O efeito Mandela é um chavão usado muito na Internet para definir aquelas situações em que nos lembramos erradamente de coisas que nunca existiram, como se existissem num universo paralelo. Foi assim baptizado porque se associava a pessoas que se lembravam vividamente que Nelson Mandela teria morrido na prisão. A mim aconteceu em duas situações recentemente e sempre relacionadas com cinema. A primeira foi ao ler o livro Ready Player One. O nosso protagonista citou a expressão “Oh my God it’s full of stars” dizendo tratar-se de uma frase do filme 2010. Ora, que raio! Tinha quase a certeza que era do 2001. A frase que o Dr. Dave Bowman diz ao entrar no campo estrelado como novo humano no final do filme. Curiosamente aparece no livro, que também li. Aparece depois em maior proeminência no 2010, livro e filme. Ah caraças, andei a citar mal toda a minha vida.
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Até aos finais dos anos 90 os filmes de terror viviam essencialmente da criação de situações onde os protagonistas se viam isolados e de seguida, em filinha indiana, eram chacinados como cabritos em véspera de Ano Novo. Com a chegada das redes de telemóvel, que nos estados unidos foi uns aninhos mais tarde devido a questões de norma tecnológica, chegou também o pesadelo dos argumentistas. E agora? Seja qual for a situação de um filme dos últimos 50 anos, facilmente se resolveria com uma chamada para o 112 ou para um amigo. Este atalho narrativo por telemóvel não iria apenas resolver tramas em filmes de terror. Episódios de Seinfeld, filmes inteiros de Woody Allen e grande quantidade de cinema que lida narrativas que têm a génese em problemas de comunicação. É certo que o cinema (e Hollywood em particular) têm problemas em adaptar os guiões à evolução tecnológica, como é o caso da utilização de informática que raramente tem algum paralelo com a realidade. Por vezes existem até guiões que passam décadas inteira em development hell e quando estão prontos para a fase de produção vêem elementos chave serem ridicularizados por um salto tecnológico que apareceu entretanto. Como está a lidar a indústria do Horror Movie com esta alteração no tecido social?
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