Desde 24 de Junho de 2003

Séries de Ficção Científica dos anos 80

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Séries de ficção científica dos anos 80, essa praga. Ainda hoje pago psicoterapia pelos danos que me causaram. Galáctica, Buck Rogers no Século XXV, Space 1999, Captain Powers and The Soldiers of The Future e V. Uma autópsia detalhada ao estilo “análise de danos psicológicos”. Uma viagem ao mais negro que a mente humana tem para oferecer: xunga do velho!  (música em background que acompanha este texto)

Battlestar Galactica

galaticaGalactica foi uma série referência em Portugal no início dos anos 80. Talvez fosse boa, talvez a RTP não desse mais nada. O certo é que os putos da minha idade não faziam mais nada do que ver, brincar e imitar a Galactica. Faziam-se concursos de desenho para ver que era o melhor designer de naves e brincava-se no recreio da escola primária em que as competições pelo papel de Apolo ou Starbuck geravam sempre arraiais de pancadaria que superariam uma eventual ida do Presidente da República a Canas de Senhorim.

Sempre tive o fascínio de um dia voltar a rever essa pérola da minha memória. Um dia, nos inícios do emule, saquei um episódio TVRIP da Galactiva. Esperei umas duas semanas por ele. Quando finalmente chegou quase que não me conseguia conter. Carreguei no play e o meu sorriso depressa se desvaneceu num esgar arreliado de “What the fuck?”…

Galactica é uma série que envelheceu mal. Fede a anos 80 como uma doninha fedorenta numa perfumaria. Tem todos os irritantes ingredientes de uma parvoíce no espaço. Basicamente é o Dallas, mas passado a bordo de umas naves espaciais em forma de colher de esparguete. Tinham um coisa boa, um império intergaláctico constituido por robots maléficos, o sonho de qualquer criança…

Neste ponto da minha vida retornei ao eterno dilema: deve-se renovar a memória ou deixá-la ser gloriosa? Quando passou na Sic Radical ainda lhe apanhei 2 ou 3 episódios, mas não resisti ao sono em nenhum deles. Do remake de 4 épocas que acabou recentemente apenas vi a mini-série, a chamada “época zero para ver se pega”.

Buck Rogers in the XXV Century

buckroger2sEsta série foi rebaptizada “Buck Rogers in the 25th Century” nos States, porque eles são tão fluentes em numeração romana como nós naqueles elementos da tabela periódica que aparecem num rectângulo à parte. Sabem, aqueles sintetizados artificialmente, tipo Einsteinio e o Mendelévio.

Buck Rogers é um astronauta que se perde no espaço e, quando acorda, está a ser puxado para a Terra no século 25. Como estas coisas das paranóias terroristas hão-de durar eternamente, toda a gente desconfia da versão dele e pensam que é um espião, nome dado aos terroristas nos anos 70 e 80.

Buck Rogers acaba por se tornar um membro da sociedade do século 25, sempre acompanhado de um robot anão chamado Twiki, cujas únicas palavras que sabia proferir eram “Mini-mini-mini-mini”. E claro, o ingrediente principal, gajas. Ora, desconfio que tenha sido este o conceito à volta da criação da série: “Como é que podemos meter 78 gajas vestidas de licra numa série de TV? Adaptamos o Buck Rogers!“. Vai daí, o pobre astronauta não tinha mãos a medir com tanto gaijedo. Absorvido por aventuras trepidantes, Buck Rogers estava sempre a ser distraído da sua verdadeira missão no séc. XXV: foder! Era uma proeza para o sociedade púdica americana, mas como era no futuro, desculpava-se.

Falta ainda dizer que a Terra do século 25, além das gajas de licra, era também um planeta afectado por… adivinharam. Radiação de uma terceira guerra mundial. A acrescentar a magnífica música instrumental dos créditos iniciais, com uma narração heróica e tambores no início. Ah, e a bizarra semelhança física entre Buck Rogers e George W. Bush? Weird!…

Space 1999

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Esta série é mais difícil de catalogar. Em primeiro lugar porque é britânica e eles gostam de meter algo mais que explosões gigantescas nos seus filmes de sci-fi. O Space 1999 ainda é bom. É bom porque é funky, e o funky, como toda a gente sabe, nunca sai de moda.

