Várias vezes por ano acontece. Abro aqui a caixita para escrever, escolho um filme que tenho na lista de Drafts, escolho uma imagem e quando vou para escrever, nada. Nil, null, void, zero, nichts, népia… Não me ocorre um caralhinho para escrever. Umas vezes fecho a janela do blog e retorno à pornografia, outras ponho-me a desfiar frango para a eventualidade remota de me apetecer canja ao jantar. Mas o bloqueio de blogger é um assunto sério e não deve ser tratado de ânimo leve. É uma epidemia que merece a sua própria vacina, tão incómodo como uma erecção num jardim de infância.
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É triste, tão triste que a cada vez que a industria televisiva (e cinematográfica) queira fazer um produto diferente para as massas recorra a clichés americanos para encher uma hora de puro lixo, criando um produto que em nada se identifica com a realidade portuguesa e que mais parece aquelas brincadeiras que os putos fazem quando compram câmaras de filmar, só que com melhores meios e menos criatividade. Aqui temos um produto que nos fala de um serial killer (rir!) e de uma detective toda MILF que anda agachada em edificios abandonados de arma em riste e faz piruetas de carro em perseguições a canalhada criminosa em fuga. E no final de tudo, depois de muitos minutos de risadas involuntárias eis que compreendemos que estamos no mesmo ponto onde estávamos há 30 anos atrás. Apesar dos meios, da tecnologia e do talento, porque há talento em Portugal, levamos com um versão reciclada, recauchutada, mais colorida da Vila Faia original, só que desta vez há menos pessoas de bigode.
Há 40 anos atrás um tipo inventou um género de cinema chamado “Disaster Movie”, cuja tradução para português deverá ser algo como Filme Catástrofe. A ideia consistia em arranjar uma situação aborrecida que iria escalar lentamente para uma desgraça. Um arranha céus a arder e a malta no último andar, um barco virado ao contrário ou um avião sem combustível, em chamas e sem trem de aterragem. E era isto a que se chamava catástrofe. Nos anos 90 apareceu outro tipo de catástrofe um pouco maior que afectava uma cidade inteira, uma ilha ou mesmo um pequeno país. Mas eis que a meio deste processo aparece Roland Emmerich. Com a delicadeza de um touro ferido numa reunião da tupperware e o seu próprio conceito de Filme Catástrofe, com a destruição total do planeta e um argumento que é basicamente assim: Fade in – Casa Branca – toca o telefone às 4 da manhã, presidente atende e alguém diz do outro lado “Sr. Presidente, está tudo fodido”. (encher restantes 129 minutos com destruição em massa de todas as infrastruturas que possam arranjar). Keywords: Bandeiras americanas e família em primeiro lugar. Heróis. PS: Poupem os cães…
Há no mundo do cinema de ficção científica americano um obsessão constante de forçar a analogia com as cyber-tendências e a vida real. Criam-se paralelismos entre as redes sociais, jogos e comunidades. Não é novo, já no inicio na massificação das tecnologias de informação e dos seus sucedâneos recreativos foi feito o Tron, War Games ou o Lawnmower Man. Isto para ignorar o elefante no centro da sala, que é o Matrix… Gamer é então um desses “e se o Facebook e o Call of Duty fossem jogados por pessoas num mundo físico” em que os fundamentos tecnológicos são cirurgicamente ignorados, fazendo com que a fronteira entre a ciência e os contos de fadas desapareça e o mundo seja finalmente controlado por feiticeiros demoníacos com riso maléfico em tons que alternam entre o génio e o tresloucado.
Todos nós temos uma história de infância em que havia perto do nosso grupo de amigos uma gaja que tinha ido para o hospital com uma garrafa de Coca-Cola enfiada na rata que não saía por causa do vácuo. Na minha terra havia uma versão spin-off do mesmo mito urbano. Um puto a quem chamavam o “piça de zebra” que alegadamente terá ficado entalado com a gaita numa garrafa vazia de lixívia e os fumos químicos ainda existentes provocaram uma descoloração na gaita que lhe deu a alcunha supra citada. Como tudo na adolescência, a realidade e a ficção estão entrelaçados fortemente de modo a que o LSD perto daquilo é uma pálida pastilha de paracetamol.
Existem alguns assuntos que são autênticas armadilhas. Há quem prefira despir-se e espancar um ninha de vespas a falar deles. São imensos, mas posso aqui realçar, por exemplo, o conflito israelo-palestiniano ou a vida e morte de Kurt Cobain. Em relação à primeira, não lhe toco nem com um pau de 5 metros, em relação à segunda posso opinar violentamente, uma vez que vivi a época e a situação e estou mais ou menos dentro do espírito da coisa. Ora, Cobain, como todos sabem, era o vocalista dos Nirvana. Musicalmente falando, os Nirvana eram uma banda fraca, desafinada, limitada em termos de técnica musical (ausência total) e que viviam daquilo a que se convencionou chamar de “atitude” ou mesmo “carisma”. Cobain passou de vocalista mediocre e fraquíssimo guitarrista a símbolo da raiva dos jovens pela sociedade e também simbolizava as dores do crescimento e incompreensão. Até aqui tudo bem. Graças a extensos golpes de marketing, a banda passou ao estatuto de porta voz da revolução (inadaptação) dos jovens adultos que desejavam intensamente voltar ao útero. Isso e droga… Muita droga!
