Pode facilmente avaliar-se uma sociedade pelos gostos em entretenimento. Não em actos isolados ou fenómenos mediáticos temporais, mas pelos franchises que se recusam a morrer, por mais deprimentes que sejam, porque o público insiste em se auto-flagelar pagando para ser enrabado culturalmente. Dentro deste esquema de sodomia psicológica, encontra-se este Meet The Spartans, que vem na senda de nulidade dos Scary Movies, Date Movie, Teenage Movie, Superhero Movie ou Epic Movie.
Category: Não é Xunga Não Senhor! (Page 10 of 11)
Nos finais de 1998, primeiros meses de 1999, o mundo cinéfilo viveu uma época de expectativa nunca antes vista e, a bem dizer, nunca depois vista. Foi o tempo que antecedeu a estreia de “The Phantom Menace”, primeiro capítulo da prequela de Star Wars. Na altura da estreia do primeiro trailer, salas inteiras esgotavam para ver o trailer e 95% das pessoas saiam antes do filme. Foram tempos loucos, pior ainda para fãs tugas que tiveram que esperar pelo Natal. Na altura já havia Internet e banda larga. O fanboys portugueses já todos tinham visto o filme. Eu incluído. E que bela merda nos saiu na rifa…
Como sempre, uma experiência em BioTecnologia corre mal. Propaga-se uma epidemia de zombies de que não há memória. Daí até uma stripper boa como tudo usar uma metralhadora como prótese na perna, é um passinho. Uma hora de inspirada carnificina total depois (e o desaparecimento de uma bobine) e estamos perante um clássico instantâneo. É só juntar água? Não, é só juntar baldes de sangue e o infindável talento de Roberto Rodriguez
Um filme de ovelhas zombie vindo da Nova Zelândia é o sonho de qualquer fã de série B. Só a premissa é suficiente para meter qualquer um a salivar de antecipação, a marcar no calendário, dar seca aos amigos no bar com a conversa “Vai estrear um filme de ovelhas assassinas feito na Nova Zelândia com efeitos especiais da empresa que fez o Senhor dos Anéis!”. E depois toda a gente abandona a mesa e o excitado fã de série B fica a chorar de solidão, acariciando a sua colecção de calendários do Aliens.
Mamas, a maneira ideal de começar um post. Como escrever um texto de tal riqueza que possa obscurecer a palavra “mamas” a abrir hostilidades? Haverá tão rendilhada prosa que possa anular o efeito “mamas”? Não, lamento mas não há. E deixando este assunto para trás passemos ao filme Cashback, uma pérola do cinema alternativo britânico, uma aconselhável cereja de deglutição lenta. E sim, tem gajas nuas e até posso colocar algumas imagens no final do texto para que mesmo quem não saiba ler possa esgalhar o pessegueiro.
Já aqui falei várias vezes de Bruce Campbell. Se calhar demasiadas vezes para alguém com alguma sanidade mental. Não sou muito dado a ídolos e actores preferidos, mas posso-me orgulhosamente incluir dentro da sua legião de fans. Tudo bem, é um actor de merda, as suas escolhas de filmes não têm sido grande coisa. Não tem absolutamente nada para ser melhor que os outros. No entanto Bruce Campbell é o maior. E se tu, plebeu, nunca ouviste falar dele, suicida-te imediatamente em sinal de desonra. Vai enfiar a cabeça no fogão a gás enquanto eu fico aqui a conversar com os meus amigos cultos.
Eden Lake é um filme aterrador, diabolicamente pervertido. É filme de terror no verdadeiro sentido da palavra. É como um passeio pelas idílicos bosques ingleses, pejados de esquilos e verdejantes prados onde o orvalho matinal é eterno, o cheiro a frescura é encantador, mas nós estamos amarrados com arame farpado à grelha frontal de uma Ford Transit ferrugenta que atravessa o bosque a 120km/h a arder. Carrinha essa que não tem condutor e vai direitinha a um plátano…
Todas as famílias são psicóticas, já o dizia Douglas Coupland. Mas com uma embalagem de poderosos alucinogénos confundida com Valium perdida no meio de uma multidão deprimida ou um anão homossexual de coração partido à procura de vingança, as coisas podem mudar de figura, fazendo a psicose parecer um escuteiro virgem numa orgia Bukkake…
Takashi Miike, quando quer, kicks ass… Este é considerado a sua obra prima por muitos e um dos seus melhores por outros. Grande parte dos filme de Miike acabam por ser uma bizarra e surreal experiência para as bandas da violência extrema. Conjugam o humor para suavizar actos que envergonhariam por completo Torquemada e os seus lacaios da inquisição espanhola. Neste filme tudo é diferente. É um poderoso filme de emoções bem transmitidas, de amor e ódio incontrolável e, claro, sangue à baldada.
De há uns anos para cá começaram a dar à costa os naufragos dos anos 80, os chamados “has beens”. Estrelas viçosas que no seu tempo eram reis do mundo mas que tomaram más decisões económicas, trocando o imobiliário e a bolsa por cocaína e putas. Uma galáxia enorme que agora aparece em todos os meios de entretenimento a tentar ganhar qualquer coisa para ir vivendo, o pão nosso de cada dia. Nem que para isso tenham que tornar as suas desgraças públicas. E como nós adoramos desgraça alheia, quem em tempos viveu em palácios e foi conduzido em limusinas e agora andam para aí a ganhar o ordenado mínimo, gordos e disformes. É este universo que The Wrestler explora, o desgraçadinho que já foi o maior lá da aldeia.