O elenco é todo horroroso, as gajas são do pior, os fatos então nem se fala. Dá para esconder a falta de depilação, que toda a gente sabe ser uma coisa impossível de fazer no espaço. Pelo menos nos anos 70. Os efeitos especiais não são muito bons e são reciclados amiúde. O cenário é um pavilhão polidesportivo cheio de caixas de frigoríficos pintados de cor de alumínio e cravados de luzas que acendem e apagam aleatoriamente. Então, além da questão “funky”, o que faz desta série especial? Bem, na minha humilde opinião é o facto de tratar da pontos mais filosóficos e existências, misturados com elementos de acção e mistério que captam a atenção de putos e graúdos.

Teve duas séries (que orgulhosamente possuo – ORIGINAIS). A primeira é o impacto psicológico de ser afastado para longe do planeta Terra, o desconhecido, o existencialismo, quem somos e para onde vamos. A segunda série é mais virada para o excêntrico, aventura com outros povos, a inclusão da metamórfica Maya e bastante roupa hyppie. Resta ainda dizer que esta segunda série, a par com Alice no País da Maravilhas, foi integralmente escrita sob a influência de LSD e outros alucinogénicos que nem a PJ ainda ouviu falar.

Captain Power and the Soldiers of the Future

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Da página oficial: In the 22nd century, war was waged with mechanized warriors. (…) The machines united and turned their fury on their creators. It is the year 2148 – the METAL WARS have ended – machines battled man, and the machines won. Out of the ashes of defeat came JONATHAN POWER, humanity’s last hope of defeating the BIO-DREAD warriors led by the evil LORD DREAD. Captain Jonathan Power and a devoted band of freedom fighters are all that stands between Dread and the final destruction of mankind.

Ora bem, olhando assim de repente para a descrição de cima, dá vontade de nunca voltar a este site. Eu faria isso, mas infelizmente é gerido por mim e parecia mal. Captain Power era uma foleirada patriótica ao estilo de Indepence Day em episódios num mix com Power Rangers. Então porque é que os putos adoravam? Porque tinha porrada, guerra, explosões, armas e robots metálicos com aspecto maléfico que voavam e fazia coisas bem terríveis. Eram animados a computador, coisa que para a altura era tão inovador como o Walkman da Sony.

Inspirada na mitologia do mais piroso Heavy-Metal dos anos 80, que vai desde os gay Manowar aos Anthrax. É, de facto, uma série intragável. Terrível até ao mais ínfimo pormenor. Admito que gostava dela quando tinha uns…. Sei lá, 12 anos? Talvez… Mas no outro dia saquei um episódio da Net (para fins puramente académicos) e mal passei dos créditos iniciais.

V – The Final Battle

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Esta foi uma mini-série que deu em Portugal por volta de 1984/5 e que criou um sucesso instantâneo. No entanto toda a gente ficou terrivelmente chateada porque havia rumores que a TVE (Espanha) estava a passar a segunda série, e quem não morava perto da fronteira ficou a apanhar bonés. Juntamente com o “buzinão” da ponte 25 de abril, foi a maior crise que houve em Portugal, excluindo coisas relacionadas com futebol.

Era passado no tempo presente e a Terra foi invadida por tipos que pareciam humanos mas na realidade eram lagartos. Tinham uma boa campanha de relações públicas, mas um pequeno grupo, La Resistence, sabia que eles apenas nos queriam para escravos e alimentação. O costume, portanto! Teve um primeiro episódio bombástico e depois foi decaindo. É uma versão “ligeiramente modificada” da Guerra dos Mundos, mas passada na América dos anos 80, quando todas as gajas boas eram louras, tinham permanente e umas mamas como a Samantha Fox.

Na altura não era má, mas vista hoje em dia é mais “lixo dos anos 80”. Os lagartoides tinham bom aspecto e tinham uma voz bem porreira quando não tinham disfarce. Robert Englund era um dos actores que por lá andava.

NOTA BASTANTE IMPORTANTE: Este artigo foi originalmente escrito no blog Cinemaxunga por alturas do Verão de 2005.  Modifiquei ligeiramente algumas referências para não se notar que é velho…

19 Comments

  1. Nasp

    Excelente artigo, no entanto acho que a serie do Captain Power bastante diferente das outras, e esta não tem aquele mau envelhecer que as outras realmente tiveram, curiosamente Captain Power é também a serie de menos sucesso de todas elas.

