Desde 24 de Junho de 2003

Author: pedro (Page 6 of 39)

arnold

O nosso paizinho Arnold Schwarzenegger mostra o recém adquirido certificado de cidadania Norte-Americana em 1983. Ao seu lado a sempre radiante Maria Shriver que mais tarde haveria de ser sua esposa e incorporar nos seus ovários as sementes dos descendentes de Crom.

A Velha Guarda

monroe

Marilyn Monroe com 20 anos, a segunda a contar da esquerda. Na realidade ainda se chamava Norma Jeane Dougherty e estava a começar a sua carreira no show business com outras 4 modelos. 1946.

A Velha Guarda

Turbo Kid (2015)

Turbo-Kid-Thumb

2015. Um homem dos tempos modernos, com infindáveis afazeres profissionais e domiciliários, precisa do ocasional relax. Não me refiro a desfolhar o jornal local e telefonar à Martinha Quarentona nova na cidade de peitinhos XXXXL e bumbum guloso. Refiro-me ao retiro ocasional num templo de meditação que é um cinema. Ora, numa dessas fugazes submersões no mundo alcatifado dos multiplexes encontrei um velho conhecido. O pai de um grande amigo que se reformara há meia década, um veterano da vida excitante das embaixadas e da intriga internacional. Apesar de ser uma pessoa com quem mantenho bastante contacto e até algum intercâmbio cultural, não o sabia cinéfilo. Faltava algum tempo para o filme e falámos um pouco acerca da cinefilia e das seus efeitos a médio e longo prazo. Familiarizado com mais de meio século de vagas cinematográficas, perguntei-lhe que filmes prefere ver. Os clássicos do existencialismo sueco de Ingmar Bergman? Os heróis da Nouvelle Vague que viu às escondidas no tempo de faculdade? A visão intemporal sobre a boémia decadência da civilização ocidental de Woody Allen? Os movie brats da Nova Hollywood? Fez-me uma cara feia, como quem chupa um limão, levanta as mãos e sorri com aquela cara de quem olha complacentemente para um atrasadinho. “Que horror, Pedro! Eu só vejo filmes de amor. Não preciso de mais nada nesta fase da minha vida, só romances e as conquistas do amor. Esse cenários exotéricos da ficção científica, o hiper realismo e essa violência toda são para os jovens que precisam de viver experiências para se desenvolverem. Eu estou mais perto da morte que da vida, só quero amor e finais felizes.” Arqueei as sobrancelhas e pensei “Caralho do velho tem razão e agora pareço um parolo do Toca Toca Béu Béu*…

Continue reading

A mortalidade infantil no cinema de terror

frankenstein-1931

Há uns tempos escrevi o post “5 filmes tenebrosos para quem tem filhos” onde apresentei uma pequena amostra daqueles filmes que nos custa a ver a partir do momento em que pequenas e adoráveis criaturas criadas a partir do nosso material genético (opcionalmente) nos tomam conta do quotidiano. Filmes que antes se viam sem problemas mas que agora são difíceis de engolir porque a empatia é umas das características nucleares do que faz de nós humanos. Ora hoje venho falar-vos de algo ainda mais doloroso, filmes onde se matam crianças. Esta situação passava-me completamente ao lado quando não tinha filhos, afinal era mais alguém a morrer no meio de tantos que são apenas personagens de um filme, não é? Pois é! Mas a malta imiscui-se na trama e acaba por levar aquilo a peito, pelo menos enquanto o está a ver e depois de ter filhos é tramado. Para mim são particularmente dolorosos e mais vale um gajo falar das coisas que nos tiram o sono do que absorver tudo e passados uns anos atirar-se para baixo de um comboio ou levar meia procissão à frente com uma Kangoo a 120 km/h na festa da aldeia.

