É certo que eu destilo bastante veneno àqueles que gerem a indústria cinematográfica em Portugal. Falo da industria da distribuição, claro, porque não existe mais nenhum tipo de industria cinematográfica por cá. Mas se na maior parte das vezes as suas estratégias de distribuição nos fazem morrer mais um bocadinho por dentro, outras raras vezes saem acertadas. Os dois mais recentes exemplos dessas decisões são a recusa de estrear Land Of The Lost e Year One nos nossos ecrans, poupando hordas de cinéfilos incautos de ir ao cinema com as namoradas e que na hora de comprar o bilhetes tomam decisões com a cabeça da gaita. Mas não nos excitemos com esta súbita aptidão cultural dos distribuidores, porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia…
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O Evil Clown é uma instituição na indústria do entretenimento multimédia. Cinema, televisão e videojogos usam o Evil Clown em momentos chave, como uma metáfora de que toda a esperança está perdida. Quando o símbolo máximo da felicidade infantil falha, o que existe mais? A mais funesta escuridão e o horror das trevas. Pelo menos foi isto que aprendi na escola primária, quando os conteúdos eram muito mais completos. Evil Clown não tem tradução feliz para português. Nada que faça juz à sua maldade. Palhaço mau? Maléfico? Maligno? Seja qual for a expressão em português, soa sempre larilas. Comecemos, como manda o protocolo, pelo fim…
Nos idos anos 97/98 havia uma série na RTP que pode ser considerada hoje a mãe de todas as séries juvenis. Duplamente mãe, uma vez que foi a primeira a inserir altas doses de melodrama e cada um dos episódios dava para fazer uma novela de 12o capítulos pelos standards actuais. Foi esta série que inventou a adolescente toxicodependente grávida seropositiva lésbica suicida sem-abrigo que está à beira de um aborto porque foi espancada pelo namorado nazi alcoólico em público, no hall de entrada da escola. E isto tudo antes do intervalo.
Apesar do cinema independente americano ser uma fonte de agradáveis surpresas, também é certo que por vezes há filmes que nos fazem lembrar um cão a perseguir a sua própria cauda. Sunshine Cleaning é uma soma de bons ingredientes de um filme decente, mas que as deficiências narrativas e o excesso de depressão nos forçam atirá-lo para os pântados do eterno esquecimento cinematográfico.
A idade não perdoa. As beldades de outrora são amontoados de peles descaídas de hoje. A semana passada falei do mau estado em que se encontra Kathleen Turner, mas como todos sabemos a epidemia é generalizada. A jeitosa de outrora é agora parecida com aquela vizinha velha que tem 50 gatos e cheira a urina. O galã dos filmes de acção da nossa infância é agora parecido com o Sr. Girão, aquele bêbedo que passa a vida na tasca ao lado da casa da nossa avó e cuja costura das calças apresenta manchas castanhas e não é chocolate. Como o Nick Nolte, o nosso caso primeiro caso. Fiquemos então com os outros 9.
Estava eu a ver o primeiro episódio da nova época de Californication quando deparei com uma envelhecida Kathleen Turner. Foi um choque horrendo, mesmo para quem já a tinha visto envelhecida como a mamã Lisbon em The Virgin Suicides. Muitos de vocês são putos e não se lembram, mas esta senhora era capaz de levantar o pau a um falecido.
A violência doentia e a demência que vai muito além do moralmente aceitável é um terreno pródigo na comédia inglesa. Quem não se riu até todo o corpo doer com a mítica série “The League of Gentleman”, em que o ódio doentio, malevolência, irracionalidade extrema e mais vil crueldade nos faziam desejar que toda aquela gente vivesse para sempre na mais profunda miséria para bem dos nossos sábados à noite? Psychoville é a mais recente criação da dupla de League of Gentleman, desta vez com uma gorda cereja no topo do bolo: Dawn French.
Existem situações em que somos iludidos por estímulos externos tão fortes que nos toldam a livre arbítrio. Várias vezes vi filmes que me pareceram tão fantásticos que passados 15 minutos já estava eu a dizer que um novo clássico instantâneo ou um nova maravilha da sétima arte tinha chegado. Na maior parte das vezes revi o filme meses depois e apercebi-me que tinha sido enganado. Que fiquei tão ofuscado pelos artifícios visuais e som hipnótico do cinema que nem me apercebi de imediato que aquela suposta obra prima era na realidade uma bela merda. Por isso esperei este tempo todo para escrever sobre Star Trek, para lavar o deslumbre dos meus iludidos olhos.