Esteve quase a ir directamente para DVD quando um executivo de Hollywood pegou nele e no potencial “indice de desgraçadinho” e o conduziu qual tanque de guerra pelas sangrentas batalhas das galas de prémios. Acabou por ganhar quase tudo por onde passou, re-catapultando Danny Boyle para a área visível do espectro cinematográfico. Cidade de Deus indiano com sabor a caril e Oscar é como o marketing o está a servir nas florestas de multiplexes por esse mundo fora. Será Slumdog Millionaire um fenómeno cinematográfico capaz de nos fazer reavaliar o conceito de cinema?
Com este magestoso filme, Chan-wook Park termina a sua triologia da vingança, depois de ter começado em 2002 com “Sympathy for Mr. Vengeance” e passado em 2003 pelo mítico, mega aclamado, senhor de todos os filme, Oldboy! Park volta a surpreender pela sua aproximação à vingança, em tons completamente diferentes daquilo que nos tinha habituado e daquilo que o sedento cinéfilo fã estaria à espera. Continue reading
Antigamente havia cinema independente, declaradamente e descaradamente independente. Depois apareceu a fase Miramax e toda a gente passava por independente. Oscares e o caraças e a fase passou. Agora voltámos ao domínio do estúdio grande com filmes pequenos à base de fogo de artifício digitech. Eu, confesso, gosto de cinema independente, dos olhares fora do mainstream que não se prendem com a salvação do planeta, mas antes com realidades pessoais e focalizadas de determinado personagem ou comunidade. Também vos digo já que hoje em dia é difícil encontrar um filme com estas características, com a quantidade de lobos que vestem pele de cordeiro.
Porrada!… Esse submundo dos filmes xunga onde me recuso a aventurar. Uma zona obscura do cinema, onde o conceito narrativo implode e os momentos causados pelo vácuo de composição dramática são subtituídos por lutas de contornos irreais e patetice em geral. Há, aliás, rótulos de shampoo mais ricos em prosa do que alguns filmes do Steven Seagal. É desta lama primordial, composta por murros, pontapés, cabeças rachadas e heróis monocórdicos em estado avançado de mumificação que surge um campeão de karaté convertido em actor. O semi-deus da biqueirada.
Quando vi o primeiro Hellboy fiquei algo confuso. Uma boa realização e Ron Perlman a criar um personagem memorável. No entanto o argumento saiu fraquinho. Sim, era o primeiro de uma eterna saga que não acaba mesmo que Hollywood seja dizimado por um bactéria que se alimenta de carne humana, uma vez que nalgum outro lado hão-de pegar nele e fazer um reboot… ou reset… E como primeiro episódio de qualquer franchise de super-heróis temos aquela entediante hora de explicação, origens, tentar enquadrar num mundo real a existência de um demónio humanóide vermelho-vivo, invocado das profundezas do inferno por um grupo de nazis adoradores de Satanás, que tem os cornos cortados com um serrote, é boa pessoa, gosta de longos passeios na praia ao por do sol, gosta de comédias românticas e de disparar balas do tamanho de VW carocha da sua colossal arma. Tem um braço direito do tamanho de um armário, que poderá ou não ser devido ao excesso uso (if you know what I mean)… Coisas normais do dia a dia, portanto!
Mais do que um dos melhores filmes de acção de todos os tempos, Rambo é uma catástrofe natural à escala global alimentada a testosterona pura. É preciso ser da minha geração, que teve em Rambo um dos ídolos de adolescência, para compreender este fenómeno. E todos nós, os trintões, sabemos que não há volta a dar. Podemos falar mal, dizer “Ah, já tá velho e gordo”, mas vamos invariavelmente ter que o ver. Largamos as namoradas e esposas algures, porque este não é filme para se levar uma gaja.
Cronenberg, esse icon bizarro do cinema pós-moderno! Ao lado de Lynch, Takashi Miike ou mesmo Darren Aronofsky, sempre foi inovando ao mesmo tempo que manteve o estilo. Os seus filmes aparentemente diferentes uns dos outros incorporam temáticas e elementos que lhe dão o carimbo (vermelho) de Cronenberg. O sexo bizarro, a violência e carnificina, a carne humana e a sua metamorfose, o desejo tresloucado. Todas estas coisas são as delicias dos amantes do seu cinema, onde me incluo, não fazendo disso um facto muito público.
Um multi-bilionário americano viaja em negócios com a esposa até à Bulgária. Um cientista da ex-URSS desenvolve uma técnica que permite recuperar o cérebro com pedaços de outro cérebro. Um taxista ex-KGB e uma psicótica cigana com ares de puta vingativa. Um robot vestido de operário da Quimigal que dança hip-hop. Uma sucessão de acidentes… et voilá! Let the cheesy fest begin!
O cinema alternativo americano tem-se ultimamente vindo a uniformizar ao ponto de se poder já encontrar uma fórmula de funcionamento. Enquanto nas décadas passadas o cinema alternativo (estirpe Sundande) era mais surreal e estratosférico, ultimamente tem vindo a apontar para a fórmula de contar uma história (simples e convencional) usando meios narrativos e estéticos não convencionais. Há aquele ambiente de “what the fuck!?!“, mas no final o amor tudo conquista. Wristcutters é uma pérola em que, em boa hora, tropecei.
Enquanto nadamos neste lamaçal de badalhoquice que têm sido estes últimos posts, quero-vos falar de um filme que vi recentemente com redobrado deleite, salvo seja. Não resisti a este título que é quase tão graficamente sugestivo como o próprio filme. A premissa é simples: uns militares escondem-se num bar de strip. Um deles mordido por um zombie. 15 minutos depois transforma-se e começa a infectar a malta. Ninguém pode sair porque aquele é o único cenário disponível para o baixo orçamento. Depois é gajas e zombies (ou ambos em simultâneo) até ao fim. O mesmo de sempre, portanto!
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