  2. Nasp

    Esquecia-me, falando em gajas a companheira do Buck Rogeres a Erin Gray era “deliciosa” em trajes justos e brancos!!! Mamma Mia!

  3. Cine31

    É sempre um prazer reler um texto deste calibre! Vou por um link no CINE31 para cá, é um texto que merce ser partilhado, parabéns!
    NOTA: Vale a pena dar uma hipótese á nova versão da Battlestar Galactica, a série é muito melhor á mini-série, é uma re-invenção do c@£@!!0 !! Fiquei fã, e daqui a trinta anos ainda vai ser bom, ao contrário do original que revi -a custo – há meses atrás! Sinceramente, Espaço 1999 revi um episódio no SIC Radical e ia adormeçendo, Buck Rogers sei que vi quando foi exibido mas não me recordo de nenhuma cena… fiz download (para fins não académicos) do filme (deve ser o piloto da série), mas ainda não tive oportunidade de ver. Mas deve ser xunga que se farta…

  4. Cine31

    Não tem nada a ver com este post, mas andava a vasculhar no Cinema Xunga antigo e vi lá esta critica do ano passado (http://cinemaxunga.net/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=360&Itemid=5) ao Doomsday. Fiquei parvo (…) quando soube que só estreou esta semana na Lusitânia! (http://cinecartaz.publico.clix.pt/filme.asp?id=202216) Estas distribuidoras andam cada vez melhor…

  5. Bruno

    isto já não é do meu tempo… quando fui chavalito vi foi o Mcgyver, o esquadrão classe-a e o justiceiro!
    velhos tempos…

  6. Arapuk

    Eish, o McGyver e o Justiceiro! Vérrsão brasileira, Ebert Richards! Belos tempos! Também não sou do tempo das séries deste artigo… felizmente, parece-me. 😉

  7. Peter Gunn

    Só faltou ai o Automan – o homem automático, para me fazer vir as lágrimas aos olhos de tanta recordação de infancia!

    O pessoal passava a semana inteira à espera que chegasse ao fim de semana para vermos as nossas séries favoritas e depois era a semana seguinte a falar sobre o que viamos… infelizmente é como dizes, a maioria destas séries envelheceu bastante mal e o melhor que temos a fazer hoje em dia é não lhes tocar nem com um pau de dois metros… senão lá se vão as belas das memórias de criança!

    Cumprimentos e parabêns pelo excelente texto 😉

  8. Roberto Barreiro

    Tive o mesmo problema que tu a ver a primeira série da Galactica, saquei um episódio e numa festa na casa de um colega decidimos antes de ir para a noite ver o primeiro episódio da Galactica. Posso dizer que foi uma das noites mais divertidas de nostalgia. No entanto tens razão a série não era boa para os standards de 2010 mas para o anos 80 era uma loucura :D.

    A nova série não tem muito a ver com a antiga, apesar dos nomes serem os mesmos é uma série nova de excelente qualidade, pessoalmente acho que é a melhor série dos últimos tempos. superando mesmo o LOST e outras da mesma altura.

    Ainda me pergunto se seria na galactica ou no Buck rogers que havia um cão cibernetico?? alguma ideia?

    Um abraço

  9. pedro

    Na Galactica havia um cão robot, que era de um puto qualquer. No Buck Rogers era um anão cibernético.

  10. cosmic

    Sim sinhora, nunca é demais em falar do Captain Power que tanta alegria deu enquanto puto! Lembro de penssar algo na altura como: “o que era bom era ver filmes cheios de efeitos especiais CGI como estes robots da serie”, e hoje em dia temos coisas como o Transformers 2…

    Retiro o que disse na infancia.. era claramente um puto parvo.

  11. Paulo

    Eu acho que o comentarista do site e todos os outros que concordam com ele, devem ter tido uma chance de ter sido adolecentes normais, mas depois, provavelmente sofreram alguma radiação social ou pancada na cabeça, e viraram adultos muito parvos, pavões iluminados com tendencias T.S.

