Corria o ano de 1987. Meados de Julho. Já havia passado mais de um mês de férias grandes e a euforia lentamente se transformava num quase imperceptível tédio. Suave, mas a ganhar força. Eram 4 da manhã e eu, o meu amigo Zé e o meu primo João regressávamos de um baile de uma aldeia vizinha, onde fomos na esperança de ver pelo menos uma cover de Judas Priest ou Ramones. Recusamos várias danças e o balanço da noite resumiu-se a dois apalpões e a promessa de um aquecimento de pescoço lá mais para o final da semana. Chegados a casa decidimos meter um VHS alugado no dia anterior. O exorcista… Duas horas depois três teenagers apavorados jaziam imóveis num sofá, sem pestanejar, quase sem respirar, a esperar pela luz do dia. Só com os primeiros raios de sol ganhámos força nas pernas e o sangue voltou a fluir com naturalidade. Até ao dia de hoje continua a ser uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida.
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Tu, leitor genérico, és uma pessoa equilibrada, relativamente satisfeito com a tua qualidade de vida. Um bocadinho de ansiedade de status, o que é perfeitamente normal numa pessoa com alguma ambição. Vida sentimental e familiar agradável, uma amante ninfomaníaca nalguns casos. Uma vida que não sendo de êxtase permanente, está num nível aceitável daquilo a que convencionamos chamar “felicidade”. Mas um dia vira-se à porta de tua casa um camião de anti-depressivos, beta bloqueadores e ansiolíticos. Como podes dar uso a este valioso tesouro se o teu cérebro está bem equilibrado? Se ao menos fosses uma pessoa deprimida não vias esta oferta como uma inutilidade. O que pode provocar uma depressão instantânea tão imensamente poderosa que necessite de um camião de fármacos? Na minha opinião, este filme…
Longe vão os tempos em que a única coisa que apreciávamos da Suécia eram as gémeas Inga e Helga todas embezuntadas com óleo de coco a lutarem entre si por atenção masculina usando para o efeito um inexistente par de cuecas e os seus viçosos e anti-gravitacionais seios. Eles também produzem um cinema de muito boa qualidade, pautado pela bela cinematografia semi-descolorada e a curtíssima profundidade de campo. Let The Right One In é o filme que impede que Thirst (de Chan-wook Park) seja o melhor filme de vampiros que vi nos últimos 10 anos…
Tenho andado entretido com a epopeia de Elijah Snow e do seu grupo de “arqueologia do impossível”, Planetary. Escrito com a imaginação multidimensional e sempre perturbadora de Warren Ellis e com a arte a cargo de John Cassaday, Planetary lida (entre imensas outras coisas) com a possibilidade de infinitos universos paralelos, em que todas as possibilidades são contempladas. Um grupo de supra-humanos iluminados tem capacidade de viagens interdimensionais e existe ainda um grupo que cria universos paralelos on demand. Isto significa que tudo pode acontecer. Mandar um balázio na nuca ao Rato Mickey? Porque não? É uma questão de criar o universo apropriado. Mas não é isso que me fez escrever sobre esta magnífica obra. É que a Newscientist deste mês fala sobre o supracitado multiverso e de indicações científicas de que realmente existe. Junto anexo a capa da revista.
E já que nos encontramos numa maré de viagens no tempo, falo-vos também de Los Cronocrimenes, um filme espanhol independente de parcos meios, mas de infinita criatividade. Um exemplo de tenacidade e sucesso para os brochistas portugueses do ICAM-dependentes, que em vez de andarem aí a carpir lamúrias como um bom bando de putinhas que são, podiam criar um argumento que se adapte ao magros fundos que o governo lhes atira.
Então ouvi a última criatura: as trombetas de marfim anunciavam o fim do existência. Vinha com um cavalo de um plasma muito denso produzido por cisão termonuclear, o nome do cavaleiro era MORTE e o séquito do inferno seguia atrás (de mota). Os anjos ditavam aos mortais a origem do fim. Dos seus ouvidos escorria sangue e o efeito Doppler deixou de existir, como que num prenúncio do final do mundo racional. Antes do universo implodir numa massa disforme de sangue e tripas, projectaram um filme de vampiros para adolescentes, o sinal do fim dos tempos. Quando toda a esperança morria, enquanto as labaredas da humanidade lentamente se extinguiam, quando as mães choravam os filhos perdidos para as novelas de vampiros e os filmes da Disney eis que apareceu o novo filme de Chan-wook Park, resgatando mais uma vez a humanidade da sua mais que merecida extinção. So say we all!