Continue reading

Terminator Genisys (2015) e o desastre do casting

Terminator-on-Bike

O assunto que aqui me traz é de grave transtorno. Uma negra tristeza que me percorre o sistema nervoso, suores frios nocturnos, a perda de esperança num mundo melhor. Faz semanas que vos quero falar disto, mas parece que se me forma uma bola na garganta que antecede um terrível camadão de nervos. O último Terminator não é grande coisa. É mau, uma obra que não mereceu a atenção merecida aquando da feitura. Uma facada no nosso imaginário e na nossa infância. Não é só o facto de ter trazido spoilers no trailer, é também a situação que retrata esse spoiler ser de um atraso mental que lhes valeria um taxa de IRS de 0% por invalidez total. John Connor é um Terminator, aliás, é o pior dos terminators. Mas como? Quando? Porquê? Que raios… Como é que isto foi acontecer? Não interessa. Pior que isto é o casting, que é terrível. É medonho. Andaram com uma espátula a raspar a zurrapa de Hollywood para nos matar os personagens que tanto amamos. Arnie, o nosso paizinho, é quem cola este acidente de comboio de filme. Faz o que pode, injecta-lhe amor e carinho, aquela quente sensação de um lar, e nas entrelinhas pede-nos desculpa porque gastámos dinheiro naquilo. Há que descobrir o culpado deste desastre e na minha opinião é o casting. Vamos lá analisar estas respas de bosta que encarregaram de protagonizar o nosso tão amado franchise.

Continue reading

Death Wish – Série “Os Reis do Balázio Vintage”

dirtyharrydeathwish_lowres

Está agora a fazer um ano que empacotei os meus filhos e a minha esposa para casa dos meus sogros e fiquei sozinho durante uma semana. Vi-me num vazio rotineiro que tentei apressadamente preencher. Pegar na bicicleta e ir fazer aqueles passeios que tenho pendentes há anos, ir de mota à Figueira da Foz jantar com os amigos, começar finalmente a fazer jogging, fazer um barco com fósforos, resolver problemas eléctricos na garagem, alterar a combustível do condensador de fluxo (plutónio está caro) ou começar a escrever o tal livro… Depois de muito ponderar optei pela mais lógica: ficar deitado semi nú no sofá a ver filmes, com a migalhas na barriga e as mãos cheias de gordura de pizza, incapaz de colocar em pausa porque os comandos tinham entretanto desaparecido para o limbo dos comandos desaparecidos. Acordar todo torto na sala com o nascer do sol e uma poça de baba ao lado da almofada, sentir-me envergonhado por não aproveitar o tempo e deprimido demais para mudar de actividade. Inventar desculpas para a origem daquelas manchas de gordura no sofá. E com isto aproveitei para rever as sagas Dirty Harry e Death Wish. De seguida em formato maratona, coisa que nunca tinha feito. É esta experiência que aqui quero deixar, escolhendo para vós 3 de cada saga para que possam também organizar uma semana dedicada ao tema “Justiça à força de balázio”.

Continue reading

Jurassic World (2015)

jurassicworld

Viva amiguinhos! Para este primeiro parágrafo vou pedir-vos que fechem os olhos e me imaginem a descrever com doçura e paixão as memórias que tenho do primeiro Jurassic Park e como ele me moldou a mim e ao cinema em geral. Isto estando eu sentado num confortável sofá vintage com uma manta de patchwork em frente a uma farta biblioteca recheada da mais poderosa literatura do planeta. Alguns livros ainda embrulhados em celofano. Num dos cantos está uma lareira que crepita freneticamente aquecendo as minhas pernas nuas e a música de fundo é Ballade Pour Adeline de Richard Clayderman que aumenta de intensidade à medida que as minhas próprias memórias me obrigam a lacrimejar e a invocar aquela última vez em que a minha tia avó Natércia nos acompanhou ao cinema para ver… exactamente, Jurassic Park de 1993!  E como toda esta narrativa enrola de modo inteligente no início do texto que se seguirá no segundo parágrafo.  Continue reading

Jurassic Park III, uma história de amor

Jurassic-III_hearts

Esta semana terminei de ver um filme que comecei em 2001. Foi, muito provavelmente, o maior intervalo de tempo que acumulei para terminar um filme.  Jurassic Park 3, um filme patético e infantil de características marcadamente mercantis, cuja intenção seria apenas sugar dólar a saudosistas que 8 anos antes vidraram de emoção com o original de Spielberg. E só o fiz porque, num preguiçoso zapping pelos canais de cabo, me apercebi que nunca o tinha acabado. De imediato o meu primitivo cérebro me transportou para uma era diferente, para os vertiginosos tempos do início do milénio. Um tempo de leite e mel, de relações saudáveis, das tardes de café, das noites de verão esquecidas sob os plátanos da Praça da Republica, de ir trabalhar de directa com o cérebro apenas a apanhar estática. Antes do euro, antes que os compromissos da vida adulta me enraizassem nestas rotinas que me apodrecem as carnes e me toldam o espírito dia após dia (após dia), levou-me para uma época mágica, uma época em que se viveu a melhor de todas as histórias de amor, a minha!

