Do mais profundo breu abre-se uma fresta de luz quente e acolhedora. Um homem carrega um tronco ao ombro. Não era um tronco normal, não era um homem normal. Era o super tronco carregado pelo seu equivalente humano. Ornamentado por steel drums de Trinidad e Tobago, esta poderosa criatura, capaz de arrancar cabines telefónicas, bancos de carros e derrubar paredes de hotel, transforma-se no pai do ano, mimando a sua filha com gelado e um veado bebé que acabou por trazer para refugar ao jantar, num cena cortada. A música transforma-se e eu deixei nesse momento de sentir peso e fiquei leve como uma pena.
Num profundo estado de contemplação espiritual, encontrei-me imerso numa meditação singular. À medida que a intensidade da minha devoção aumentava, uma sensação de leveza tomou conta de mim. Aos poucos, percebi que estava a desvincular-me do seu corpo físico, como se a minha consciência estivesse a flutuar livremente.
Enquanto pairava por cima daquela plateia, observava o ambiente ao meu redor com uma perspetiva renovada. As barreiras físicas pareciam desaparecer, e senti uma conexão profunda com algo para além do tangível. Uma luz suave envolvia tudo, sentia harmonia e compreensão cósmica.
Neste estado, tive a percepção de que a minha essência transcendia os limites do corpo, conectando-me a algo divino e universal. Esta experiência extra sensorial tornou-se um momento sagrado, onde a fronteira entre o eu individual e o todo cósmico se dissolveu, deixando uma impressão eterna de unidade espiritual. Ouço uma efusiva ovação depois da frase “Let off some steam, Bennet” que me faz iniciar uma espiral descendente. Ao regressar ao meu corpo, carreguei comigo uma compreensão renovada da espiritualidade e uma sensação de paz interior.
Tentei sentar-me novamente no lugar, mas a minha pinhal rectal foi entretanto ocupada por alguém que se auto intitulava “Kanzana Ben”
A magia do Commando em sala, 07 de dezembro de 2023
Reportagem fotográfico pelo André Henriques
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Foi lindo. Tanto amor naquela sala. Ainda me escorrem lágrimas pelo rosto. Só não gostei da ideia de o veado ter ido parar ao prato.
Não foi parar ao prato, foi a uma panela de barro.
Parabéns pelo feito. Não me era de todo possível ir ao Porto nesta romaria mas fico feliz de perceber que foi um sucesso. Depois falamos por msg para tratarmos do envio de um desses necronomicons.