Publicitar um filme baseado nas glórias passadas do seu realizador, no parentesco afastado de um produtor obscuro, nos prémios recebidos (ou quase) dos seus actores é uma estratégia que desprezo. Assim como desprezo quando a publicidade de uma determinada produção me tenta manipular antecipadamente descrevendo de modo bastante leviano como me vou sentir no final. Este aglomerado de marketing desonesto foi utilizado para construir hype neste filme, mas acaba por ser contra-produtivo e desnecessário pois o filme vive por si só. Shutter Island é uma obra superior de entretenimento, tanto em conteúdo como em beleza cinematográfica.
Há na vida certas situações que sabemos que vão ser extremamente desagradáveis e ainda assim avançamos. Como ir ao Joshua’s comer uma Pita Shoarma e saber que vamos andar a tarde toda com um arroto mortífero capaz de sugar a vida a qualquer criatura que se atravesse no seu caminho. Ir jantar a um restaurante indiano e saber de antemão que daí a meia hora temos as labaredas do inferno a subirem-nos pelo esófago acima sob a forma do mais abominável refluxo ácido, capaz de criar bolas de cuspo que dissolvem 3 pisos de betão. Ou ir ver uma adaptação cinematográfica de uma BD da Marvel, que sabemos que nos vão doer os tomates de tanto rir, apesar de não ser uma comédia.
Desde o dia em que vi pela primeira vez um daqueles macacos que dizia “Habla comigo, quiero ser como tu!” que me apercebi que os espanhóis são muito diferentes de nós. Enquanto que nuestros hermanos não desperdiçam ideias, aqui em Portugal as ideias não saem da mesa da esplanada, onde são inteligentemente apresentadas entre tremoços e minis, mas depois morrem. O cinema de terror deles está também entre o melhor do mundo e atrevo-me mesmo a dizer que este El Orfanato é o melhor desta década passada.
Eis que chega ao fim, ao capítulo 8, o primeiro tomo de Kickass. Sinceramente já andava a desesperar e a pensar que estes tipos estas a adiar o fim da mini-série para depois do filme, ou para a mesma altura da estreia. E que final, meus amigos. Não se trata apenas extrema violência gratuita com doses generosas de requinte sádicos. Trata-se de extrema violência gratuita com doses generosas de requinte sádicos com bastante humor e estilo, dentro das doses correctas. Boa combinação entre argumento e desenhos. Adorei. Clap, clap. Espero que o filme siga os seus passos. Junta anexo no “read more” mais umas imagens que achei por bem segregar, dada a sua violência extremamente gráfica.
Em meados dos anos 80 foi dado em Portugal o maior golpe publicitário de que há memória no mundo inteiro. Um truque tão mesquinho e desonesto cujo único intuito seria ganhar dinheiro à custa de inocentes telespectadores sequiosos de experiências multimédia diferentes. O caso “Monstro da Lagoa Negra” foi a massificação publicitária de uns óculos 3d sem os quais os espectadores perderiam aquela que seria a mais fantástica experiência alguma vez sentida no planeta. No dia seguinte o país usava umas imensas orelhas de burro e todos sentiam uma dor latejante no rabo, como se um cabo-verdiano invisível (e conceptual) tivesse sodomizado a nação, usando apenas uma t-shirt de licra justa com o logotipo da RTP…
E agora amigos, silêncio porque se vai falar de clássicos. Dellamorte Dellamore é um filme único e incomparável em duas frentes. O primeira é a pura genialidade cinematográfica a todos os níveis, faceta invulgar num género que é o filme de terror, vertente zombie. O argumento aparentemente surreal esconde camadas e mais camadas de conteúdo de uma ardilosa ambiguidade, o trabalho técnico é superior a todos os níveis e o humor negro faz-me lembrar Braindead dos tempos que Peter jackson ainda morava com a mãe. A outra frente que faz deste um filme único é o tamanho dos mamilos da actriz principal. Umas aréolas com um perímetro tal que poderia facilmente abrigar uma família pouco numerosa numa tarde de tempestade… No final do post colocarei um pequeno diagrama para que possam avaliar a imensidão destes afamados mamilos.
Danny Wormwood é um próspero empresário que tem um canal de TV e produz séries e filmes de sucesso. Tem um lustroso escritório no Empire State Building e o seu sucesso é reconhecido internacionalmente. Danny Wormwood é também o anticristo, tem um coelho que fala e o seu melhor amigo chama-se Jesus Cristo (esse mesmo). Wormwood e JC viraram as costas aos planos dos seus progenitores e a única coisa que querem é viver uma vida terrestre normal. Mas o vaticano e satanás (himself) têm um plano para dar origem ao Apocalipse que implica a participação involuntária dos dois amigos.
