Quando vi o primeiro Hellboy fiquei algo confuso. Uma boa realização e Ron Perlman a criar um personagem memorável. No entanto o argumento saiu fraquinho. Sim, era o primeiro de uma eterna saga que não acaba mesmo que Hollywood seja dizimado por um bactéria que se alimenta de carne humana, uma vez que nalgum outro lado hão-de pegar nele e fazer um reboot… ou reset… E como primeiro episódio de qualquer franchise de super-heróis temos aquela entediante hora de explicação, origens, tentar enquadrar num mundo real a existência de um demónio humanóide vermelho-vivo, invocado das profundezas do inferno por um grupo de nazis adoradores de Satanás, que tem os cornos cortados com um serrote, é boa pessoa, gosta de longos passeios na praia ao por do sol, gosta de comédias românticas e de disparar balas do tamanho de VW carocha da sua colossal arma. Tem um braço direito do tamanho de um armário, que poderá ou não ser devido ao excesso uso (if you know what I mean)… Coisas normais do dia a dia, portanto!
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Se há algo que não compreendo são as traduções dos títulos dos filmes para o mercado nacional. A última gota foi este fim de semana, quando preparei a minha ZonBox para gravar um clássico da minha infância. Sentei-me no sofá munido de uma taça de torresmos e meia garrafa de agua-pé, peguei no comando, a salivar, carreguei no play e eis que me aparece a seguinte mensagem “A Seguir: Caça e Fantasmas“. Hã?!? Caça e Fantasmas? E…? Caça “e” Fantasmas? Era uma merda horrenda straight-to-video que me fez carregar no stop ainda antes de terem começado os créditos iniciais. E qual a razão deste engano? A Zon limpa o cu aos títulos originais, e temos que ser nós a discernir por entre uma imensa nuvem de trapaça o que vamos ver. E quem diz Zon diz toda a industria nacional que tenha alguma coisa a ver com entretenimento importado…
Já li algures, penso que no blog do Dermot, uma entrevista com uma tradutora que dizia não ter intervenção nos títulos. Ao que parece os títulos são decididos em reuniões executivas com o intuito de maximizar o lucro e não em ser reflexo do título original. Isto explica imbecilidades como Die Hard, Assalto ao Arranha Céus. Ninguém imaginou que o 2º fosse num aeroporto, o 3º fosse mais do que um assalto e o 4º fosse um golpe de estado. Outra explicação é o facto desses mesmos executivos não perderem tempo com cinema e basearam as decisões nos cartazes e na sua própria homosexualidade reprimida.
Exemplos são às toneladas e todos nós temos um ou outro ódio pessoal neste campo. Casos existem em que andamos meses a salivar de antecipação por um filme qualquer e depois acaba por passar despercebido no cinema porque a tradução é tão críptica que só percebemos 3 meses depois de ter saido das salas. Pior ainda é quando metem o título original e outra merda surreal à frente, como Toy Story – Os Rivais, Ghost – O Espírito do Amor ou mesmo a saga Alien: O 8º passageiro, O reencontro final, a desforra ou o regresso. O jorro de estupidez é infindável.
Por esta razão eu coloco sempre o título original, porque além de ser fácil procurar a tradução num qualquer blog seguidista que alinha nesta parvoíce, pode-se sempre usar a IMDb ou fazer uma pesquisa mais certeira no google. Além disso, não perco meio post a indignar-me com o título.
As únicas traduções improvisadas que aprovo são para situações em que é impossível ver a capa ou o cartaz do filme como, por exemplo, Bobby, O cão lambão ou Dois paus no cú da Avó.
O Requiem é uma oração católica em favor das almas do Purgatório. Reza assim: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, E a luz perpétua os ilumine, Descansem em paz.” seguida de umas pessoas a tossir e um Amen reverbante nas paredes da uma velha igreja, na presença de três viuvas, uma delas a dormir profundamente… E se a ironia fosse uma lei da física em vez de um reles estratagema de comunicação, era para lá que este franchise se dirigia: Purgatório. Mas conhecendo Hollywood como conheço ainda ia haver o Alien Vs Predator Vs Jason Vs Freddy Vs Hitler Vs O padeiro gay do Bonanza que morreu a brincar com um pónei.