O “Rape & Revenge movie” é um género que já foi grande, mas estando dentro âmbito do exploitation movie não é politicamente correcto nestes tempos de fachada polida e lavadinha em que vivemos. O esquema é sempre o mesmo: alguém com quem criamos empatia é barbaramente espancado e a sua regueifa é profanada por um mal intencionado falo. Quem diz um diz dois ou quinze. Às vezes em simultâneo. Essa pessoa fica à beira da morte e passados uns tempos regressa para reclamar o seu quinhão de sofrimento alheio, sempre lento e doloroso. É obrigatória a existência de ironias do destino.
Nos idos anos 97/98 havia uma série na RTP que pode ser considerada hoje a mãe de todas as séries juvenis. Duplamente mãe, uma vez que foi a primeira a inserir altas doses de melodrama e cada um dos episódios dava para fazer uma novela de 12o capítulos pelos standards actuais. Foi esta série que inventou a adolescente toxicodependente grávida seropositiva lésbica suicida sem-abrigo que está à beira de um aborto porque foi espancada pelo namorado nazi alcoólico em público, no hall de entrada da escola. E isto tudo antes do intervalo.
Achei incrível que Second Life tenha feito a sua passagens pelos cinemas sem ter havido, pelo menos, uma sala incendiada pela fúria de um grupo de cinéfilos raivosos. Muito me admiro de ter havido coragem para editar tal pedaço de matéria fecal e de haver pessoas a dar a cara por este filme (sic) sem medo que a sua carreira se esfume para sempre nos pântanos fétidos do esquecimento. Ou isso ou para sempre condenados aos reality shows, revistas cor de rosa, programas onde têm que mostrar a casa ou outras sodomias semelhantes. Mas pior que tudo é haver uma edição dupla (2 DVDs) para esta porcaria. Provavelmente o segundo DVD é a gravação de um pedido de desculpas, com a possibilidade de o ouvir também dobrado em português.
Se hoje o planeta fosse atingido por um cataclismo que acabasse de vez com a nossa existência, diria apenas que veio atrasado uns dias. É que ao sofrimento atroz do Armagedão teria ainda que adicionar a agonia eterna que são as memórias de ter assistido ao filme “Second Life”. Há pessoas que conseguem reprimir memórias de um tio gorduroso que brincava ao “esconde o chouriço” e há cônjuges que aceitam a desculpa “Querido/a, no rabinho não conta como adultério”. Mas nem com psicanálise de máxima densidade nem com anti-depressivos para cavalos as memórias de Second Life se tornam inertes. Não há um dia em que não acorde molhado em suor com pesadelos do Nicolau Breyner a falar inglês ou o Malato a representar com o àvontade de um vampiro na praia de Copacabana. Aliás, já nem se viam cenas de sexo tão mau gosto desde que a Cicciolina mandou uma cagada no peito do seu parceiro em Chocolate e Banana (1986)*.
Em Portugal há décadas que se procura a fórmula do sucesso internacional. Frequentemente se apregoa prematuramente a eminência do reconhecimento da genialidade lusitana, seja cinema, música ou outras artes. Tal é o desespero pela fórmula milagrosa que os nossos produtores disparam em todas as direcções sempre com o papo inchado de superioridade e pedantismo e sempre desaguando nas fétidas águas do esquecimento. Todo este estrabuchar de desânimo e este clamor por atenção faz com que só existam em Portugal alguns filmes bons, filmes transparentes (que passam despercebidos) e depois uma enorme gama de categorias de filmes maus, desde o hilariante involuntário ao perfeitamente idiota sem nexo, passando pelos políciais com cheiro a sexo e rata badalhoca, o falhado aspirante à candidatura a Oscar ou a indiscritível posta de inocuidade deslavada que Manoel de Oliveira cospe anualmente.
Nicolau Breyner decidiu realizar um filme. Provavelmente terá descrito o seu projecto na reunião com os produtores como sendo um “Filme de acção de intriga internacional”. Um ano depois, na sala de montagem e no final de todos os trabalhos descobriram que o filme durava 45 minutos. Nicolau virou-se para a malta dele, aflito, e perguntou em desespero. “É só isto? Não há mais cenas para encher isto até aos 90 minutos?“. Um assistente de realização responde “Há os bloopers, as cenas eliminadas, um vídeo do youtube com macaquitos, uma lata de atum, costoletas de ontem, um saco de pinhas e uma publicidade a um detergente anti-fungo testicular.” Nicolau ponderou 5 longos segundos e disse “Serve!”
No outro dia vi ao longe a Carolina Patrocínio no programa… aquele que ela apresenta vídeos do youtube com um boiola que já foi famoso. Aquele programa em que ela aparece vestida. Na SIC! Adiante… Eu não conheço bem esta mocinha, nunca lhe ouvi a voz. Ou são fotos na net ou é numa TV em mute. A única coisa que lhe admiro é o rabo fantástico e aquele aspecto teenie teenie, que já não deve durar muito mais tempo. Um desperdício de carne premium. Já dizia a minha avó “Boa peida em programa mau, ao fim de algum tempo, já nem dá pau!”
Portugal nunca foi um país reconhecido pela qualidade da sua programação televisiva. Mas eis que chegámos ao ponto zero de toda a estupidez televisiva. A SIC apercebeu-se quão idiotas são os seus utentes quando as audiências subiram em flecha no dia em que passaram apanhados canadianos e gatos a escorregar do sofá. Pior que ter programação braindead é ter um atrasado a explicar o que vai acontecer, para que não haja dúvidas quanto ao grau de imbecilidade do que jaz perante nós.
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