Cru, orgânico, chocante, Cronenberg… É este Cronenberg que nos assusta, que nos faz ter pesadelos apenas mostrando a natureza humana, sem recorrer a fantasmas, assassinos de motosserra ou ataques de monstro na baixa. É apenas a carne, o desejo, o poder, a loucura ou o simples líbido. Cronenberg mostra o outro lado, o lado que não mostramos na padaria nem no centro comercial. É o lado não filtrado da humanidade em estado puro, primordial e visceral, aqueles instintos que ainda nos restam do tempo dos tigres de dente de sabre. É este Cronenberg que idolatro!
Tag: Vincent Cassel
O cinema sub-urbano das culturas marginalizadas, dos queimadores de carros, tem o ponto alto em La Haine, verdadeiro Opus de Mathieu Kassovitz. Um murro no estômago para todos os que têm a imagem de França como o El Dorado dos ordenados, onde se encontram leitores de DVD no lixo e onde as cassetes dos artistas chegam um ano antes do que a Portugal.
Diga-se também, em abono da verdade, que a partir de então Mathieu Kassovitz nunca mais fez nada de jeito…
Sempre tentei ser eclético, não embarcando apenas na cinematografia hollywoodiana e odiando outras cinematografias com a mesma intensidade. Tenho uma relação de amor / ódio com a cinematografia francesa. Historicamente poderá ser considerada a mão de todas as cinematografias, em diferentes eras e contextos. Actualmente é muito boa na vertente drama e cinema urbano e terrivelmente pueril e infeliz no que diz respeito a comédias mainstream. Como em tudo há excepções mas vamos ignorá-las por razões meramente estatísticas.
Esta semana vi Sheitan, um misto de filme de terror com cinema rural francês, com elementos sub-urbanos bastante característicos do cinema alternativo francês (vide La Haine). É um projecto pessoal de Vincent Cassel, que se aventura nos reinos da comédia negra satânica.
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