Começou esta semana a nova época de Dexter. Um episódio fantástico cheio de cartas na mesa para um grande jogo. E um cliffhanger logo a arrancar, daqueles de morder as unhas e arregalar os olhos de nervosismo. Dexter Morgan enfrenta desta vez o Supreme Commander do 3rd Rock from the Sun. Quer dizer, não o extraterrestre em si, mas um personagem demoníaco interpretado por John Lithgow. Anyway, vamos ver se nos mantém ocupados para as próximas 11 semanas. Como é que eu vi este episódio? Tenho um primo no Canadá que tem Tivo e grava-me…
Já aí estão os fantásticos teaser posters para a quarta temporada da série Dexter. Tudo bem que a terceira série foi amena e frouxa, mas ainda assim as minhas expectativas estão altas. Deixo-vos com os outros posters.
Crime is the disease. He’s the Cure. Frase pastelona esta que servia de slogan a mais uma matança surreal dos anos 80, antes do politicamente correcto se apegar à nossa sociedade como um tumor maligno. Cobra é um icon dos anos 80 e do seu entretenimento ultra-violento no despontar do cinema de ultra-acção como blockbuster. Apesar de ser um sucedâneo de Rocky e Rambo, Cobra é por sí só um case study social. Numa altura em que havia poucos estudos acerca da recém criada ultra-violência urbana, os argumentistas e produtores aproveitavam a ignorância do seu povo para enfiar todos os mais surreais defeitos nos vilões dos filmes. Aqui temos um vilão violento, que come crianças, mata gratuitamente, é nazi, de extrema esquerda, de extrema direita, não usa a passadeira para atravessar a estrada e fuma. Meu Deus, demónio fumador como todos os fumadores do mundo celuleico. (celulóico?)
Séries de ficção científica dos anos 80, essa praga. Ainda hoje pago psicoterapia pelos danos que me causaram. Galáctica, Buck Rogers no Século XXV, Space 1999, Captain Powers and The Soldiers of The Future e V. Uma autópsia detalhada ao estilo “análise de danos psicológicos”. Uma viagem ao mais negro que a mente humana tem para oferecer: xunga do velho! (música em background que acompanha este texto)
Aos olhos dos jovens de hoje, Bud Spencer e Terence Hill poderiam ser facilmente confundidos com um número de circo. Mas não de um circo qualquer, daqueles que são acompanhados por camelos moribundos e leões bulímicos e cujo apresentador, porteiro, vendedor de bilhetes e pipocas, faquir, contorcionista e ordenhador de alpacas são a mesma pessoa. Mas nos tempos áureos dos videoclubes e do cinema de bairro, eram o pináculo da comédia, o expoente máximo da gargalhada, como são hoje em dia Jim Carrey, Seth Rogen, Will Ferrel, Adam Sandler ou Ben Stiller.
No outro dia vi ao longe a Carolina Patrocínio no programa… aquele que ela apresenta vídeos do youtube com um boiola que já foi famoso. Aquele programa em que ela aparece vestida. Na SIC! Adiante… Eu não conheço bem esta mocinha, nunca lhe ouvi a voz. Ou são fotos na net ou é numa TV em mute. A única coisa que lhe admiro é o rabo fantástico e aquele aspecto teenie teenie, que já não deve durar muito mais tempo. Um desperdício de carne premium. Já dizia a minha avó “Boa peida em programa mau, ao fim de algum tempo, já nem dá pau!”
Portugal nunca foi um país reconhecido pela qualidade da sua programação televisiva. Mas eis que chegámos ao ponto zero de toda a estupidez televisiva. A SIC apercebeu-se quão idiotas são os seus utentes quando as audiências subiram em flecha no dia em que passaram apanhados canadianos e gatos a escorregar do sofá. Pior que ter programação braindead é ter um atrasado a explicar o que vai acontecer, para que não haja dúvidas quanto ao grau de imbecilidade do que jaz perante nós.
Puritanos, tonhós que estão contentes logo de manhã e romanticos incuráveis não me levem a mal, mas agradecia que não lessem esta crítica toda. Aliás, queria mesmo que se retirassem, pois o que vão aqui ver nos próximos parágrafos não será uma vista linda de se contemplar. É que nem aqueles insuportáveis tipos que não precisam de café para andarem radiantes pela manhã poderiam suportar tal tortura. Mesmo os pacóvios que têm um poster do Titanic e outro da Cidade dos Anjos eram capazes de matar, enraivados de ódio, só por terem sido enganados pelo cartaz.
Seguir um deambulante padre pedófilo com visões apocalípticas não era exactamente aquilo que esperava deste novo X-Files. E eu esperava muito! Fui ávido fã da série até à season 4, altura em que me apercebi que aquilo não ia a lado nenhum. Mais do que uma saída em grande, I Want To Believe envolve-nos numa trama tão idiota que não conseguimos parar de pensar: “Será que esta t-shirt me faz mais gordo?…”
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