23h58m. Estava na hora. Como sempre nos últimos 30 dias baixei as calças, sentei-me no deprimente banquinho dentro da banheira, peguei no saco de sal, tirei um punhado e esfreguei os testículos durante 5 minutos à meia noite em ponto. “Meto-me em cada uma”, pensei. Sou transportado para o fatídico sábado há um mês atrás. Na sala de espera húmida, nervoso, com uma amiga. Garantia-me que só pagava se resultasse. Era infalível, todos o fazem. Fui chamado e entrei no escuro gabinete iluminado por uma cansada lâmpada de tungsténio que projectava fotões e anos 80. Contei a história à velha senhora, o que queria da vida. E o que queria era específico. Uma mulher que gostasse de ver filmes de terror comigo, que não me julgasse por ver maus filmes. E que mantivesse a opinião, não queria apanhar uma galdéria falsa que passados 3 meses me atiraria à cara que só vejo filmes de merda. A velha senhora sorriu, pegou nuns pós azulados e soprou-os na minha cara. Disse que era um caso muito simples, quase nem precisava de ajuda. Para acelerar as coisas pediu-me para esfregar os tomates com sal todos os dias à meia noite. No último dia, caso fizesse correctamente o ritual, apareceria alguém nestas condições. Eu disse à minha amiga que sou um homem de ciência, nunca me apanhariam em tal esquema ignorante feito para iludir pobres de espírito, que isto é como os maluquinhos que acreditam na terra plana ou extraterrestres e quando cheguei a casa esfreguei os tomates com sal como se não houvesse amanhã.

Continue reading