Continue reading

Sharon Tate, musa e esposa de Roman Polanski. Protagonista de um dos meus filmes preferidos de Polanski, The Fearless Vampire Killers, haveria de ser assassinada por Charles Manson e a sua pandilha. Estava grávida de 8 meses e meio. Ficam as fotos de uma beleza inesquecível. Foto de bónus no final.

SharonTate (1)

SharonTate (2)

SharonTate (3)

SharonTate (4)

SharonTate (5)

SharonTate (6)

Foto com o maridãoSharonTate (8)

Bruce Lee dá aulas de luta a Sharon TatezSharonTate (7)

Roar (1981) – Quando o cinema é um número de circo

roar1

Filmes há que não valem um pisso, mas que transportam consigo toda uma aura de freakshow ambulante, capaz de os catapultar para a história da sétima arte nos capítulos da bizarria. A extraordinária incredulidade estará em perceber como tal extravagante lavagante  pode ser alguma vez projectado num ecrã de cinema. Pior, como é que no processo alguém idealizou, aprovou e efectivou tal obra. Hoje é uma dessas singulares ocorrências que aqui vos trago. Roar é o brainchild da actriz de The Birds (Tippi Hedren) com o produtor de Exorcist (Noel Marshall). Ora, depois de uma viagem por África, em comunhão com a natureza no espírito dos 60s, apenas as ervas não estavam a salvo deste voraz casal que se apaixonou por uma moradia colonial abandonada no interior de Moçambique. Nesse casebre abandonado por portugueses que haviam já consumido a sua zona de influência morava agora um família de leões. Faziam daquelas luxuriantes ruínas o seu lar. Consumidos pelas drogas que lhes inseminavam o cérebro de conceitos de elevada abstracção, estas alminhas sonharam fazer um filme em que uma família normal, com as suas tropelias do destino e as suas rotinas mundanas, partilhavam o lar com 100 animais selvagens. Seria a estreia de Noel na realização, um conjunto de actores de renome com 100 animais selvagens não domesticados. Leões, tigres, panteras, jacarés, elefantes… Enfim, nada que pudesse à primeira vista correr mal.

Continue reading

Os posters caseiros de Mad Max Fury Road

Um mês depois da estreia de Mad Max: Fury Road a Internet ainda se encontra apaixonada pelos visuais avassaladores de Miller e artistas por esse mundo fora inspiram-se nas wastelands de Mad Max para criar as suas próprias versões da desolação do futuro doente do universo Madmaxiano. Fiz um apanhado de posters caseiros de Mad Max e deixo-vos aqui uma amostra da qualidade destes trabalhos. De acrescentar que existe uma colecção da Vertigo Comics que irá ter a tarefa de explicar as origens dos personagens principais, cujo número um já tive o prazer de ler e que dá umas luzes acerca das origens de Immortan Joe e Nux. Existe também um glorioso livro chamado Mad Max: Fury Road INSPIRED ARTISTS com páginas imensas do mesmo material de que são feitos os sonhos.

1YPEcdQ

Continue reading

Maggie (2015)

Maggie (2015)

– O senhor, por acaso, sabe quem eu sou?
– Paiziiinho!
– Não, não. Sou um drama familiar em formato de telefilme. Coincidentemente passa-se em pleno apocalipse zombie e  protagonizado por Arnold Schwarzenegger.
– Eh lá! Isso é que deve ser matar, esquartejar, decapitar, sangue a jorrar, tripas arrastadas pelas ruas, prédios em chamas, exércitos a bazucar hordes de milhares de zombies pelos ares, a destruição de uma cidade grande americana no terceiro acto, motosseras a…
– Erm… Sim… Não! Não é bem assim. É mais silêncio, contemplação, sofrimento interno, escuridão…
– Escuridão como em “trevas”, a negridão dos tempos, o desespero de se ser mastigado vivo por uma matilha de mortos vivos enquanto se lhes arranca metade do torço a tiro de caçadeira de canos serrados?
– Não. Mais em falhas de electricidade e problemas na infraestrutura de distribuição de alta/média tensão.
– Oh diabo! E vai ser o Arnie a conseguir reconstruir rapidamente toda essa destruição graças à sua capacidade física de super-humano e a uma experiência avançada que não se aprende nos livros para grande humilhação dos jovens superiores hierárquicos que pensavam estar perante um velho caquético que no final lhes salva o dia?
– Não, a infraestrutura mantém-se inalterada durante toda a duração do filme.
-Nem mamas?
– Nada…