Imagine que todas aquelas histórias que lhe contavam quando era pequeno… São verdade! Durante a segunda guerra mundial, todas as criaturas do sobrenatural procuraram refúgio em Portugal. Vampiros, lobisomens, gárgulas e fantasmas vivem pacificamente, nas sombras, entre os humanos.Porém, no subsolo, o pior de todos os monstros ganha forças e prepara o seu regresso. Por sua culpa, todas as crianças de Lisboa estão a desaparecer.
E foi assim que o projecto apetecível da Pato Profissional mudou de rumo do cinema para a BD. Ao que parece não vão faltar cameos… Vai ser apresentado no Fantasporto. Sinceramente, pagava a dobrar para meter as unhas nisto já hoje! Mais aqui.
Andei durante algum tempo confuso com este “9”. Via umas notícias, depois outras, depois umas imagens, uns teasers e uns trailers e havia informação altamente contraditória. Depois percebi que há um “9” e um “Nine”. Sendo o que me interessa este “9” de animação de contornos burtonianos passado numa sociedade pós-apocalíptica distópica, animado superiormente com design de deixar água na boca. O outro, por extenso “Nine”, é um musical onde se dança muito e ao que parece ainda se canta mais e com capacidade de provocar mais mortes por alergia que qualquer outro produto no mercado, incluindo cicuta, arsénico ou o famoso barrote de madeira na base da nuca.
Hoje é sábado, fim de semana. O que é que isso significa? Leituras light sem grande necessidade de pós-processamento intelectual. Aqui ficam dez mock posters de filmes hipotéticos, caso o Alien fosse actor em Hollywood. É de um concurso de Photoshop do famoso site worth1000.com. Como diria a minha vizinha professora do 3ºB que vive sozinha com 8 gatos, “é um fartote!“… (leia-se com sotaque do baixo mondego. Se não sabem como é esse sotaque, imaginem o Bruno Aleixo a falar)
Há uns tempos atrás todas as autoridades mundiais da saúde se dirigiram ao planeta acerca de uma nefasta pandemia que nos iria assolar. As previsões: milhões de mortos, devastação planetária, corte do circuito de distribuição de alimentação, saques em massa e violação de animais de companhia numa escala nunca antes vista. Agora que estamos a passar essa suposta fase de pestilência começamos a perceber a verdadeira escala da epidemia: farmacêuticas já nem sabem onde meter tanto dinheiro que receberam de vacinas, os governos recolhem-se nos seus gabinetes com orelhas de burro na cabeça a falar da meteorologia para mudar conversa, os médicos que ajudaram ao pânico mundial a passar férias nas caraíbas com pintelhos entre os dentes da festa da noite anterior e as multidões começam a juntar archotes, forquilhas, alcatrão e penas para ir até à sede da Organização Mundial de Saúde. Percebemos finalmente que perante a globalização e a cultura corporativa multinacional somos todos vacas leiteiras.
“Homens que matam cabras só com o olhar”. É este, meus amigos, o título português de “The Men Who Stare at Goats”. Não concordo com a tradução, mas provavelmente foi a única frase de que se conseguiram lembrar que tivesse a palavra “Homens” e a palavra “Cabras” que não invocasse de imediato um imaginário de zoofilia ou um exército de pastores a arrombarem traseiros caprinos à força de vara carnuda. Ainda bem que não tenho nada a ver com isso porque, sinceramente, também não me vem à cabeça nenhuma tradução que não seja igualmente merdosa.
Há aproximadamente um ano atrás decidi ver o Sunshine de Danny Boyle. Sentei-me no sofá de telecomando em riste e carreguei no play. Passados 5 minutos aconcheguei-me lateralmente naquela que me pareceu ser uma posição mais confortável. Mas não era! Se me deixasse descair levemente e permitisse que a cabeça pudesse encaixar na parte lateral do sofá seria melhor. Agora sim, deitado, confortável. Aos 10 minutos de filme senti um quentinho reconfortante. Passados uns segundos estava eu a passear com uns cordeiros fofinhos numa estrada de arco-íris por meio de umas nuvens quando ouço uma enorme explosão e uma música estranha. Acordo assustado. Estavam a passar os créditos finais. Merda!
Para leitura light de fim de semana deixo-vos mais 8 exemplos de contrafacção cinematográfica, maioritariamente pela casa Asylum. Seguem os outros no “Read More”…
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