Por uma estranha e incompreensível razão, só cerca de uma hora dentro do filme me apercebi que este não era o último filme dos irmãos Coen, este é apenas um filme com um nome muito parecido. Foi nessa altura que “Senti o gume frio da navalha até ao osso, senti o cão da morte a bafejar no meu pescoço“. Respirei fundo 3 vezes e pensei que este também nem estava a ser muito mau e avancei rumo ao final de um filme que mudou a meio. Além disso, ainda está para aparecer uma performance de Julianne Moore que não me hipnotize. Bom talvez Evolution ou o remake de Psycho, o filme mais desnecessário da História da Humanidade.
A Single Man é um de um sub-género cinematográfico que não aprecio especialmente. É daqueles filmes em que o amor da vida de alguém morre no início e esse alguém tem que aprender (ou não) a viver sem a sua alma gémea, lançado ao mundo cruel da solidão e do desespero. Resumindo, um dramalhão de faca e alguidar, de fazer chorar as pedras da calçada. É provável que eu seja um calhau emocional. Talvez não aprecie muito ser conduzido ao choro de maneira completamente artificial.
Apesar deste início pouco honroso que descrevi acima, vi-me impelido a continuar a ver porque estava a estranhar esta Coen (que afina não era um Coen) e queria saber qual a punchline do filme. Mas o filme é muitíssimo bem filmado, de fotografia fenomenal e trabalho de câmara de uma estética plástica bastante apurada. É um filme bonito e tecnicamente bem conseguido. A banda sonora é muito boa.
Apesar de todas as qualidades artisticas mencionadas acima, acaba por ter aquele sabor a lamuria constante, sempre triste e desconfortado. Mas o desconforto e o segredo fazem parte do conjunto, uma vez que estamos a falar de um professor universitário homossexual que namora e vive secretamente com um rapaz muito mais novo, vendo-se mesmo impedido de assistir ao seu funeral por motivos de censura social, isto nos anos 60.
Não me fez delirar de êxtase e provavelmente se soubesse ao que ia nunca o teria visto, por todas as razões apresentadas acima. Como o Revolutionary Road, que nem lhe toco nem com um pau de 5 metros. Um ponto positivo para Colin Firth, irreconhecível e para o realizador debutante Tom Ford. Pelo que li parece-me ser um big shot da moda internacional, mas eu normalmente compro indumentária contrafeita ou de marca branca…
Não me puxa nada ver esse filme. Mas tenho de concordar que basta ter a visão da Julianne Moore e o filme passa logo a ser suportável. Por exemplo, recentemente vi o “Marie and Bruce” (2004), que é um xunguissimo filme onde ela participa e depois há… uma festa e todas as cenas dela embriagada… e de vestido generoso muito enfeitiçante… e o palavreado badalhoco/revoltoso dela a salvar o filme.
http://www.youtube.com/watch?v=wQjcJW3bSvk (1:07)
Gostei muito deste filme. E ainda mais do Revolutionary road apesar de ter os mesmo do Titanic 😀