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Tag: ultra violência (Page 3 of 4)

Sympathy for Mr. Vengeance (2002) – Oporto Chronicles

Porto, Rua de Cedofeita. 8:47 da manhã. Segunda-feira. Enquanto tento esquecer o sabor a café torrado cheio de borras que acaba de me ser servido numa esplanada surpreendentemente bem frequentada, leio no JN a notícia de uma esposa que matou o marido à machadada e martelada para depois partilhar o leito conjugal com o cadáver durante 3 dias. Ah, as loucuras da juventude! Não pude evitar alguns pensamentos relacionados com a ausencia do efeito da gravidade nos seios de uma catraia que lia um exemplar envelhecido de “Deus tem Caspa” de Júlio Henriques na mesa em frente e em como a descrição gráfica e dolorosamente lenta da prazenteira homicida me fez lembrar Sympathy for Mr Vengeance, de Chan-wook Park, essa entidade superior incapaz de produzir mau cinema.

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The Expendables (2010)

“Matar” é o novo “amar”. E nada diz amor como alguém a ser cortado em dois por um lança granadas antes do créditos iniciais. São estes gestos de carinho para com um público sedente dos seus heróis de infância que fazem de Expendables o guilty pleasure deste verão. Tudo bem que às vezes parece demasiado digital, mas sempre é melhor do que gramar semana após semana de homossexualidade reprimida de heróis Marvel em collants, maquilhagem e vigorosa mariquice .

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Rambo III (1988)

No final dos anos 80 esperava-se ardentemente o tomo 3 da saga Rambo. Era uma ideia que nos dissolvia o cérebro por dentro, não nos deixava raciocinar para além da expectativa da matança anunciada que se aproximava, qual profecia divina. O Escolhido iria mais uma vez salvar os oprimidos naquele que seria, indubitavelmente, o maior banho de sangue da História. Eu e o Zé fizemos uma jura de sangue que iríamos ver o filme juntos, mal estreasse. Para nós não havia muita coisa sagrada. Trocávamos os livros do Patinhas, os discos de vinil (excepto o Master of Puppets e o Number of the Beast) e até as namoradas podiam ser emprestadas se tal fosse necessário. Mas as promessas de sangue eram para cumprir e se envolvessem o Rambo pior ainda. Mas nesse malfadado Verão, consumido por uma desejo incontrolável, fui ver o filme na primeira oportunidade que tive, sozinho, sem o Zé. A sombra da traição ainda hoje me persegue, como um nuvem do Apocalipse que ainda hoje me provoca um ligeiro desconforto a cada vez que vejo o Rambo 3.

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Idioterne (1998)

Quando um cinéfilo inexperiente cataloga uma obra como sendo um “filme marado” é porque não conseguiu encontrar no seu saco de clichés americanos algo com que o comparar. “Marado” é adjectivo que realça a não convencionalidade da obra, sendo que esta característica poderá ser uma coisa boa ou má. Há o “marado” saudável e imaginativo de Terry Gilliam, o “marado” deliciosamente pérfido, herege e debochado de John Waters e Cronenberg, o “marado” que escreve nonsense surreal e depois diz que há um significado que só ele conhece de David Lynch. Temos ainda os japoneses encabeçados pelo sociopata Takashi Miike ou mesmo o centenário  alucinogénico supertuga Manoel de Oliveira. E depois há Idiotern de Lars Von Trier, um filme que desafia qualquer catalogação, o marado dos marados, uma delicia de filme que amamos odiar.

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Mutants (2009)

Os franceses iniciaram há uns anos uma nova vertente do cinema de terror hiper-realista de violência extrema, em que se colocam situações de fácil identificação para quem os vê. O último de que aqui falei foi Martyrs (2008). São filmes que fogem aos clichés do típico slasher, zombie, casa assombrada, gore e quando damos por ela já não há espacinho nem para colocar um quadro com tanto sangue. Mas numa linha de contínuo sucesso há-de chegar o dia em que se meta um pé na merda e se crie um produto profundamente desinteressante, com a utilidade de um acordeonista em chamas.

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V for Vendetta (2005)

Todos nós temos uma listinha de falhas cinematográficas graves, filmes que ficaram para trás. São perfeitamente normais, o tempo não é um recurso infinito de que possamos desfrutar. V for Vendetta é um filme que vejo com cinco anos de atraso por puro preconceito. Na altura em que estreou não estava ainda refeito do pastelão que foram as sequelas de Matrix e não conhecia ainda a Graphic Novel do adorável lunático Alan Moore. É sempre um prazer ver Natalie Portman toda rapadinha…

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Satanás (2007)

Sabe bem sair da nossa esfera de cinema e petiscar aquilo que se faz nas chamadas “cinematografias alternativas” e perceber que o cinema a que estamos habituados não é, afinal, grande coisa. Nem que isso implique um filme onde se percebe que o bem e o mal estão no nosso cérebro e nas complexas interacções das suas sinapses, e que Satanás está ali ao virar da esquina em toda a gente, em todos nós, que só não aparece mais por falta de oportunidade, como o adultério.

