamente ao som dos Bloc Party. Algum tempo depois apenas um pequeno grupo de sobreviventes resiste à transformação em patinho de borracha. Barricados na estação de serviço de Antuã, com os últimos pastéis de bacalhau comidos e atormentados por violentas crises de refluxo ácido conversam acerca da exorbitância incompreensível dos valores dos produtos nas auto-estradas. Quando uma rapariga loura, ar inteligente e mamas de invejável robustez se prepara para elucidar estes corajosos sobreviventes acerca da necessidade inflacionária de preços especulativos face às rendas pornográficas que as concessionárias cobram a honestos comerciantes para manter uma estação de serviço a funcionar, começa a ouvir-se ao longe Bloc Party. E enquanto o sol se põe, uma enorme mancha amarela começa a aproximar-se para aquela que será a batalha final pela última réstia de humanidade. Homem Vs Pato de borracha humanizado que dança freneticamente ao som dos Bloc Party. Som ensurdecedor, baixos poderosos que tremer as estruturas de betão. Gritos. Tensão lésbica. FADE OUT

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Paul (2011)

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A mente de um jovem geek é um fervilhar tão denso de conceitos que qualquer objecto, situação ou memória é pretexto para uma aventura imaginária com o próprio no centro da trama em que para se chegar a qualquer objectivo é necessário batalhar dragões, atravessar campos de arroz pejados de mercenários chineses com artilharia pesada que nunca acertam no alvo, chacinar um Dojo inteirinho cheio de ninjas, samurais e macacos assassinos munido apenas de um par de matracas e facas nos sapatos, escapar a torpedos de fotões e destruir a nave mãe com disparos cirúrgicos nos motores FTL, matar o vilão reptídeo com dois sabres de luz ao som de Navras da OST de Matrix (Juno Reactor), salvar a miúda jeitosa, leva-la para casa para um quarto escuro e copular até a fricção provocar um intenso cheiro a carne assada. E depois quando acaba a fantasia, uma masturbaçãozinha de rotina.

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Christine (1983)

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A verdadeira arte do realizador é criar uma realidade diferente da nossa, uma realidade que tem características que permitem que os artifícios narrativos funcionem de modo fluente, que se criem condições para que coisas que possamos achar impossíveis se desenrolem sem problemas. Mais do que criar estas características é levar o cinéfilo a acreditar nisso de modo gradual, sem desconfianças, sem queixumes. Carpenter cria aqui um mundo que aparentemente não possui escadas para andares superiores, escapatórias para peões nas estradas ou a incapacidade humana de mudar de direção em campo aberto. Podia ser horrível, mas um carro com aquele estilo e personalidade absolve-o de todos os pecados e faz-nos sorrir de benevolência mesmo perante o mais impiedoso serial killer.

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Captain America: The First Avenger (2011)

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As adaptações de comics da Marvel pela linhas de montagem de Hollywood dos últimos anos têm em comum um factor, um parâmetro de avaliação, um indicador de qualidade conhecido internacionalmente como “Merda”. É o coeficiente de horribilidade presente numa produção, que pode ser maior ou menor, mas quando presente em valor positivo não costuma augurar grande sucesso à demanda de passar um noite agradável. E lá está, Captain America não é diferente. Fora das pranchas dos comics e das fronteiras patriotas dos Estados Unidos, o resultado da missão deste jovem capitão é o amargo sabor da derrota e do falhanço total.

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The Fog (1980)

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Sou orgulhoso proprietário de uma versão do The Fog em VHS. O valor de compra, depois dos respectivos ajustes para o nível de vida atual, é quase pornográfico e o seu estado à altura da compra já era de relativa decomposição. Era uma cópia (original, oficial e carimbada) de um clube de vídeo.  Não é uma edição normal, como aquelas dos últimos tempo do VHS. É uma edição especial, capa de grande formato, almofadada, com bordo debruado e tons de dourado pintados por cima da capa. Um vez aberta tem o logotipo da editora por dentro e o rótulo principal da cassete é rico em prateados da mais pura  filigrana tipográfica. Qualidade de imagem, uma merda, qualidade de som, phunf, phunf, phunf. E eu amo-a assim, em toda a sua imperfeição.

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Escape From LA (1996)

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Ver o Escape From LA logo a seguir ao Escape From New York é como enfiar a cabeça dentro de uma máquina de lavar roupa cheia de pedras da calçada (em centrifugação) depois de beber duas garrafas de Whiskey espanhol e com uma ratoeira apertada em cada testículo, calçando apenas um par de galochas e com o torso barrado em Tulicreme Avelã. E tudo isto com a TV com o som no máximo a passar Buck Rogers dobrado em alemão com dificuldades de recepção enquanto uma criatura de luz chamada Chernobog da Anunciação me tenta impingir uma assinatura de dois anos da revista oficial da Associação Belga de Bombardino, Melofone e Tuba que ainda inclui como suplemento a livro “Tango, que futuro?”.

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Somewhere (2010)

 

Sofia Coppola, songa-monga. Com a simpatia de um bloco de basalto e um semblante equídeo cuja estrutura rinoplástica permite pendurar confortavelmente duas gabardines e uma samarra alentejana, Sofia é a filha mimada de Francis Ford Coppola que tenta sacar gabarito à conta de créditos hereditários e que desde finais do século passado tenta fazer passar os seus filmes por clássicos intemporais com a ajuda da máquina publicitária do papá. Mas como até um relógio parado pode estar certo duas vezes por dia, havia de chegar o filme que fosse decente. Somewhere, uma bela crónica voyeristica do mundo do showbusiness visto por dentro.

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Escape From New York (1981)

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Todos sabemos que o Apocalipse tem muito pouco interesse cinematográfico. Muito frouxo. Uns misseis nucleares, a malta a ser incinerada viva enquanto foge, os governos do planeta a colapsar em anarquia e vazio de poder, as infra-estruturas a falharem e um regresso à idade média devido à destruição da última tecnologia existente por bombas de impulsos electromagnéticos. E depois, nada… Silêncio, fumo, pó, mortos, milhões de mortos nas ruas. Não há pássaros no céu nem animais nas florestas. As cidades arrasadas e os campos que ainda parecem produtivos todos contaminados por radiação e armas químicas. É depois disto, quando começam a emergir os primeiros sobreviventes, quando começam a juntar-se os primeiros grupos, quando o engenho primitivo começa a reconstruir uma nova ordem mundial é que as coisas começam a ganhar interesse. É esta reconstrução que tanto amamos, esta esperança que mesmo depois do fim as coisas podem continuar. Benvindos ao pós-apocalipse.

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