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Captain America: The First Avenger (2011)

captamerica

As adaptações de comics da Marvel pela linhas de montagem de Hollywood dos últimos anos têm em comum um factor, um parâmetro de avaliação, um indicador de qualidade conhecido internacionalmente como “Merda”. É o coeficiente de horribilidade presente numa produção, que pode ser maior ou menor, mas quando presente em valor positivo não costuma augurar grande sucesso à demanda de passar um noite agradável. E lá está, Captain America não é diferente. Fora das pranchas dos comics e das fronteiras patriotas dos Estados Unidos, o resultado da missão deste jovem capitão é o amargo sabor da derrota e do falhanço total.

Comecemos pelos vilões, os Nazis. Ora este movimento político / militar / ideológico, independentemente do aspecto nefasto potencialmente destrutivo para a humanidade, é de um colorido mitológico que os faz quase sempre o perfeito vilão.  Envolvidos num eterno mistério religioso / científico, qualquer coisa pode ser imaginada a partir da sua funesta obra, seja ela real ou imaginária. Aqui em Captain America algo correu mal com o nazismo, uma vez que apesar da sua omnipresença parece estar sempre ausente. A Hidra, o braço das ciências avançadas do regime, parece mais papista que o papa e nem uma alusão  ao Reich e ao Fuhrer, como um tabu, um ignorar o elefante no centro da sala. E como salientou um facebook friend “Nazis sem suásticas???”. Só me resta acrescentar um sonoro WTF, ou em português, “Que Caralho Este!”

Captain America começa com o maior cliché da história dos blockbusters, a cena em que uns arqueólogos encontram algo verdadeiramente mastodontico e de tal importância que poderá alterar a História da Humanidade tal como a conhecemos. Outra vez! E então a história tipicamente “origins” da introdução de um novo super-herói. E até que é relativamente verosímil na primeira metade. Um herói criado artificialmente, promovido pelas obscuras forças do marketing e usado para sacar dinheiro a incautos papalvos que ali veem a magnificência do poderio americano. É quando o jovem capitão diz “Que se foda isto tudo, vou mas é matar, mataaaaaaaaaaaar, fazer acrobacias sobre-humanas e resolver tramas da maneira mais complicada possível sem usar o cérebro umas vez que possuo a força de setenta cavalos.”

Deste ponto em frente é o fogo de artifício improvável de sempre, o final que poderia muito bem ser apocalíptico não fosse o herói estar por perto, o embate como o vilão (o “boss” do último nível), salvar o dia e ser aclamado como herói no meio de um bukkake de confetti.  Piscadela de olho à continuação e estamos falados.

O vazio narrativo, a falta de ideias verdadeiramente desafiantes e a horrível tendência de fazer filmes inócuos e inofensivos para que possam ser vistos por todos os públicos ainda faz pior. Os conceitos poderiam ser explorados, mais densidade emocional, mais identificação com os personagens, mais crueldade, mais sangue, mais sujo, mais injusto, mais realista. Parece que foi lavado a lixívia para o tornar mais “branquinho” mais politicamente correcto. E o politicamente correcto fica sempre bem num primeiro encontro mas em cinema de acção que envolve batalhas da segunda guerra mundial falha miseravelmente.

É afinal aquilo que todos sabemos antes de entrar na sala. Vale a pena pagar 6 euros por cabeça para ser desiludido e ter nossa inteligência insultada? Não, claro que não. Aliás, já tinha desistido de ver adaptações da Marvel a pagar bilhete, mas em grupo temos que ser uns para os outros.

Posto isto, o Capitão América que vá levar no cu com os seu gang de paneleirinhos e deixem as nossas salas em paz para conteúdos menos ofensivos.

5 Comments

  1. João Carvalhinho

    mas, e gostaste? 😉

  2. dermot

    :'(
    Era o meu herói favorito de infância

  3. jotó

    Mas, tendo em conta a BD está alguma coisa de jeito? 😛 E a banda sonora bate nos pontos certos ou só se aproveita o trailer? lol

  4. pedro

    Confesso que nunca tinha visto o trailer do filme antes de ver o filme propriamente dito e só agora percebi a pergunta do Jotó. De facto o trailer cria uma envolvência brutalíssima com a música dos Tool (“Forty Six & 2?) mas a música não aparece no filme. Só orquestras patrióticas e o mesmo de sempre.

  5. A Lenda

    Nunca fui muito fã do Capitão América (ao contrário do Super-Homem que até acho piada já que estamos a falar de gajos direitinhos) mas até estava curioso com o filme. É verdade, estes filmes da Marvel têm saído uma boa bosta, mesmo o primeiro Iron Man que tinha críticas tão boas e eu nunca percebi porquê, achei-o fraquinho. A excepção será o Punisher War Zone que me fez rir muito e captou bem o espírito do Castle. A minha maior mágoa será talvez a adaptação do Daredevil (historicamente o meu personagem preferido, Frank Miller e tal (antes do Frank ter virado um borrado de ultra direita e paranoico com o terrorismo e tal) ter sido tão má tão má tão má que eu ainda hoje tenho dificuldades em levar com o Ben Affleck ( e o gajo é bom realizador, mesmo com o final fraco do último filme). Ah, gostei do Hulk do Ang Lee e estou curioso para ver o Thor do Kenneth Brannagh ( o Hamlet dele é para mim o melhor de sempre, qual Lawrence Olivier qual quê).

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