Mais do que um dos melhores filmes de acção de todos os tempos, Rambo é uma catástrofe natural à escala global alimentada a testosterona pura. É preciso ser da minha geração, que teve em Rambo um dos ídolos de adolescência, para compreender este fenómeno. E todos nós, os trintões, sabemos que não há volta a dar. Podemos falar mal, dizer “Ah, já tá velho e gordo”, mas vamos invariavelmente ter que o ver. Largamos as namoradas e esposas algures, porque este não é filme para se levar uma gaja.
Cronenberg, esse icon bizarro do cinema pós-moderno! Ao lado de Lynch, Takashi Miike ou mesmo Darren Aronofsky, sempre foi inovando ao mesmo tempo que manteve o estilo. Os seus filmes aparentemente diferentes uns dos outros incorporam temáticas e elementos que lhe dão o carimbo (vermelho) de Cronenberg. O sexo bizarro, a violência e carnificina, a carne humana e a sua metamorfose, o desejo tresloucado. Todas estas coisas são as delicias dos amantes do seu cinema, onde me incluo, não fazendo disso um facto muito público.
Apesar de já se ter falado no assunto o ano passado, é desta que Prison Break vai ser cancelado. Os próximos episódios irão servir para dar uma conclusão a esta série que, convenhamos, anda a definhar desde o início da 3ª época. A 1ª e 2ª épocas são das mais fantásticas alguma vez vista em “mainstream television“, mas chega a um ponto em que começa a ficar ridículo. Quer dizer, quantas vezes pode um homem fugir da prisão, voltar a ser preso, voltar a fugir, etc?… Eu tenho acompanhado a season 4 e tenho assistido a um declíneo em que a série se começa a canibalizar de maneiras inimagináveis. É como uma interminável orgia de incesto, em que os bons passam a maus, os maus passam a bons, ficam amigos, chateiam-se, traições idióticas só para acalentar a trama em mais 2 episódios e meter um twist foleiro, and so on… Gostei muito, mas é tempo de abater esta série de maneira honrada.
Sai hoje dos cuidados intensivos Fernando, um gajo conhecido por ter realizado uma curta metragem chamada “Salsa Negra”, em que Pauliteiros de Miranda dançam a Marcha Imperial ao lado do Nicolau Breyner que está sentado numa pedra, junto ao rio Zêzere, a depenar frangos vestindo uma t-shirt de licra do Hard Rock Cafe de Souselas e um capacete de clone trooper, sem calças. Mas não foi isso que o levou ao hospital. Ele é também o gajo que me aconselhou o filme The Happening de M. Night Shyamalan.
Um multi-bilionário americano viaja em negócios com a esposa até à Bulgária. Um cientista da ex-URSS desenvolve uma técnica que permite recuperar o cérebro com pedaços de outro cérebro. Um taxista ex-KGB e uma psicótica cigana com ares de puta vingativa. Um robot vestido de operário da Quimigal que dança hip-hop. Uma sucessão de acidentes… et voilá! Let the cheesy fest begin!
O cinema alternativo americano tem-se ultimamente vindo a uniformizar ao ponto de se poder já encontrar uma fórmula de funcionamento. Enquanto nas décadas passadas o cinema alternativo (estirpe Sundande) era mais surreal e estratosférico, ultimamente tem vindo a apontar para a fórmula de contar uma história (simples e convencional) usando meios narrativos e estéticos não convencionais. Há aquele ambiente de “what the fuck!?!“, mas no final o amor tudo conquista. Wristcutters é uma pérola em que, em boa hora, tropecei.
Agora que a agitação passou, decidi dar umas palavrinhas acerca de Dark Knight, recentemente elevado à categoria de Intocável. Intocável no sentido Brian de Palma e não no sentido “casta indiana pobrezinha”. Quer queiramos quer não, é muito difícil de nos abstrairmos da parte emocional que ligará para sempre este filme a Heath Ledger. É difícil ver este filme em modo standalone, pelo seu próprio mérito. Tem algum, bastante! Mas, meus amigos, não tem todo o mérito que lhe foi atribuído aquando da estreia.
