Continua a grande dificuldade dos argumentistas do cinema moderno se adaptarem a novas tecnologias. A necessidade de manter os conceitos do cinema tradicional, para não alienar a clientela, e associar-lhe toda a parafernália de tecnologias atuais nas suas tramas é a tarefa mais dolorosa para argumentistas. É muito comum estarmos a ver um filme em que se ignoram completamente facetas tecnológicas da vida atual. A escrita foca-se numa linha de fuga muito concreta para evitar distrações. A malta de humanidades, que escreve os filmes, não sabe usar as tecnologias que tem, quanto mais compreender a complexidade mastodôntica que lhes dá forma dentro das paredes, na atmosfera, no espaço, debaixo das cidades, em centros de dados e dos seus domadores que operam nas sombras. Mas isso não os impede de tentar, com resultados mistos. Se o casual utilizador de telemóvel para ver fotos da ex-namorada em bikini no whatsapp consegue engolir as instruções narrativas, o geek de gama média rebola os olhos para cima e sai imediatamente do transe da suspensão da descrença.

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