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Daybreakers (2009)

Apesar dos ataques cerrados que ultimamente têm tido como principal objectivo apaneleirar e estupidificar o “filme de vampiros”, este sub-género cinematográfico tem vindo a responder em força na direcção oposta para manter vivo o estatuto que sempre teve. Tal como as criaturas que representa, também o género cinematográfico em questão parece ter a capacidade de se regenerar e manter um aspecto permanentemente contemporâneo. Porque é na negridão e selvajaria da noite, com ultra-violência e sem falsos pudores nem postura politicamente correcta que um filme de vampiros deve ser. Depois de Thirst e Let The Right One In, é a vez de Daybreakers injectar um nova visão de desespero e falta de esperança, num futuro que é tudo menos brilhante.

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The Crazies (2010)

Havia nos anos 80 duas regras de ouro para avaliar um filme de terror nos primeiros 15 minutos. Uma fórmula que, apesar de pouco ortodoxa, nunca falhava. Regra 1: se um filme de terror mostra mamas  em abundância ou sexo relativamente explícito nos primeiros 15 minutos é porque não vamos ver muita carnificina sanguinária. Regra 2: Se nos primeiros 15 minutos um grupo de 10 pessoas fica presa num local isolado com um psicopata que os levará à lenta extinção, um a um, estamos perante mais um desinspirado e monótono clone slasher de Sexta-Feira 13.

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Eastern Promises (2007)

Cru, orgânico, chocante, Cronenberg… É este Cronenberg que nos assusta, que nos faz ter pesadelos apenas mostrando a natureza humana, sem recorrer a fantasmas, assassinos de motosserra ou ataques de monstro na baixa. É apenas a carne, o desejo, o poder, a loucura ou o simples líbido. Cronenberg mostra o outro lado, o lado que não mostramos na padaria nem no centro comercial. É o lado não filtrado da humanidade em estado puro, primordial e visceral, aqueles instintos que ainda nos restam do tempo dos tigres de dente de sabre. É este Cronenberg que idolatro!

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[REC] (2007)

Tempos a tempos somos presenciados com novos obras que nos arrebatam e nos fazem repensar toda a dinâmica do cinema. Este filme não é um desses casos, mas por pouco… [REC] é um exemplo do Hiper-Realismo na estética cinematográfica, uma tendência que pegou no mainstream recentemente e, provavelmente, irá levar este esquema cinematográfico ao limite do absurdo. Mas para já encontra-se no limite do tolerável. E o Hiper-Realismo quando se junta à boa e velha Ultra-Violência e as mãos de um mestre, temos festa na aldeia.

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Kick-Ass (2010)

Chegou finalmente aos cinemas a tão aguardada adaptação de Kick-Ass. Os leitores assíduos deste blog e aqueles que não sendo assíduos sabem usar um formulário de pesquisa perceberão que há muito que se fala por aqui em Kick-Ass. E o resultado é o que se esperava: um hino à ultraviolência feelgood com um agradável dose de humor negro bem equilibrada fazendo jus à velha máxima “I have come here to chew bubblegum and kick ass…and I’m all out of bubblegum.”

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RoboCop (1987)

Robocop é um clássico intemporal, um filme que é já uma instituição e um conceito que ultrapassa em muito as barreiras da sétima arte. Muito mais do que um dos melhores filmes dos anos 80, é também um dos melhores filmes de ficção científica da história do cinema. Mas há um segredo negro em Robocop, uma verdade escondida que todos conhecemos e temos muitas vezes vergonha de admitir em público. É que por muito viril e poderoso que  seja o Murphy Robocop, há um personagem de tão infinito coolness que ao seu lado Murphy parece um pigmeu efeminado: o seu nome é ED-209

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The Exorcist (1973)

Corria o ano de 1987. Meados de Julho. Já havia passado mais de um mês de férias grandes e a euforia lentamente se transformava num quase imperceptível tédio. Suave, mas a ganhar força. Eram 4 da manhã e eu, o meu amigo Zé  e o meu primo João regressávamos de um baile de uma aldeia vizinha, onde fomos na esperança de ver pelo menos uma cover de Judas Priest ou Ramones. Recusamos várias danças e o balanço da noite resumiu-se a dois apalpões e a promessa de um aquecimento de pescoço lá mais para o final da semana. Chegados a casa decidimos meter um VHS alugado no dia anterior. O exorcista… Duas horas depois três teenagers apavorados jaziam imóveis num sofá, sem pestanejar, quase sem respirar, a esperar pela luz do dia. Só com os primeiros raios de sol ganhámos força nas pernas e o sangue voltou a fluir com naturalidade. Até ao dia de hoje continua a ser uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida.