Continue reading

Os posters de The Shining rejeitados por Kubrick

No processo de criação de um filme é frequente o realizador não estar directamente envolvido em alguns aspectos, como o marketing por exemplo. Tal não era o caso de Stanley Kubrick, obsessivo em todos os aspectos do processo de desenvolvimento do filme, desde o catering aos detalhes de projecção em sala. Para a promoção de The Shining, Kubrick contactou o designer Saul Bass (que colaborou anteriormente com ele em Spartacus) para criar o poster final. Várias foram as propostas rejeitadas por Kubrick, cada uma delas com anotações justificativas. Deixo alguns desses posters. Se clicarem na imagem conseguem ampliar.

the_shining_1

Continue reading

Ex Machina (2015)

Ex-Machina

A tecnologia avança de modo vertiginoso, descontrolada, eufórica… Uma corrida desenfreada que já dura desde que DaVinci alinhou umas rodas dentadas debaixo de uma pele de cabra.  Vivemos num tempo de imprevisibilidade tecnológica, milhões de engenheiros e cientistas a trabalhar, coordenar esforços, em busca do santo graal tecnológico: um robot com entrefolhos correctamente anatómicos que se possa foder. Será a empresa que o criar que poderá controlar o planeta, mudar regimes, criar estratégias globais.  Quem entre nós não apreciaria ter um parceiro sexual topo de gama que tivesse um botão de off e esperasse o sono do amado para actualizar o firmware na pacatez da noite? Depois de engomar camisas e lavar as bancas da cozinha. E é por aqui que a nossa psique colectiva alinha o progresso da humanidade.

Continue reading

It Follows (2014)

itfollows

O hype é a unidade que os cinéfilos usam para quantificar a expectativa que antecede um filme. Bem, na realidade hype pode ser traduzido directamente por expectativa, mas por vezes precisamos de reservar uma conjunto de buzzwords para dar um extra-flair aos textos. Que em parolês significa “embelezar”. O hype também não é claramente quantificável, uma vez que vem em apenas três versões: muito, pouco ou nenhum. Ao hype damos frequentemente carga negativa porque nos estraga sempre a experiência. “Porque diziam que era bom e afinal fica a ligeiros milímetros de ser uma bela merda“. Porque se não for excelente é mau em sob condições de forte hype. Há o hype criado apenas pelo marketing eficaz da máquina publicitária do próprio filme e do seu exército de lacaios disfarçados de especialistas de imprensa e powerusers das redes sociais e há o hype das críticas hiperbolarizadas daqueles que viram o filme antes de nós e precisam de se vangloriar. O hype é como o colesterol. Há hype bom e hype mau. Há que saber distinguir para conseguir prever com alguma exactidão o outcome (buzzword para dar flair) da experiência cinematográfica. O mood que irá definir o mindset aquando do screening. Um amigo com quem temos afinidade cinéfila e no qual confiamos nas críticas e que gostou do filme pode ser interpretado como hype bom. Um parágrafo patrocinado pelas pensos higiénicos Bedhum na revista “Ana mais Atrevida” é hype mau. Uma publicação online ou um blogger independente pode ser hype bom. A esposa do homem do talho que foi esteve a passar a ferro e ouviu dizer o Goucha que um filme seria bom, é hype mau. E assim sucessivamente. Vem esta pequena introdução justificar o facto deste filme ter chegado atrasado ao meu ecrã e se fez copiosamente anteceder por um fluxo de hype capaz de evocar as mais poderosas metáforas menstruais .

Continue reading

My name is Max. My world is fire and blood.

