Infelizmente, todos nós sabemos a anatomia de um filme de gaja, pois temos que o gramar ocasionalmente para preservar a harmonia conjugal. Mas o filme de gajo? Existe filme de gajo? Existe sim, e é em Crank 2 que este conceito atinge um novo patamar: violência desmesurada, sexo gratuito, perseguições diabólicas, o mais profundo desprezo pelas leis de Newton, sangue aos baldes, montagem rápida, bordoada de três em pipa, um herói duro como o aço capaz de resistir a uma queda de um helicóptero.Tendo todas as características para ser um mau filme, acaba por ser estranhamento apelativo e está cientificamente comprovado que faz os testículos mais negros.
Category: Cinema (Page 19 of 27)
O Cinema Xunga é (provavelmente) o primeiro blog de cinema a oferecer uma revista de banda desenhada. Trata-se do número 9 da colecção Caminho das Estrelas, editada em 1978. A seguir já vos explico como podem adquirir e ver a revista.
Quem nunca comprou para o seu filho (ou sobrinho ou criança genérica) o Hercules ou Pocahontas e só depois percebeu que é um clone barato feito algures num país oriental? Quem nunca alugou, comprou ou assistiu a um filme que se parece em tudo com outro que já vimos, mas na realidade é de extremo baixo orçamento e só é distribuído porque vai montado na publicidade que o original fez? Toda a gente… Hoje quero-vos falar do fenómeno da contrafacção cinematográfica. É uma situação que ocorre a cada vez que há um filme ainda em formato teaser, com um ano um mais de pré-publicidade ou hype mediática. Os exemplos que vos trago são Transmorphers, Snakes on a Train e Monster. Não vi nenhum deles, mas penso que o obrigatório trailerzinho do youtube é auto-explicativo.
Num país tão rico em charcutaria e em que a gastronomia atingiu picos da genialidade sem precedentes com as papas de sarrabulho ou as tripas à moda do Porto, muito me admiro de não haver ainda um torture porn tuga. E com o incentivo que traria à industria da transformação de carnes estou até a cheirar um gordo incentivo ICAM para este projecto.
No apogeu do VHS, todos tínhamos que nos inscrever nos clubes de vídeo para ver qualquer coisa nos nossos magnetoscópios novinhos em folha. Era preciso pagar jóia e não era barata. Vivia-se o tempo dos clubes de vídeo de cassete pirata (que funcionavam às claras), o tempo da secção Beta (tribo que degenerou no clã dos Macintosh) e do tempo em que houve regozijo nacional quando a RTP passou o primeiro Rambo. As cassetes de vídeo tinham um cheiro especial e eram caras. BASF e TDK eram marcas apenas acessíveis a bolsas mais abonadas. Tempos mágicos. Todos tínhamos um mapa mental da disposição das prateleiras. Um dos títulos que se alugavam primeiro era Mad Max 1 (porque havia o 2, que era para alugar no próximo fim de semana). O tempo de filmes de ultra-violência pós apocalíptica, em que a fraca qualidade passava incólume. Que diabos, se alugávamos Gente Gira e Deuses Devem Estar Loucos, porque não alugar Salteadores de Atlantis ou A Batalha do Bronx? E já agora, levar mais uma vez uma cópia de She, A Raínha da Guerra e do Amor e Desaparecido em Combate 2.
Começou ontem no canal americano ABC o remake da mítica série dos anos 80. Vista hoje em dia, a série original é de arrepiar os cabelos de tão má, mas na altura não se falava de outra coisa no recreio da escola. Não sou grande adepto dos chorões dos anos 80, o que passou, passou. E como tal parece-me que este remake não vem acrescentar muito ao legado deixado pela original. Mas eu vou ver, como cabrão hipócrita que sou… Deixo-vos com os posters internacionais e com o trailer.
