Sabem aquelas pessoas que compram um carro e depois dizem que só existem em Portugal 3 carros daqueles? Até pode ser verdade, mas 1 anos depois é só carros daqueles por todo o lado e eles continuam a dizer que só existem em Portugal 3 carros daqueles. E mesmo na evidência de estar perante uma pirâmide de carros iguais ou um engarrafamento composto apenas por carros daquele modelo eles continuam a dizer que só existem em Portugal 3 carros daqueles. É deste “sindrome de suspensão temporal” que retrata este filme.
John Malkovich continua a ser um senhor, perdão, um Senhor da representação. Se este filme é um grande filme, é porque Malkovich o carrega em ombros, numa interpretação sublime de um mágico com 40 anos de carreira que recusa ser uma estrela menor e que vê o mundo de modo a que continue a ser um icon planetário.
Pejado de cameos e interpretações especiais, The Great Buck Howard é um típico filme indie para grandes públicos. Não nos deixemos ofuscar pelo facto de Tom Hanks estar a tentar catapultar o seu filho Colin para o estrelato, porque The Great Buck Howard merece por si só toda a atenção mediática.
O filme é ligeiramente biográfico, uma vez que retrata a experiência do seu realizador enquanto road manager do Amazing Kreskin, a versão “real life” do Great Buck Howard. Não iria ver ao cinema nem sequer compraria o DVD, mas confesso que mantive um sorrisinho cumplice durante grande parte do filme. Lowtech, retro e ligeiramente saloio, é um delicioso docinho light para ver ao final da noite. Perfeito para a Silly Season que estamos a atravessar.
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