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The Spirit (2008)

Sexta-Feira chuvosa. Estava eu num bar de alterne na Zouparria a olhar para cinco prostitutas deprimidas. Entre todas partilhavam 12 dentes e 382 era o total das suas idades somadas. Fingi beber a minha água campilho e saí pela janela da casa de banho, sem pagar. Estava a precisar de um bom filme para lavar a alma. Apanhei o início do Spirit num canal Premium do cabo. Passados 30 minutos estava a ponderar se não seria menos doloroso arriscar gonorreia com a Jandira, uma brasileira que se orgulhava de ter feito duas mamadas a Goebbles na altura em que ele ainda era presidente da junta de uma pequena freguesia nos arredores de Frankfurt.

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Interceptor (2009) a.k.a. Zapreshchennaya realnost

Desenganem-se aqueles que pensam que o filmezinho de acção brainless  em que toda a lógica é retorcida de modo a que a narrativa possa ser reencaminhada para um sem fim de lutas e proezas físicas de duvidosa credibilidade é um exclusivo do cinema de Hollywood. Todos os países têm os seus “filmes de porrada e explosões” para entreter esta grande comunidade de barrascos que habita entre nós. Assumir que se fez um filme brainless é nobre, mas querer fazer passar uma obra monolítica por um épico intemporal injectando mitologia nonsense é uma armadilha narrativa em que os russos caem sempre. Efeito secundário: transforma-se um “murro e balázio neles” numa comédia involuntária capaz de criar um Ed Wood instantâneo.

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The Road (2009)

Tu, leitor genérico, és uma pessoa equilibrada, relativamente satisfeito com a tua qualidade de vida. Um bocadinho de ansiedade de status, o que é perfeitamente normal numa pessoa com alguma ambição. Vida sentimental e familiar agradável, uma amante ninfomaníaca nalguns casos. Uma vida que não sendo de êxtase permanente, está num nível aceitável daquilo a que convencionamos chamar “felicidade”. Mas um dia vira-se à porta de tua casa um camião de anti-depressivos, beta bloqueadores e ansiolíticos. Como podes dar uso a este valioso tesouro se o teu cérebro está bem equilibrado? Se ao menos fosses uma pessoa deprimida não vias esta oferta como uma inutilidade. O que pode provocar uma depressão instantânea tão imensamente poderosa que necessite de um camião de fármacos? Na minha opinião, este filme…

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Ninja Assassin (2009)

O “Grande Manual do Marketing Desonesto do Cinema Americano” fala-nos de dois tipos de filmes que não precisam de argumento. Mais ainda, são dois géneros cinematográficos em que o argumento só vem empatar. Um deles é o filme mainstream com uma (ou mais) cenas de sexo explícito. Brown Bunny, Shortbus, Idiotern, Baise Moi, Ken Park, só para citar alguns exemplos. O que nos fica destes filmes? Berlaitada! O outro género cujo assombro é tal que dispensa completamente argumento: Ninjas!

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Ninja III: The Domination (1984)

Nos anos 80 havia uma produtora , que por si só, produziu mais toneladas de filmes xunga do que qualquer outra na história. E não falo de xunga foleiro e que se esquece facilmente, falo de xunga inesquecível e cujo humor involuntário nos acompanha através dos tempos, qual memória recalcada que aparece sempre em momentos incómodos, como reuniões do conselho de administração ou funerais de pessoas que até nem conhecíamos muito bem. Essa produtora / distribuidora era a Golan/Globus, normalmente em associação com a Cannon Film Distributors.

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4 saudosos elementos cinematográficos esquecidos

Com o passar do tempo as tendências cinematográficas vão mudando. Alguns elementos desaparecem, outros são reciclados, temas vão e voltam. No entanto há coisas que temos saudades, que parece que ainda ontem apareciam em todos os filmes e de repente desaparecem ou aparecem muito pontualmente. Deixo-vos uma pequena lista de elementos que sinto estarem mal representadas no entretenimento actual, não apenas no cinema.

4 – O lança-chamas

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