Antes de começar quero aqui cimentar alguns conceitos. Filme de gaja: é uma matriz única sob a qual milhares de filmes são produzidos. Um casal improvável apaixona-se e quando tudo parece correr bem a gaja descobre que ele usou um estratagema desonesto para a conquistar, separam-se, ele chora à chuva com uma balada de hardrock e depois tem que ir a correr para o aeroporto para a apanhar antes de ela embarcar num vôo para não mais voltar. Casamento. Buddy Movie: é um tipo de filme em que dois amigos fazem tropelias ao estilo Tom Sawyer século XXI (ou XX). Bromance: é uma mistura dos conceitos anteriores em que o conceito Buddy movie é aplicado à matriz Filme de gaja em que a suposta piada está na fina linha que separa a panasquice da profunda amizade…
O trailer eye candy é a arma de eleição para fazer um filme ter sucesso logo no primeiro fim de semana. Surrogates é uma adaptação de uma novela gráfica que falei aqui ontem. Nunca senti que pudesse ser um filme fantástico, no entanto sabia desde que ouvi falar dele que tinha que o ver. Mas no final do filme ficamos com a mesma sensação de quando ganhamos bilhetes na rádio para um concerto e quando chegamos lá afinal só canta o David Fonseca porque os artistas talentosos foram cancelados: é uma armadilha!
É certo que eu destilo bastante veneno àqueles que gerem a indústria cinematográfica em Portugal. Falo da industria da distribuição, claro, porque não existe mais nenhum tipo de industria cinematográfica por cá. Mas se na maior parte das vezes as suas estratégias de distribuição nos fazem morrer mais um bocadinho por dentro, outras raras vezes saem acertadas. Os dois mais recentes exemplos dessas decisões são a recusa de estrear Land Of The Lost e Year One nos nossos ecrans, poupando hordas de cinéfilos incautos de ir ao cinema com as namoradas e que na hora de comprar o bilhetes tomam decisões com a cabeça da gaita. Mas não nos excitemos com esta súbita aptidão cultural dos distribuidores, porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia…
Em meados dos anos 80 tinha uma vizinha , a Rosa, que nutria um fraquinho por mim. Um dia levei-a a minha casa e no meio da mútua investigação anatómica meti-lhe o trailer de um filme que tinha alugado. Salteadores de Atlantis. A sequência que ela viu envolvia 2 atropelamentos mortais, uma senhora a ser trespassada por uma seta no crânio e uma decapitação com um cabo de aço. A Rosa olhou-me num misto de repulsa com reprovação (lábio hirto e olhos arregalados) e arranjou uma desculpa esfarrapada para sair apressadamente. Fui ter com os meus amigos e disse-lhes que tinha que reavaliar as minhas metodologias de engate. Um deles pediu para cheirar os meus dedos “investigadores”…
Já fui um entusiasmado fã de Jack Black e sempre pensei que o estilo dele fosse uma fonte interminável de gargalhadas e boa disposição. Mas na realidade Jack Black é um dos actores mais unidimensionais do planeta. A unidimensionalidade é uma unidade atómica, significa que não se pode dividir, mas arrisco cometer o erro científico ao dizer que Michael Cera é um actor ainda mais unidimensional que o gordito supracitado. E quando se junta tanta unidimensionalidade (uff!) com um guião bafiento e sem um único ponto de interesse, estamos perante um filme tão engraçado como uma epidemia de lepra num hospital pediátrico.
Um homem que declama lamúrias teatrais com os olhos postos no vazio. Uma mulher que gesticula dramaticamente num misto de epilepsia com ímpeto de cólera, mas muito lentamente. A arte do anacronismo como choque social. No freakshow que é o cinema português eis Manoel de Oliveira, a nossa mulher barbuda.