Seguir um deambulante padre pedófilo com visões apocalípticas não era exactamente aquilo que esperava deste novo X-Files. E eu esperava muito! Fui ávido fã da série até à season 4, altura em que me apercebi que aquilo não ia a lado nenhum. Mais do que uma saída em grande, I Want To Believe envolve-nos numa trama tão idiota que não conseguimos parar de pensar: “Será que esta t-shirt me faz mais gordo?…”
Enquanto nadamos neste lamaçal de badalhoquice que têm sido estes últimos posts, quero-vos falar de um filme que vi recentemente com redobrado deleite, salvo seja. Não resisti a este título que é quase tão graficamente sugestivo como o próprio filme. A premissa é simples: uns militares escondem-se num bar de strip. Um deles mordido por um zombie. 15 minutos depois transforma-se e começa a infectar a malta. Ninguém pode sair porque aquele é o único cenário disponível para o baixo orçamento. Depois é gajas e zombies (ou ambos em simultâneo) até ao fim. O mesmo de sempre, portanto!
Quando vi o trailer do novo Transformers havia qualquer coisa que não me parecia bem na cena de Paris. É que a Torre Eiffel está numa zona completamente oposta. Erro grosseiro que qualquer mochileiro de interrail detecta. No trailer é logo a primeira cena, na Place de La Concorde. Acontece que a torre Eiffel é do outro lado do praça, uns 2 kms de diferença. Como tenho imensa coisa para fazer mas não me apetece, elaborei um pequeno diagrama. (para aceder ao mapa clicar em read more)
Um padre, dois patos e Keanu Reeves entram num bar. Um dos patos diz “…e sendo assim acho que podemos alicerçar toda a espiritualidade nesse ritual pagão. O que o torna, ironicamente, místico“. O padre anui sabiamente e responde numa voz de profunda sapiência “Sim, pato. Esse é, no fundo, todo o fundamento da tua própria existência: La transcendance de l’égo“. Keanu Reeves aclara a garganta, olha confuso para o segundo pato e diz “Queijo?!”…
Às vezes basta apenas um bom título e a coisa dá-se. 😉
Quem é o maior? O mestre? O verdadeiro artista?. Se os prezados leitores se consideram cinéfilos e não responderam “Bruce Campbell” podem já arrumar as botas e voltar para vossa casa onde têm um poster do Titanic e outro do Brad Pitt em tronco nu. Bruce Campbell é o verdadeiro herói. Salvar o mundo? Fazer aterrar um avião num rio? Tudo isto são amendoins perante o homem que dizimou hordes inteiras de mortos-vivos com o Diabo no corpo. Tudo o que era patife no domínio da assombração, possessão, desmembramento e morte violenta por meios sobre-naturais tinha um fim precoce às mãos deste semi-deus da caçadeira de canos serrados. E Bruce ganhou este estatudo 3 vezes, só na saga Evil Dead. Carago, este é o homem que trata o Necronomicon por “tu”.
Todo o cinéfilo mentalmente equilibrado e com a vida social dentro dos parâmetros daquilo que se convencionou nos dias de hoje chamar de “normal” é confrontado de tempos a tempos com um grave dilema: a comédia romântica. Qualquer homem com as características descritas anteriormente entra em pânico com a perspectiva de ver uma comédia romântica como o Drácula num workshop de carpinteiros. Mas todos sabemos que a nossa namorada / esposa / “gaja que conhecemos bêbedos numa festa e ainda não sabemos o nome” exige isso de nós. Mais do que isso, exige que digamos no fim que gostámos, mesmo sabendo que estamos a mentir.
Já a minha avó dizia “o cinema hoje em dia é tão mau que até um macaco pode realizar “. Este filme vem renovar a razão da profecia da minha avó, ficando apenas por provar as alegações de que as alterações climáticas se devem, de facto, aos foguetões que rompem as nuvens quando vão para a Lua. Lua essa que nunca foi visitada pelo Homem, claro!
Dois irmãos franceses, amantes de cinema, convidam um jovem americano para passar uns dias lá em casa enquanto os pais vão para algures. Tendo como pano de fundo a revolução estudantil de Paris em 1968, este filme é um ode à experimentação e também uma prova de que nem toda a pintelheira dos anos 60 é assustadora.
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