  12. ArmPauloFerreira

    Vi todas essas e realmente, para os dias de hoje (décadas depois) ficaram datadas.

    http://armpauloferreira.blogspot.com/2008/09/nostalgia-dos-anos-80-sries-de-tv-parte.html

  13. Alexandre Rodrigues

    Este texto está muito engraçado e compreendo os pontos de vista. No entanto não posso concordar com tudo. A série Galactica, a original, na minha opinião continua bastante interessante, obviamente um pouco datada. Mas não troco um episódio desses por dez dos nova série. Infelizmente há uma tendência para considerarmos que o o actual é que é a referência, mas na prática estamos é a regredir, ou seja, a pensar como os putos de hoje em dia, uma vez que apagámos o passado. Tudo isso é muito mau.
    A Galaáctica original tinha episódios muito bons. Grandes actores, naves credíveis, não aquelas animações digitais quase transparentes de hoje em dia, e, acima de tudo o essencial: combates espaciais, que, afinal, era o que queríamos ver. Não tenho pachorra é para ver uma telenovela dentro de uma nave, como são quase todas as séries sci-fi de hoje em dia.

  14. lacp

    Com que então a década de 80 foi uma década de lixeira! E os Manowar e os Anthrax são gay como todo o metal dos anos 80! És um atrazado, não sabes o que dizes e não dás valor ao que de bom teve a década de oitenta. Desde anime, séries de tv, música( Não houve década melhor até hoje), filmes, etc. A década actual é merda, assim como o que mudou desde os meados da década de 90 e desde essa altura tem sido um periodo de merda da humanidade e uma fase consporcada apo iada na globalização. Deixa, has-de ter saudades desse tempo, as pessoas nesse tempo eram mais felizes.

  15. caetano

    Para o comentarista tudo o que é dos anos 80 é lixeira e não tem valor nenhum! Deve ser pouco conhecedor daquela década para fazer afirmações dessas. Olha aconçelho-te uma excelente série dos anos 80 que neste caso não de é ficção científica mas sim de anime, Hokuto no Ken ou Fist Of The North Star en inglês. Atenção esta série nunca passou em Portugal, mas passou na nossa vizinha Espanha no inicio da década 90. Atenção, é dos anos 80. Vê e depois logo me dizes se não é uma série espectacular.

  16. lacp

    As séries que se fazem hoje em dia mete-me nojo, desde da realização, passado pelos actores e acabando na história. Contam-se por os dedos o anime, as séries e filmes bons nos últimos 15 anos. O exemplo de uma boa série recente, que tem várias partes, é o Spartacus da neo-zelandesa Starz, passada no tempo da Roma antiga com os seus gladiadores a matarem-se nas arenas de Roma, e não só mas também os episódios de orgias entre os romanos com gladiadores e escravos. Filmes bons, de boa qualidade são por exemplo a série dos Senhor Dos Anéis ou a segunda trilogia da Guerra Das Estrelas.

  17. lacp

    Vê lá o que é estás a apelidar de lixo porque nem todas as séries, música, anime e filmes são lixo. O Heavy Metal é um estilo musical bastante ponderoso, com bastante ritmo e muitos solos, não é para criancinhas, betinhos, meninas cheias de manias e homossexuais( neste caso, o Rob Halford dos Judas Priest é, livra!). E as transmissões desportivas também são lixo, como a Formula 1, a NBA, Motociclismo, rallys dessa década assim como os campeonatos mundiais, europeus e competições europeias de futebol? E os Jogos Olimpicos da época, o voleibol intenacional e o hóquei patins, também? Vê lá o que dizes!…

  18. Emanuel

    Boas:

    Procuro serie, ou qualquer informação sobre ela que passou na RTP no inicio dos anos 80, que era uma co-produção Portuguesa e Espanhola, foram 12 ou 13 episódios e era passado na idade média, cada episódio era com uma história diferente e eram sobretudo histórias terror/fantásticas mas sempre passadas na idade média.
    Passava salvo erro ás sextas feiras á noite já a horas tardias, pois nessa altura o terror era desaconselhado a menores… 🙂
    Agradeço desde já qualquer informação sobre isto, nem que seja só o nome!

  19. André Luiz

    Gostaria de saber se é possível conseguir a série inteira de battlestar Galáctica e onde?

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