Todos nós, fans de ficção científica, já ficamos acordados a pensar no tema que serve de fio condutor neste filme, o sexo com uma gaja boa. Mas por vezes também pensávamos em teleportação, nos seus prós e contras, nos malefícios, na maneira em que poderia afectar o contínuo espaço-temporal, como poderíamos comer gajas à conta disso ou simplesmente ver a vizinha a sair do banho depois de uma sessão de depilação total. Mas em nada estas reflexões coincidem com este ejaculação precoce que vem catalogado como “filme”. A teleportação deve ser tratada com respeito e não do ponto de vista de quem viu um episódio do Heroes enquanto fumava um gordo charro e pensou “Caralhos me fodam se isto não dava um bom filme!…”.
O Evil Clown é uma instituição na indústria do entretenimento multimédia. Cinema, televisão e videojogos usam o Evil Clown em momentos chave, como uma metáfora de que toda a esperança está perdida. Quando o símbolo máximo da felicidade infantil falha, o que existe mais? A mais funesta escuridão e o horror das trevas. Pelo menos foi isto que aprendi na escola primária, quando os conteúdos eram muito mais completos. Evil Clown não tem tradução feliz para português. Nada que faça juz à sua maldade. Palhaço mau? Maléfico? Maligno? Seja qual for a expressão em português, soa sempre larilas. Comecemos, como manda o protocolo, pelo fim…
Aqueles que, como eu, são fãs de Ficção Científica desde a infância há algum tempo que andavam a simular orgasmos na área do Sci-Fi. De vez em quando aparece um filme que podia ser fantástico, excepto um ou outro ponto que apesar de minúsculo acaba por ser omnipresente e o filme afinal não é grande coisa. Mas esse jejum prolongado foi agora quebrado com Distric 9, o sonho molhado de qualquer fanboy de sci-fi. É como perder a virgindade outra vez…
O “Rape & Revenge movie” é um género que já foi grande, mas estando dentro âmbito do exploitation movie não é politicamente correcto nestes tempos de fachada polida e lavadinha em que vivemos. O esquema é sempre o mesmo: alguém com quem criamos empatia é barbaramente espancado e a sua regueifa é profanada por um mal intencionado falo. Quem diz um diz dois ou quinze. Às vezes em simultâneo. Essa pessoa fica à beira da morte e passados uns tempos regressa para reclamar o seu quinhão de sofrimento alheio, sempre lento e doloroso. É obrigatória a existência de ironias do destino.
Esta foto foi tirada 3 meses antes de Maitê Proença ter escrito uma crónica sobre Kashyyyk em que se referiu aos seus habitantes como sendo “bisontes primitivos e analfabetos” e ridicularizando o orgão sexual masculino Wookie como sendo “um saca rolhas salgado“. De realçar que Maitê recebeu o prémio “Vache extraordinaire de La Fontaine” por obras de caridade efectuadas no combate à extinção dos Banthas almiscarados da pradaria.
Nos idos anos 97/98 havia uma série na RTP que pode ser considerada hoje a mãe de todas as séries juvenis. Duplamente mãe, uma vez que foi a primeira a inserir altas doses de melodrama e cada um dos episódios dava para fazer uma novela de 12o capítulos pelos standards actuais. Foi esta série que inventou a adolescente toxicodependente grávida seropositiva lésbica suicida sem-abrigo que está à beira de um aborto porque foi espancada pelo namorado nazi alcoólico em público, no hall de entrada da escola. E isto tudo antes do intervalo.
Foi este engenhoso ardil que os produtores de [REC]2 arranjaram para fazer o marketing do filme. Ainda não vi, e se calhar nem irei ver. Duvido muito que tenha 20% da originalidade e encanto do original. Mas o cartaz é adorável.
Depois de uma eternidade a realizar blockbusters e a mamar dólares às massas, Sam Raimi regressa ao género que o fez chegar ao estrelado e onde o seu regresso era clamado. Esqueçam os Homens-Aranhas e concentrem-se em Evil Deads e Simple Plan. Sam Raimi é verdadeiramente o maior desta aldeia, com um estilo dinâmico único e um impressionante olho para o detalhe. Saudemos irmãos o regresso do Rei!
Recent Comments