4387872-mad_max_inspired_artists

Coimbra, 1987. Tudo se resume sempre ao início, à génese das coisas. A um senhor a quem chamávamos “senhor”, de seu verdadeiro nome Dinis, que teve a visão de criar um videoclube e realizar as mais selvagens fantasias de adolescente dos anos 80: poder aceder livremente a pornografia e ver filmes sem sair de casa. Nesse templo de peregrinação semanal conhecemos Max, o louco, numa trilogia de luxo da qual idolatrávamos o segundo tomo como se de uma referência religiosa se tratasse. Lord Humongous era o nosso Satanás e o Road Warrior o Jesus redentor. Os santos e os mártires pereciam à fúria dos demónios das areias nas suas infernais bestas motorizadas. O discurso “There has been too much violence. Too much pain. (…) Just walk away.” rodava 3 ou 4 vezes ao fim de semana numa cópia que fazíamos de vídeo para vídeo, juntando esforços com um vizinho com o intuito de partilhar esta joia. Uma operação tão complexa como activar ogivas nuclear, com os dois responsáveis pelo equipamento a rodar a chave em simultâneo. As nossas bicicletas tinham espigões laterais e nos nossos corpos ostentavam-se as mazelas de acrobacias falhadas. A nossa religião era Max, o louco, e os clones italianos de baixo orçamento eram a nossa perdição. Todos consumidos, todos copiados, todos partilhados. Como representantes da religião de Max, a decepar, mutilar, incinerar e decapitar por esses wastelands fora. “Just walk away” é a voz que ainda oiço a meio da noite, ensopado em suores dos mais nefastos pesadelos. Como senti a falta do cinema do Max de Miller neste anos que passaram. A nossa relação não acabou bem, o último com a Tina Turner foi um embuste, uma colagem de interesses que não resultou como pretendido. Não é um filme desprezível. Também não chega aos calcanhares do Road Warrior.

Continue reading

Avengers: Age of Ultron (2015) e a humildade de saber amar um filme com deficiência

avengers-age-of-ultron

À distância, o ano cinematográfico de 2015 faz-me lembrar aquelas viagens baratas em hotéis de 3 estrelas da Tunísia que compramos fora de época em promoção por catálogo. Tudo parece luxuriante, paradisíaco, o local perfeito para (nem acredito que vou dizer isto) “recarregar baterias”. Uns meses em delírio expectante e quando lá chegamos não se encontra nada do que foi prometido, os pontos de interesse do catálogo ficam separados por centenas de quilómetros e mesmo assim resumem-se a um único ponto de beleza, que foi o ângulo captado pela câmara. Aqui estamos nós em 2015, no ano que o alinhamento de blockbusters era tão perfeito que em 2013 havia geeks a querer hibernar para passarem depressa estes dois anos. Em 2015, no olho do furacão, na época alto do blockbuster e olhando em volta é a desolação do costume. A coboiada dos heróis de licra e os CGI-fests.

Continue reading

O consultório do Tio Xunga

Captain’s Log, supplemental. Estas são as conversas que decorreram no passado dia 24  de Fevereiro numa sessão do consultório do Tio Xunga. Ficam aqui transcritas para que o Facebook não as engula nas nefastas areias do esquecimento. Comecemos então que há muito que ler.

Ricardo T.Tio Xunga, qual é o melhor filme de sempre?
Tio: Commando (1985)

Commando-Matrix-Firing_Rocket_Launcher (2)

Continue reading

Whiplash (2014)

Whiplash-Scream

Nos meus tempos de jovem descomprometido e de ir para onde o vento sopra fui baterista e tive algumas bandas, não necessariamente por esta ordem. Eram tempos de grande azáfama, nos anos 90 centenas de pequenos bares e clubes competiam entre si para ter bandas ao vivo que era isso que a malta gostava. Viver um centésimo do que se vivia na latejante noite de Seattle. Eu não era do tipo rockstar, pelo contrário. Era aquele baterista soturno e cabeludo que servia de técnico de som, transporta caixas e tratava de minimizar os estragos porque as condições nunca eram as prometidas. Isto enquanto o vocalista aproveitava a carrinha vazia para brincar ao esconde o martelo com duas noviças inebriadas facilmente impressionáveis. Entretanto abandonei por razões profissionais, mas o que vivi marcou-me para sempre. O músico que quer ter carreira é uma pessoa obcecada. Alguém que quer chegar ao topo da sua área. Mesmo o facto de saber de antemão que nunca o conseguirá não o irá demover de tentar. Os músicos mais empenhados tornam-se assim em ermitas num estado de quase permanente autismo. A música é a única coisa. É o caminho, a vida e o amor. Melhorar, ser melhor, ser o melhor, progresso diário. Anos depois de abandonar a arte percebi que podes largar a bateria mas a bateria nunca te larga a ti. Um baterista, ou um baixista e percussionista, vive em ritmo. Tudo tem um ritmo e é a ele que obedece. Procura padrões, está em estado de permanente batuque, seja com lápis, dedos, pés, seja em reuniões com a administração, funerais, em conversas que deviam estar a prestar atenção. É uma maldição.

Continue reading

« Older posts Newer posts »

© 2025 CinemaXunga

Theme by Anders NorenUp ↑