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Frequently Asked Questions About Time Travel (2009)

Os britânicos encaram a ficção científica de um modo diferente do resto do mundo. Mais leve, airosa, frequentemente bem humorada mas sem com isso tirar a devida profundidade aos temas. Aliás, comparando com a ficção científica americana que é sisuda, cinzenta e monocórdica, a britânica é frequentemente mais complexa e apoiada em factos científicos, por mais estratosféricos e improváveis que possam ser. FAQ About Time Travel conta-nos a história de três amigos (dois nerds de scifi e um anti-nerd sci-fi) que se vêem numa embrulhada épica quando uma anomalia do fluxo temporal na casa de banho do pub que frequentam os envia aleatoriamente para várias épocas.

Antes de continuar, falemos de ciência. Ciência a sério, de físicos virgens que não se atrapalham com a teoria M e para quem a supergravidade e o seu efeito nas 11 dimensões não constitui um entrave. As leis da física permitem a viagem no tempo. Existe mesmo um projecto para uma máquina do tempo. Cientificamente é possível. Qual é o problema? Engenharia. Não existe ainda capacidade para construir uma estrutura que possar gerar energia suficiente que permita manter estável um wormhole e fazer com que a sua entrada possa estar simultâneamente em dois locais geográficos e temporais. Bom, geekemente falando, estamos perante a possibilidade real de ter um Stargate. Hey, se não acreditam vejam o excelente documentário da BBC em 4 episódios chamado “Time” e apresentado pelo notável físico nipo-americano Michio Kaku. Mais info aqui.

FAQ About Time Travel é um ensaio de baixo orçamento acerca das implicações temporais provocadas por um técnico do futuro (what else?) especializado em tapar fissuras temporais que comete um erro na casa de banho do pub preferido dos nossos heróis. E quando se entra numa confusão que envolve viagens no tempo, como todos tão bem sabemos, a onda de causa/efeito é tão catastroficamente demolidora que voltar ao fluxo temporal original é virtualmente impossível. E com virtualmente eu quero dizer completamente.

A premissa é bastante interessante e tipicamente inglesa, como um episódio dos novos do Dr. Who, mas tal como no Dr. Who o desenvolvimento deixa a desejar quando a certo ponto da história o entra e sai temporal e o aparecimento das mais idiotas criaturas deixa o filme a um passo dos vilões de Power Rangers sem fato de esponja. E como todos sabemos, isto não é bom. Além da relação amorosa metida a martelo porque, convenhamos, parece ser obrigatória uma relação amorosa, quanto mais não seja para calar as frases “Isto tem algum jeito?” e “Mas tu gostas disto?” das nossas namoradas, esposas, ou acompanhante feminina.

A ideia original e o desenvolvimento está muito bem conseguido. Tudo bem, nem todos os viajantes do tempo têm um DeLorean, uma locomotiva ou mesmo uma cabine telefónica. Isso compreende-se, o que não se compreende é que a partir da uma hora de filme entre um bocado no campo da correria nonsense que é um típico episódio fatela do Dr. Who.

1 Comment

  1. sergei

    sim, sim, tudo muito bem menos andares a cortar no dr. who, ok!?

    curto este blog!

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