Ghoulies (1985)

A canibalização do sucesso alheio não é um fenómeno recente. Desde que os irmãos Lumière filmaram a criadagem a sair da fábrica que muita criadagem foi filmada a sair de algures. Nos anos 80, o sucesso de Gremlins catapultou para o grande e pequeno ecrã uma interminável lista de clones e ripoffs que viviam do encanto do Gizmo original e do seu bando de adoráveis demoniozinhos. O mais popular foi este Ghoulies, uma versão mais  hardcore, levando o conceito mais adiante. Envelheceu mal, e ver este filme hoje é como olhar para uma foto close-up recente de Rod Stewart acabado de acordar num hotel tailandês depois de uma noite de cocaína, viagra e desfibrilhação.

Mantendo um tom de “diabinhos a fazer patifarias”, Ghoulies entra pelo satanismo, magia negra e gore adentro num filme que apesar de sua infinita imbecilidade não é propriamente para crianças. Basta olha para essa imagem que usei para ilustrar este post para perceber que não estamos perante uma obra de arte intemporal. Um exemplo literal de “toilet humour”. Mas, curiosamente, nos anos 80 esta mesma imagem vista por estes mesmos olhos não tinha este aspecto tão decadente. A ideia de pequenas criaturas a esquartejar pessoas como gente grande era estranhamente apelativa, independentemente da sua qualidade narrativa ou visual.

Ghoulies conta-nos a história de um rapaz que sonha ser, como todos nós, um feiticeiro maléfico, especializado em pequenos demónios e encantamentos de amor. Mas como tão bem sabemos, quando não se lê o manual até ao fim, coisas más tendem a acontecer. E como é a matança que interessa mesmo, passados alguns minutos temos o ecrã pejado de diabitos, membros humanos decepados e sangue, muito sangue, sempre com sentido de humor malandreco. Mas Ghoulies não é um caso isolado de Gremlins ripoffs, lembro-me também de Critters (1986) + sequelas, Troll (1986) e outros que nunca vi como Kamillions (1989), Beasties (1991) e Munchies (1987). Este último é uma curiosa amálgama de Gremlins ripoff, com stoner (teen) movie e Women in Red.

Sim, o filme é mau. Tirando a minha nostalgia e aquilo que lhe devo por me ter feito passar bons bocados em 1987, não há nada que se aproveite em Ghoulies. Curiosamente ainda saiu uma sequela para distribuição em cinemas e mais duas direct-to-video. E com isto acabou esta saga que apesar de perfeitamente desnecessária deixa marcas neste mente perturbada que em tempos esperou semanas seguidas pelo privilégio de poder alugar uma cópia de Ghoulies.

Algumas imagens para que não tem a mais infima ideia do que estou a falar.

Esta última é para aqueles que pensam que eu às vezes invento coisas…