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Super 8 (2011)

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No final da sessão do Captain America mal consegui conter o vomito até chegar à casa de banho do cinema. Enquanto cabritava restos do almoço em convulsões tão poderosas que poderiam deslocar facilmente uma omoplata a um iniciante das artes do gregório, um amigo que foi comigo ao cinema colocou a sua mão no meu ombro e disse bondosamente “Oh Pedro, há mais filmes no mundo. Não gostaste deste podes sempre ver outro.” Ergui a cabeça, racionalizei no que ele tinha acabado de dizer, levantei-me e dei-lhe uma cabeçada no nariz. Antes de ele ter tempo de bater com as costas no chão, já o meu pé o esperava e assim foi de pontapé em pontapé até à outra ponta dos sanitários quando a sua cabeça foi violentamente impedida de prosseguir por uma parede de mármore. Enquanto lhe desfigurava a cara inconsciente numa sucessão de uppercuts, sussurava-lhe aos ouvidos as palavras “Quem te disse que me podias acompanhar para a casa de banho dos homens? E quem te disse que me podias tocar?” Horas mais tarde, quando acabava de o enterrar num monte ali para os lados do Pinhal de Marrocos, pensei “O Cabrão tinha razão. Posso ir ver outro filme e salvar o dia”. Fui novamente para bilheteira, comprei um bilhete para o “Super 8”, respondi com um “E se fosses levar no cu?” à pergunta “Vai querer pipocas também?” e entrei sala adentro na esperança de um mundo melhor, um mundo onde a paz finalmente reinará, onde as nossas crianças possam jogar Carmageddon sem precisarem de mentir acerca da sua idade real, onde uma fibra sintética à base de polímeros de carbono possa substituir a exploração inumana de alpacas na américa do sul para a produção de lã e a prática sexual conhecida como minibus (dois à frente, cinco atrás) deixe finalmente de ser tabu.

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A Minha Primeira Vez

A primeira ida ao cinema das nossas vidas é sempre polvilhada de magia e fogo de artifício. É um entrar num fabuloso mundo novo de assombro, uma dimensão paralela onde afinal tudo é perfeito. Independente do filme que se vai ver. Seja o Breakdance 2: Electric Boogaloo, o Naked Lunch ou o “Dois paus no cu da Avó”, é um filme que nos acompanhará até ao final dos tempos. Aos 106 anos, no leito da morte, com uma câmara da TVI apontada à nossa moribunda fronha e um clone de Manuel Luis Goucha a fazer perguntas como  “Sente-se feliz por ir finalmente morrer?” somos incapazes de reconhecer qualquer uma daqueles idiotas que dizem ser nossos filhos e netos, mas o primeiro filme que vimos no cinema é projectado frame a frame de um hemisfério cerebral para o outro, incluindo trailers, intervalos e aquele pacote de Malteseres que conseguimos contrabandear porque havia ainda o bom senso de se proibir comida nas salas de cinema.

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