É triste, tão triste que a cada vez que a industria televisiva (e cinematográfica) queira fazer um produto diferente para as massas recorra a clichés americanos para encher uma hora de puro lixo, criando um produto que em nada se identifica com a realidade portuguesa e que mais parece aquelas brincadeiras que os putos fazem quando compram câmaras de filmar, só que com melhores meios e menos criatividade. Aqui temos um produto que nos fala de um serial killer (rir!) e de uma detective toda MILF que anda agachada em edificios abandonados de arma em riste e faz piruetas de carro em perseguições a canalhada criminosa em fuga. E no final de tudo, depois de muitos minutos de risadas involuntárias eis que compreendemos que estamos no mesmo ponto onde estávamos há 30 anos atrás. Apesar dos meios, da tecnologia e do talento, porque há talento em Portugal, levamos com um versão reciclada, recauchutada, mais colorida da Vila Faia original, só que desta vez há menos pessoas de bigode.
Note-se também o desplante da RTP para anunciar aos 4 ventos que é a primeira série em HD da história da programação nacional, como se isso fosse sinónimo de qualidade. A culpa não é da RTP, é dos media em geral que dão uma ideia que tudo o que é em HD é bom, basta ser em HD e é uma doideira. Como há uma década atrás, em que bastava ser em DVD e era orgásmico, fabuloso e mágico. Porque tinha comentários, línguas diferentes e legendas em 230 línguas, incluindo Swaili. O HD é igualmente merdoso, mas com mais detalhe. Não me interpretem mal, sou grande apologista do HD, mas puta que os pariu a todos com essa analogia do HD = qualidade.
Para contornar a má fama que as produções portuguesas costumam ter, de lentas e paradas, a opção artística passou por fazer movimentos constantes de câmara, como no 24. Tentar imitar aquele estilo de documentário de câmara na mão ou imergir o espectador dentro da acção. Mas se em 24 temos profissionais que calculam cada movimento, aqui parece que a série foi filmada de dentro de um barco a descer as cataratas do Niagara. Outra irritante característica é o tom de voz da Catarina, num tom de pivot de telejornal.
Será Catarina Furtado sido uma boa opção de casting? Assim tão vestida não sei responder. Tinha a esperança de lhe ver, pelo menos, as mamas. Cidade Despida + Catarina Furtado… Mas não. Ou talvez. Porque eu só vi um episódio, o primeiro. Mas cheguei à triste conclusão de que passaria uma hora mais divertida aparando os pêlos do escroto com um corta-unhas.
Tenho preparado um guião em que escolheria a Catarina Furtado como actriz principal, talvez o publique ainda esta semana.
E ja foi uma sorte nao se terem lembrado de fazer e promover isto em 3D, que é já uma praga muito maior e mais perigosa que o HD.
Por acaso tambem estive ao bocado a ver o episodio, embora so tenha visto a segunda metade prái. Pura bosta como de costume. Para além de todos os clichés amarecanos que referes, parece que os argumentistas portugueses ainda nao perceberam que um dialogo que se pretende credivel nao pode soar exactamente como uma pagina rasgada de uma qualquer obra literaria dir ao pito. Literalmente, ninguem em Portugal fala no dia a dia como os actores das series de ficçao portuguesa, e isso parece-me ser o maior problema de todos, e aquele que nao nos permite identificar e gostar daquilo que tamos a ver no ecra. Culpo tanto os escribas como os proprios actores que sao todos uma cambada de otarios paneleiros e betos sem nada na cabeça e que nao sao capazes de meter/requerer um pingo de improviso nos seus dialogos.
Anyway, ja ha varios anos que desisti da televisao portuguesa. E nao vejo razoes pra alterar a minha posiçao.
E parece-me que a tua posição não deve ser alterada.
Tenho de partilhar as opiniões de todos, a isso me obrigam..
Admito que com a “série/produção” Liberdade 21 tive esperança que a industria portuguesa evoluísse mas, com os 30 segundos da série com a catarina furtado que visionei, a minha fé esfumousse.
Continua o excelente trabalho
Abraço
Epá, claro que HD = qualidade, mas qualidade de imagem porque de resto nada está garantido 😉
Quanto à série também só vi um episódio e ri-me mais do que os argumentistas pretendiam, suponho. Os diálogos são de mijar a rir.